Tema do primeiro encontro da Semana da Família em 2017.
A Igreja
Quais são as dimensões fundamentais da Igreja? Ou, ainda, qual é o seu perfil e a sua natureza? Para responder a essas perguntas, o filósofo e teólogo suíço Hans Urs von Balthazar (1905-1988) estudou a vida das primeiras comunidades cristãs e nelas identificou quatro princípios que constituem a estrutura fundamental da Igreja: petrino, paulino, joanino e jacobita. Von Balthazar concluiu que a Igreja tem ainda um outro princípio, que abraça esses quatro: o princípio mariano. Segundo ele, este diz respeito à dimensão da Igreja que continua e faz ressoar o “Sim” de Maria, por ocasião da Anunciação: Eis a serva do Senhor!
![]() |
Foto de: Arquivo PessoalDom Murilo Krieger, sjc, é Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil e Vice-Presidente da CNBB |
O princípio petrino é o mais conhecido; lembra a figura de Pedro. Referir-se a Pedro é direcionar o pensamento para a proclamação do “querigma” – isto é, o anúncio das verdades fundamentais da fé, como ele fez em Pentecostes (cf. At 2,14-36). Pedro nos lembra também o papel da autoridade e da hierarquia na vida da Igreja, e sua necessidade para o bem de todos.
O paulino faz referência ao ardor missionário do apóstolo Paulo. Chamado por Cristo para pregar a Boa Nova aos pagãos, ele foi um evangelizador incansável. Sentindo-se profundamente amado pelo Senhor, Paulo proclamou: Ele me amou e se entregou a Deus por mim! (Gl 2,20). Como resposta a esse amor, o apóstolo percorreu países e fundou comunidades, enfrentou adversidades e foi preso. Esse apóstolo chama nossa atenção para a riqueza dos carismas na Igreja.
O princípio joanino refere-se a João, o discípulo predileto de Jesus, o evangelista que nos transmitiu o mandamento novo do Senhor: Amai-vos como eu vos amei! (Jo 15,12). Presente no Calvário e testemunha da crucifixão, João entendeu o que significa amar “como” Jesus ama. Tendo concluído que Deus é amor (1Jo 4,16), esse apóstolo tornou-se modelo dos que valorizam a vida consagrada.
O jacobita refere-se ao apóstolo Tiago, que buscou a reconciliação entre os cristãos, os judeus e os pagãos (cf. At 15,13-21). Esse princípio representa a continuidade entre a Antiga e a Nova Aliança.
Cada um desses princípios permanece na Igreja.
O princípio mariano
O princípio mariano, por sua vez, direciona o nosso olhar para a Igreja da qual Maria é Mãe. Foi ela quem gerou aquele que é a Cabeça da Igreja; é ela quem une e articula os outros princípios; nela, os quatro princípios anteriores encontram a unidade.
Se cada um dos quatro primeiros princípios fosse absoluto ou abafasse os outros, seria uma perda para a Igreja. Dominando o elemento jacobita, baseado na importância da lei, acabaríamos nos tornando fundamentalistas, apegando-nos a determinada época da Igreja. Se o mesmo acontecesse com a dimensão petrina, a Igreja passaria a ser vista como uma mera organização. Caso prevalecesse o princípio paulino, seria considerado importante aquele que tivesse recebido carismas especiais. O domínio do princípio joanino faria com que valorizássemos a busca do amor como experiência mais importante.
Existe uma tensão permanente na vida da Igreja, pois esses quatro princípios precisam coexistir sem que um prevaleça sobre o outro. A missão de Maria é justamente ser o elo entre eles, garantindo-lhes permanente coexistência. É em torno de Maria que se articulam e se unem os diversos princípios da vida da Igreja, pois ela destaca a importância de cada um deles, na sua estrutura fundamental.
