E o Pastor decidiu ir à Missa.


O banquete do Cordeiro [tweetmeme]


"Testemunho de um Pastor Evangélico que se converteu ao Catolicismo."


(São Mateus 22,4)



Scott Hahn

Ali estava eu, incógnito, um ministro protestante à paisana, esgueirando-me nos fundos de uma capela em Milwaukee para participar pela primeira vez da missa. A curiosidade me arrastara até lá e eu ainda não tinha certeza de que fosse uma curiosidade saudável. Ao estudar os escritos dos primeiros cristãos, encontrei inúmeras referências à “liturgia”, à “Eucaristia”, ao “sacrifício”. Para aqueles primeiros cristãos, separada do acontecimento que os católicos de hoje denominam “missa”, a Bíblia – o livro que eu mais amava – era incompreensível.

Eu queria entender os cristãos primeiros, mas não tinha nenhuma experiência de liturgia. Por isso, persuadi a mim mesmo a ir ver, como uma espécie de exercício acadêmico, mas jurando o tempo todo que não ia me ajoelhar nem participar de idolatria.

Sentei-me na obscuridade, em um banco bem no fundo daquela capela no subsolo. À minha frente havia um número considerável de fiéis, homens e mulheres de todas as idades. Impressionaram-me suas reflexões e sua evidente concentração na oração. Então um sino soou e todos se levantaram quando o padre surgiu de uma porta ao lado do altar. Hesitante, permaneci sentado. Durante anos, como calvinista evangélico, fui instruído para acreditar que a missa era o maior sacrilégio que alguém poderia cometer. Tinha aprendido que a missa era um ritual com o propósito de “sacrificar Jesus Cristo outra vez”. Por isso, eu seria um espectador, ficaria sentado, com a Bíblia aberta ao meu lado.

Entretanto, è medida que a missa prosseguia, alguma coisa me tocou. A Bíblia não estava só ao meu lado. Estava diante de mim – nas palavras da missa! Um versículo era de Isaías, outro dos Salmos, outro de Paulo. A experiência era prodigiosa. Eu queria interromper tudo e gritar: “Ei! Posso explicar o que está acontecendo a partir das Escrituras? Isso é maravilhoso!” Não obstante, mantive minha posição de espectador à parte até que ouvi o sacerdote pronunciar as palavras da consagração: “Isto é o meu corpo… Este é o cálice do meu sangue”.

Eu senti todas as minhas dúvidas se esvaírem. Quando vi o sacerdote elevar aquela hóstia branca, percebi que uma prece subiu de meu coração em um sussurro: “Meu Senhor e meu Deus. Sois realmente vós!”

A partir daquele ponto, fiquei, por assim dizer, tolhido. Não imaginava uma emoção maior que a que aquelas palavras provocaram em mim. Porém a experiência intensificou-se um momento depois, quando ouvi a congregação repetir: “Cordeiro de Deus… Cordeiro de Deus… Cordeiro de Deus”, e o sacerdote responder: “Eis o Cordeiro de Deus…”, enquanto elevava a hóstia.

Em menos de um minuto a frase “Cordeiro de Deus” ressoou quatro vezes. Graças a longos anos de estudos bíblicos, percebi imediatamente onde eu estava. Estava no livro do Apocalipse, no qual Jesus é chamado Cordeiro nada menos que vinte e oito vezes em vinte e dois capítulos. Estava na festa de núpcias que João descreve no final do último livro da Bíblia. Estava diante do trono do céu, onde Jesus é saudado para sempre como o Cordeiro. Entretanto, não estava preparado para isso – eu estava na missa!

Voltei à missa no dia seguinte e no outro dia e no outro. Cada vez que voltava, eu “descobria” mais passagens das Escrituras consumadas diante dos meus olhos. Contudo, naquela capela escura, nenhum livro me era tão visível quanto o da revelação de Jesus Cristo, o Apocalipse, que descreve a adoração dos anjos e santos do céu. Como nesse livro, vi, naquela capela, sacerdotes paramentados, um altar, uma assembléia que entoava: “santo, santo, santo”. Vi a fumaça de incenso, ouvi a invocação de anjos e santos; eu mesmo entoava os aleluias, pois me sentia cada vez mais atraído a essa adoração. Continuei a me sentar no último banco com minha Bíblia e mal sabia para onde me voltar – para a ação no Apocalipse ou para a ação no altar, que pareciam cada vez mais ser exatamente a mesma.


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Mergulhei com vigor renovado em meu estudo do cristianismo antigo e descobri que os primeiros bispos, os Padres da Igreja, tinham feito a mesma “descoberta” que eu fazia a cada manhã. Eles consideravam o livro do Apocalipse a chave da liturgia e a liturgia a chave do livro do Apocalipse. Alguma coisa intensa aconteceu com o estudioso e crente que eu era. O livro da Bíblia que eu achava mais desconcertante – o do Apocalipse – agora elucidava as idéias mais fundamentais de minha fé: a idéia da aliança como elo sagrado da família de Deus. Além disso, a ação que eu considerava a maior das blasfêmias – a missa – agora se revelava o acontecimento que ratificou a aliança de Deus: “Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança”.

Eu estava aturdido com a novidade de tudo aquilo. Durante anos tentei compreender o livro do Apocalipse como uma espécie de mensagem codificada a respeito do fim do mundo, a respeito do culto no céu distante, a respeito de algo que, em sua maioria, os cristãos não poderiam experimentar aqui na terra. Agora, depois de duas semanas de comparecimento diário à missa, eu me via querendo levantar durante a liturgia e dizer: “Ei, pessoal. Quero lhes mostrar onde vocês estão no livro do Apocalipse! Consultem o capítulo 4, versículo 8. Agora mesmo vocês estão no céu”. 

No céu agora mesmo! Os Padres da Igreja mostraram que essa descoberta não era minha. Pregaram a respeito há mais de mil anos. Entretanto, eu estava convencido de que merecia o crédito pela redescoberta da relação entre a missa e o livro do Apocalipse. Então descobri que o Concílio Vaticano II tinha me passado para trás. Reflita nestas palavras da Constituição sobre a Sagrada Liturgia:

Na liturgia terrena, antegozando, participamos da liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalém, para a qual, peregrinos, nos encaminhamos. Lá, Cristo está sentado à direita de Deus, ministro do santuário e do tabernáculo verdadeiro; com toda a milícia do exército celestial entoamos um hino de glória ao Senhor e, venerando a memória dos Santos, esperamos fazer parte da sociedade deles; suspiramos pelo Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, até que ele, nossa vida, se manifeste, e nós apareçamos com ele na glória. 

Espere um pouco. Isso é céu. Não, isso é a missa. Não, é o livro do Apocalipse. Espere um pouco: isso é tudo o que está acima. 

Esforcei-me bastante para ir devagar, cautelosamente, com o cuidado de evitar os perigos aos quais os convertidos são suscetíveis, pois eu estava depressa me convertendo à fé católica. Contudo, essa descoberta não era produto de uma imaginação superexcitada; era o ensinamento solene de um concílio da Igreja Católica. Com o tempo, descobri que era também a conclusão inevitável dos estudiosos protestantes mais rigorosos e honestos. Um deles, Leonard Thompson, escreveu que “até mesmo uma leitura superficial do livro do Apocalipse mostra a presença da linguagem litúrgica disposta em forma de culto… A linguagem de culto desempenha importante papel na coerência do livro”. Bastam as imagens da liturgia para tornar esse extraordinário livro compreensível. As figuras litúrgicas são essenciais para sua mensagem, escreve Thompson, e revelam “algo mais que visões de ‘coisas que estão por vir’”. 

O livro do Apocalipse tratava de Alguém que estava por vir. Tratava de Jesus Cristo e sua “segunda vinda”, a forma como, em geral, os cristãos traduziram a palavra grega parousia. Depois de passar horas e horas naquela capela de Milwaukee, em 1985, aprendi que aquele Alguém era o mesmo Jesus Cristo que o sacerdote católico erguia na hóstia. Se os cristãos primitivos estavam certos, eu sabia que, naquele exato momento, o céu tocava a terra. “Meu Senhor e meu Deus. Sois realmente vós!”. 