Aprender de Maria
Se o princípio mariano é aquele que une os demais, o que podemos aprender com Maria? Cada momento de sua vida nos dá uma lição: (1º momento) A Anunciação nos mostra o quanto a sua vida estava centrada no SENHOR: Eis aqui a serva do Senhor (Lc 1,38); (2º) Sua gravidez nos testemunha o quanto ela era disponível à vontade de Deus: Faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1,38); (3º) A visita a Isabel e o canto do Magnificat destacam sua prontidão diante dos sinais de Deus: ela foi às pressas às montanhas; (4º) O nascimento de Jesus revela sua capacidade de repartir o dom recebido: deu seu Filho aos pastores e aos magos; (5º) A apresentação de Jesus no Templo faz sobressair a fidelidade de Maria às determinações da Palavra do Senhor; (6º) Na fuga para o Egito ela nos ensina o papel do sofrimento na obra da Salvação; (7º) O reencontro de Jesus no Templo prova o senso de responsabilidade de Maria: Teu pai e eu te procurávamos, ansiosos! (Lc 3,48); (8º) As bodas de Caná destacam sua atenção ao outro; (9º) A participação de Maria na vida de Jesus nos ensina seu amor pelo Reino; (10º) A bênção que Maria recebeu por estar entre aqueles que “ouvem a palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11,28) nos recorda as bênçãos que o Senhor quer nos dar; (11º) A presença de Maria aos pés da cruz, onde esteve de pé, é um lembrete sobre a necessidade de completarmos em nossa carne o que falta à paixão de Cristo; (12º) A oração de Maria no Cenáculo, na novena de Pentecostes, faz sobressair sua abertura ao novo.
A espiritualidade das espiritualidades
Entende-se por espiritualidade uma vida conduzida pelo Espírito Santo. Para Von Balthasar, a espiritualidade das espiritualidades é a mariana. Cada cristão é chamado a “viver Maria”– isto é, a deixar Cristo transparecer em sua vida, a ponto de poder afirmar: Eu vivo, mas já não sou eu que vivo: é Cristo que vive em mim (Gl 2,20). Como a espiritualidade mariana consiste em deixar que Cristo se forme em nós, por obra do Espírito Santo, fica a pergunta: Poderia haver, na vida da Igreja, uma espiritualidade mais bela e importante?
Dom Murilo S.R. Krieger, scj, é Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil e Vice-Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Perfil Mariano na IgrejaJesus funda a Igreja sobre três pilares: 2. Os Sacramentos, realizam em nós a unidade com Cristo Jesus; 3. O Ministério: Jesus nos guia com seus carismas. Esses pilares constituem a rocha, o PRINCIPIO PETRINO. A Igreja se realiza plenamente somente se encontra em nós uma acolhida e uma resposta: este é o PRINCIPIO MARIANO. Sem o “sim” de Maria não haveria Igreja. Em que consiste a acolhida e a resposta de Maria?1) O seu “FIAT” na Anunciação: 2) O seu “Fiat” aos pés da cruz: Não basta abrir-se ao agir de Deus, precisa abrir-se também aos outros. Tendo Maria como modelo, fazer nascer a Igreja no amor recíproco, isto é dar a vida para os outros, suscitar a experiência de Deus nos outros. A Igreja é Cristo existente como comunidade: Maria teve que perder Jesus para reencontrá-lo como comunidade. Maria e João, debaixo da cruz, formam a primeira célula da Igreja. ETAPAS DO PERFIL MARIANO:O CAMINHO DE MARIACada um de nós tem seu caminho pessoal com Deus, mas tem a “Via Mariae”!
|
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
Filed under: 5584, A Respeito do Bispo da Diocese de Anápolis., Agenda, Amor de Deus, Anápolis, Apresentação, Apresentação, Arrancando Máscaras, Associação cultura Montfort, Canção Nova, Concílio Vaticano II, Contra o Aborto, Cristo, Deus, Diocese de Anápolis, Fidelidade à Liturgia de Sempre?, Fora da Igreja não há Salvação, Igreja Católica, Igreja Missionária, Jesus, Maria, Maria Santíssima, Novena, Orações Católicas, Palavra do Papa, Presente prá você, Presentepravoce, Rezar, Semana da família, Tradição Católica | Tagged: 2017, Advento, Anunciação, Anunciacion, Ave Maria, Católico, Fátima, Fundo de tela, Igreja Católica, Imagens, Maria, Maria Mãe de Jesus, Maria Santíssima, Mãe da Igreja, Mãe de Deus, Mãe de jesus, Musica, Nossa Senhora, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora Guadalupe, Padroeira., Papel de Parede, Perfil Mariano, santa, Santa Maria, Santidade, Serva do Senhor, Show, Tempo do Advento, Virgem Maria, Wallpapers | 3 Comments »