Scott Hahn

O Banquete do Cordeiro

A missa segundo um convertido

Pgs 21-25. São Paulo: Edições Loyola, 2002.

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Artigos neste Blog



Jesus é Misericordioso


Celebrando o Natal – 2015



Fernanda Brum canta o Magnicat de Maria em seu lançamento Celebrando o Natal.   Usando as palavras de Padre Joãozinho […] Faz tempo que a grande maioria dos evangélicos mantém um estranho pudor para falar sobre Maria. É estranho porque sendo “evangélicos” deveriam cantar todo o Evangelho. […], Padre Joãozinho tem razão em suas palavras e evidentemente podemos notar que apesar de algumas acusações sem fundamento a nós Católicos, a pessoa de Maria e seu mérito perante Deus não teria nada a ver com o nosso pressuposto pecado, portanto deixar de proclamar partes do evangelho só porque esta parte se refere a uma pessoa muito amada por nós Católicos não faria sentido já que esta pessoa foi escolhida por Deus para ser a Mãe de Jesus e não por nós meras criaturas humanas.

Quero parabenizar Fernanda Brum por seu lançamento e espero que não seja mal compreendida por seus irmãos evangélicos e nem por nós Católicos, vejo nesta atitude uma forte motivação Divina em busca da união dos filhos de Deus e espero que seu Cd seja muito abençoado.


Ouça a canção:


FERNANDA BRUM – MARIA


Gostaria de transcrever aqui uma observação da pessoa que postou o clip no Youtube que foi retirado, este que aí esta é um outro clip com a mesma música sem o comentário abaixo:

[…]QUERO DEIXAR CLARO QUE MARIA FOI A MULHER MAIS DIGNA QUE DEUS ENCONTROU NA TERRA PARA GERAR JESUS EM SEU VENTRE, E ELA COM ESMERO CUMPRIU SEU PAPEL, PORÉM O FATO DE ADORAR A MESMA, NÃO É O CORRETO,…[…]

Copiei este texto para esclarecer mais uma vez e deichar nosso amigo tranquilo com sua conciência, porque nós Católicos jamais adoramos Maria.

Quando homenageamos nossa mãe terrena ou quando homenageamos nossa mãe no céu que é Maria, simplesmente manifestamos nosso reconhecimento por tudo que ela foi capaz de fazer por amor a nós e a seu Filho Jesus nosso Salvador.

Estas homenagens e festividades jamais foram consideradas culto de adoração por nós e jamais foram executadas com este objetivo.

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Outras Fotos

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Quem tem Boca Vai a Roma !

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Por Amor aos Católicos Romanos.

Esclarecimento

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na Internet !

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É um direito seu

saber a verdade !

SOBRE…

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Por Amor aos Católicos Romanos.

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Este Livro é uma tradução de uma obra Americana e por ser altamente dissimulado esta sendo distribuído gratuitamente em vários sites evangélicos no Brasil, de forma que muitos Católicos desavisados acabam encontrando o tema acima descrito e pensando ser algo em nosso favor acabam lendo textos que ensinam uma doutrina anti-Católica gerando dúvidas em seus corações.

A Princípio eu não condenaria a obra de um ex. Católico, que abandonou a Igreja verdadeira, não se sabe por que motivo real, mas eu indicaria ler antes estes dois textos no Veritatis Splendor,[1]-[2], se preparando para esta aventura incerta.

Indicaria também estes mesmos textos para os evangélicos que desconhecem toda a verdade “Que nunca lhes foi contada ou ensinada” e até mesmo escondida por seus mestres, exortaria nossos amigos a lerem e estudarem mais profundamente a Doutrina Católica, diria até mesmo para voltarem aos velhos ensinamentos de Martinho Lutero que foram totalmente abandonados pela grande maioria dos evangélicos de hoje.

Fico surpreso, quando pastores evangélicos ao descobrirem a verdade através de estudos mais profundos e sinceros da Doutrina Católica, discordam da maneira de ensinar meias-verdades, escondendo a verdade plena de seus alunos da escola dominical, ao tentarem mudar esta realidade são praticamente afastados de suas funções por discordarem da doutrina predominante.

Ao retornarem para nossa Igreja , testemunham que não tinham conhecimento de que suas Igrejas só começaram a existir a partir do século XVI e que muitas de suas doutrinas hoje ensinadas e defendidas só surgiram muito tempo depois de Lutero, mostrando claramente que é uma doutrina maleável que vai se modificando com o passar dos anos a bel prazer de alguns homens que resolvem escrever uma história particular desprezando a história que foi preservada por mais de hum mil e quatrocentos anos pela Igreja católica.

Muitos doaram suas vidas para manterem inalterados os textos Sagrados que foram escritos e copiados por homens Santos e fiéis ao evangelho de Jesus  até que Martinho Lutero se afastou da Igreja Verdadeira levando-as consigo, ele mesmo sendo fiel ao seu Catolicismo não adicionou nenhum livro à Bíblia além daqueles que já eram aceitos pelo Magistério da Igreja na época, sabemos que não foi por Lutero, mas por uma grata coincidência do destino que Gutemberg, outro Alemão, inventou a impressão e tornou-se possível imprimir a palavra de Deus em larga escala e proporcionando o grande crescimento da Igreja logo a seguir.

Da mesma forma indicaria também vários livros de ex. Pastores evangélicos Americanos [3] que retornaram a Igreja  Mãe e não ficam perdendo tempo atacando seus ex-companheiros de ministério, mas escrevem livros direcionados aos próprios Católicos Romanos testemunhando-lhes que realmente estão seguindo o Magistério correto [4] e  como seus ex-companheiros ensinam a ensinarem meias verdades escondendo “ou esquecendo-se” de evidênciar muitas  verdades que não lhes interessa, mas são fundamentais para a nossa Fé .

A Tv Século XXI [5] está realmente atuando muito nesta divulgação, mostrando que muitos Pastores evangélicos estão sendo convertidos nos dias de hoje por manifestações de Maria Santíssima em suas vidas ou por um contato mais profundo com a Santa Eucaristia “O Verdadeiro Corpo de Cristo -Lanciano”

Podemos dizer então que; se alguns se convertem, muitos outros mais preferem resistir a estas verdades e desprezam suas experiências “Com Deus”, preferindo atacar a verdade a se entregar a Ela  incondicionalmente.

Mas enfim qual seria a verdade ?

A Palavra de Deus é a Verdade “A Bíblia” e foi guardada e preservada juntamente com a verdadeira Tradição, durante séculos para que um dia chegasse em suas mãos  totalmente original, já que no passado não existiam cópias o suficiente para todos aqueles que se converteram apenas ouvindo esta palavra viva, mesmo assim a amaram de todo coração chegando a morrer por ela.

Hoje ela está disponível em quase todas as línguas e de todas as formas, podendo ser conhecida mesmo que não haja quem lhes ensine, contamos porém, com o Espírito Santo enviado por Deus para nos relembrar e ensinar todas as verdades de Jesus.   Foi o Magistério da Igreja quem primeiro recebeu esta graça  e foi inspirado e conduzido por este mesmo Espírito Santo durante todos estes  dois mil anos de história, guardaram  e preservaram a verdadeira Tradição, sim é nele, que devemos buscar realmente a compreensão plena de todas estas verdades.

Sizenando.

[1] – http://www.veritatis.com.br/article/468

[2] – http://www.veritatis.com.br/article/5549/refutacao-do-livro-por-amor-aos-catolicos-romanos-salvacao-através-da-igreja

[3] – TODOS OS CAMINHOS VÃO DAR A ROMA de

Scott Hahnhttp://www.livapolo.pt/index.php?action=artigo_detalhes&artigo_id=64416

[4]- Testemunhos de ex. Protestantes:

http://www.veritatis.com.br/search/?cx=007302944638818840056%3At4lcrgqqeuc&cof=FORID%3A11&ie=utf-8&q=ex+protestante&sa=Buscar#989

[5] – Tv Século XXI – Diácono Francisco de Anápolis – Go

e Vários outros

http://www.diskshop.com.br/Templates/DiskShop/conteudo.aspx?Modulo=ProdutoDetalhes&ID=679

Reformadores.

Genebra – Suiça – parede dos Reformadores.

Maria Mãe de Deus.

(Martinho Lutero, ”Comentário do Magnificat”, cf. escritora evangélica M. Basilea Schlink, revista ”Jesus vive e é o Senhor”).

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Mãe de Deus

”Quem são todas as mulheres, servos, senhores, príncipes, reis, monarcas da Terra comparados com a Virgem Maria que, nascida de descendência real (descendente do rei Davi) é, além disso, Mãe de Deus, a mulher mais sublime da Terra? Ela é, na cristandade inteira, o mais nobre tesouro depois de Cristo, a quem nunca poderemos exaltar bastante (nunca poderemos exaltar o suficiente), a mais nobre imperatriz e rainha, exaltada e bendita acima de toda a nobreza, com sabedoria e santidade.” Martinho Lutero”Por justiça teria sido necessário encomendar-lhe [para Maria] um carro de ouro e conduzi-la com quatro mil cavalos, tocando a trombeta diante da carruagem, anunciando: ‘Aqui viaja a mulher bendita entre todas as mulheres, a soberana de todo o gênero humano’. Mas tudo isso foi silenciado; a pobre jovenzinha segue a pé, por um caminho tão longo e, apesar disso, é de fato a Mãe de Deus. Por isso não nos deveríamos admirar, se todos os montes tivessem pulado e dançado de alegria.” (Martinho Lutero – Comentário do Magníficat).

(Martinho Lutero, ”Comentário do Magnificat”, cf. escritora evangélica M. Basilea Schlink, revista ”Jesus vive e é o Senhor”).

Veja muitos detalhes sobre este assunto “Link aqui na Virgem

La Virgen Maria en las religiones no católicas.

La Virgen Maria.

Elbson do Carmo

Lendo as palavras acima, ditas por Martinho Lutero, o “reformador” protestante. Ficamos a nos perguntar quais as razões do tratamento dispensado pelo mesmo protestantismo a Nossa Senhora, Mãe de Deus. Haja vista, Lutero baniu a Igreja de sua confissão, mas não fez o mesmo com Maria, da qual se refere de forma devotada e amorosa em diversos de seus escritos:

”Por justiça teria sido necessário encomendar-lhe [para Maria] um carro de ouro e conduzi-la com quatro mil cavalos, tocando a trombeta diante da carruagem, anunciando: ‘Aqui viaja a mulher bendita entre todas as mulheres, a soberana de todo o gênero humano’. Mas tudo isso foi silenciado; a pobre jovenzinha segue a pé, por um caminho tão longo e, apesar disso, é de fato a Mãe de Deus. Por isso não nos deveríamos admirar, se todos os montes tivessem pulado e dançado de alegria.” (Martinho Lutero – Comentário do Magníficat).

O sentimento antimariano que presenciamos entre os protestantes não faz parte do verdadeiro ideal da Reforma, mas surgiu pelo falso receio de que o ”brilho” de Maria pudesse sombrear ou apagar a verdadeira Luz, que é Jesus Cristo. Graças a Deus, hoje podemos enxergar mudanças em alguns fiéis e teólogos evangélicos, reconhecendo o verdadeiro sentido e valor da Santa Mãe de Deus, tal como defende a Igreja Católica. Mas essa mudança ainda custa a se fazer sentir no nosso dia-a-dia.

O presente e-book (livro eletrônico), versa justamente sobre as contestações suscitadas a respeito da figura de Maria na história e na Vida da Igreja universal. Contestações que muitas vezes beiram o absurdo quando notamos um comportamento notadamente antimariano, onde se chega a “demonizar” a própria Mãe de Jesus, nosso Salvador. Outrossim, tais contestações são apresentadas de forma aparentemente fundamentada, com diversas citações bíblicas escolhidas convenientemente, com uma linguagem extremamente sedutora em tentar provar o contrário daquilo que o próprio Deus sacramentou como verdade. Deus não precisava de Maria, quis precisar. Não para qualquer tarefa, mas para ser a Mãe do Salvador de todos os homens, independentemente de credo desses últimos.

O autor do livro, o nosso jovem Carlão, nos conduz passo a passo, numa linguagem acessível e com uma objetividade notável, pelos caminhos desse estudar nos passos de Maria. Sua bem fundamentada resposta às proposições de um pastor protestante – autor de um livro intitulado “Caminhando nos Passos de Maria” – se vê robustecida pelo claro objetivo de elucidar ao invés de confrontar, de corrigir com caridade ao invés de desqualificar.

Receber a caridosa oferta do Carlão para que seu “pequeno grande” livro fosse veiculado através do Portal Universo Católico, foi alvissareira. Numa comunicação posterior, o mesmo me informava que aguardava a aprovação eclesiástica do livro, para que o mesmo me fosse remetido, o que despertou curiosidade. Mas de posse do material prévio para publicação, devidamente autorizada por D. Alano Maria Pena (Arcebispo de Niteroi – RJ), a emoção primeira se verteu num estado de graça, de alguém que recebia uma benção especial. Um verdadeiro presente de Jesus e Nossa Senhora. Uma grata oportunidade de levar a tantos de meus irmãos católicos e especialmente aos irmãos evangélicos, uma obra que certamente os ajudará a elucidar muitas dúvidas, ou a desfazer-se de vários preconceitos.

”Não podemos reconhecer as bênçãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus.” (João Calvino, Comm. Sur l’Harm. Evang.,20)

Por fim, fica o meu convite a sua leitura. Você poderá solicitar do autor um exemplar impresso. Mas poderá também imprimir, copiar, enviar via e-mail aos seus amigos, tudo isso citando a fonte e o contato do autor. Seja bem vindo a esse estudo nos passos de Maria.

Fontes:

http://paroquiasaofrancisco.com/Diversos/MaedeDeusporMartinhoLutero.htm

MARIOLOGIA –

Paróquia São Francisco – Natal – Rn

Curiosidade:

Genebra – Suiça – parede dos Reformadores.

https://presentepravoce.files.wordpress.com/2008/05/terco.jpg
https://presentepravoce.files.wordpress.com/2008/03/ostia-043.jpg

Mais  alguns comentários do próprio Lutero que jamais abandonou Maria até o fim de sua vida.

(Martinho Lutero – Comentário do Magníficat).

 

“Cristo era o único filho de Maria. Das entranhas de Maria, nenhuma criança além dEle. Os ‘irmãos’ significam realmente ‘primos’ aqui: a Sagrada Escritura e os judeus sempre chamaram os primos de ‘irmãos’.” (Martinho Lutero, Sermões sobre João 1-4, 1534-39)

“Cristo, nosso Salvador, foi o fruto real e natural do ventre virginal de Maria. Isto se deu sem a cooperação de um homem, permanecendo virgem depois do parto.” (Martinho Lutero, idem.)

“Deus diz: ‘o filho de Maria é meu Filho somente.’ Desta forma, Maria é a Mãe de Deus.” (Martinho Lutero, Ibidem)

“Deus não recebeu sua divindade de Maria; todavia, não segue que seja conseqüentemente errado afirmar que Deus foi carregado por Maria, que Deus é filho de Maria, e que Maria é a Mãe de Deus. Ela é a Mãe verdadeira de Deus, a portadora de Deus. Maria amamentou o próprio Deus; ele foi embalado para dormir por ela, foi alimentado por ela, etc. Para o Deus e para o Homem, uma só pessoa, um só filho, um só Jesus, e não dois Cristos. Assim como o seu filho não são dois filhos… Mesmo que tenha duas naturezas.” (Martinho Lutero, “Nos Conselhos e na Igreja”, em 1539)

“É cheia de graça, proclamada para ser inteiramente sem pecado, algo tremendamente grande. Para que fosse cheia pela graça de Deus com tudo de bom e para fazê-la vitoriosa sobre o diabo.” (Martinho Lutero, Livro Pessoal de Oração, 1522)

A veneração de Maria está inscrita no mais profundo do coração humano.” (Martinho Lutero, Sermão em 1º de setembro de 1522.)

“Maria é a mulher mais elevada e a pedra preciosa mais nobre no Cristianismo depois de Cristo… Ela é a nobreza, a sabedoria e a santidade personificadas. Nós não poderemos jamais honrá-la o bastante. Contudo, a honra e os louvores devem ser dados de tal forma que não ferem a Cristo nem às Escrituras.” (Martinho Lutero, Sermão na Festa da Visitação em 1537.)

“Nenhuma mulher é como tu! És mais que Eva ou Sara, sobretudo, pela nobreza, bem-aventurança, sabedoria e santidade!” (Martinho Lutero, Sermão na Festa da Visitação em 1537.)

“Devemos honrar Maria como ela mesma desejou e expressou no Magnificat. Louvou a Deus por suas obras. Como, então, podemos nós a exaltá-la? A honra verdadeira de Maria é a honra a Deus, louvor à graça de Deus. Maria não é nada para si mesma, mas para a causa de Cristo. Maria não deseja com isso que nós a contemplemos, mas, através dela, Deus.” (Martinho Lutero, Explicação do Magnificat, em 1521.)

Lutero vai além: dá à Bem-Aventurada Virgem Exaltada a posição de “Mãe Espiritual” para os cristãos.

“É a consolação e a bondade superabundante de Deus, o homem pode exultar por tal tesouro: Maria é sua verdadeira mãe, Jesus é seu irmão, Deus é seu Pai.” (Martinho Lutero, Sermão de Natal de 1522.)

“Maria é a Mãe de Jesus e a Mãe de todos nós, embora fosse só Cristo quem repousou no colo dela… Se ele é nosso, deveríamos estar na situação dele; lá onde ele está, nós também devemos estar e tudo aquilo que ele tem deveria ser nosso. Portanto, a mãe dele também é nossa mãe..” (Martinho Lutero, Sermão de Natal de 1529.)

Fontes:

Veja mais em, com Prof. Felipe de Aquino:

Lutero, os Reformadores e Nossa Senhora
Publicado por Tht em 13/5/2008

 

Frei Raniero Cantalamessa em “A túnica era sem costura”.

Pregação de Sexta-Feira Santa

Na Basílica de São Pedro.

2008-03-21

Frei Raniero fala sobre a verdadeira unidade dos Cristãos em torno do unico Salvador e Verdadeiro Senhor de todos aqueles que anunciam o nome de Jesus. Salomão já dizia com sua sabedoria incomesurável, “Como podemos dividir o corpo de uma criança e repartir uma parte para cada mãe…”, assim também nos diz São Paulo, como poderemos dividir um corpo? mesmo sendo muitos membros todos nós fazemos parte do único corpo de Cristo, aquele que é Pastor de um único rebanho. Leia o discurso.

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“A túnica era sem costura”

Depois de os soldados crucificarem Jesus, tomaram as suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. A túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura. Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela, para ver de quem será. Assim se cumpria a Escritura: Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sorte sobre a minha túnica (Sl 21,19). Isso fizeram os soldados” (Jo 19, 23-24).

Aqui sempre se questiona o que o evangelista João queria dizer com a importância que dá a esse detalhe da Paixão. Uma explicação, relativamente recente, é que a túnica recorda o paramento do sumo sacerdote, e que João, então, queria afirmar que Jesus morreu não apenas como rei, mas também como sacerdote.

Da túnica do sumo sacerdote não se diz, na Bíblia, que deveria ser sem costura (Cf. Ex 28, 4; Lev 16, 4). Por isso, importantes exegetas preferem se ater à explicação tradicional, segundo a qual a túnica intacta simboliza a unidade dos discípulos [1]. Esta é a interpretação que São Cipriano já dava: “O mistério da unidade da Igreja, escreve, é expresso no Evangelho quando se diz que a túnica de Cristo não foi dividida nem rasgada” [2].

Qualquer que seja a explicação que se dá ao texto, uma coisa é certa: a unidade dos discípulos é, para João, o propósito pelo qual Cristo morre: “Jesus havia de morrer pela nação, e não somente pela nação, mas também para que fossem reconduzidos à unidade os filhos de Deus dispersos” (Jo 11, 51-52). Na última ceia, ele próprio disse: “Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim. Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17, 20-21).

A feliz notícia a proclamar na Sexta-Feira Santa é que a unidade, antes que um objetivo a atingir, é um dom recebido. Que a túnica fosse tecida “de alto a baixo”, explica São Cipriano, significa que “a unidade trazida por Cristo provém do alto, do Pai celeste, e não pode, então, ser rasgada por quem a recebe, mas deve ser acolhida integralmente”.

Os soldados fizeram em quatro parte “as vestes”, ou “o manto” (ta imatia), isto é, a indumentária exterior de Jesus, não a túnica, o chiton, que era o indumento íntimo, usado em contato direto com o corpo. Um símbolo também isso. Nós, homens, podemos dividir a Igreja no seu elemento humano e visível, mas não a sua unidade profunda que se identifica com o Espírito Santo. A túnica de Cristo não foi e não poderá ser dividida. “Pode-se, acaso, dividir Cristo?”, dizia Paulo (cf. 1 Cor 1, 13). É a fé que professamos no Credo: “Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica”.

* * *

Mas se a unidade deve servir de sinal “para que o mundo creia”, essa deve ser uma unidade também visível, comunitária. É esta unidade que foi perdida e que devemos recuperar. Ela é bem mais que relações de boa vizinhança, é a própria unidade mística interior – “sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela vossa vocação a uma só esperança. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos” (Ef 4, 4-6) –, o quanto esta unidade objetiva é acolhida, visualizada e manifestada, de fato, pelos crentes.

“Senhor, é este o tempo em que ides instaurar o reino de Israel?”, questionam os apóstolos a Jesus depois da Páscoa. Hoje voltamos a fazer esta pergunta a Jesus: É este o tempo em que se instaurará a unidade visível da tua Igreja? A resposta também é a mesma de então: “Não vos pertence a vós saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou em seu poder, mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas” (At 1, 6-8).

Recordava-o o Santo Padre na homilia de 25 de janeiro passado, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, na conclusão da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos: «A unidade com Deus e com os nossos irmãos e irmãs é um dom que provém do Alto, que brota da comunhão do amor entre Pai, Filho e Espírito Santo e que nela se aumenta e se aperfeiçoa. Não está em nosso poder decidir quando ou como esta unidade se realizará plenamente. Só Deus o poderá fazer! Como São Paulo, também nós colocamos a nossa esperança e confiança “na graça de Deus que está conosco”».

Também hoje virá o Espírito Santo, se nos deixarmos guiar, para conduzir à unidade. Como fez o Espírito Santo para realizar a primeira fundamental unidade da Igreja: aquela entre judeus e pagãos? Vem sobre Cornélio e a sua casa do mesmo modo com que em Pentecostes veio aos apóstolos. Pedro tira a conclusão: “Pois, se Deus lhes deu a mesma graça que a nós, que cremos no Senhor Jesus Cristo, com que direito me oporia eu a Deus?” (At 11, 17).

Ora, de um século para cá, nós observamos repetir-se sob nossos olhos este mesmo prodígio, em escala mundial. Deus infundiu seu Espírito Santo, de modo novo e raro, sobre milhões de fiéis, aparentemente em quase todas as denominações cristãs e, a fim de que não houvesse dúvidas sobre suas intenções, o infundiu com as mesmas idênticas manifestações. Não é este um sinal de que o Espírito que impele a reconhecer o episódio como discípulos de Cristo e a tendermos juntos para a unidade?

Apenas esta unidade espiritual e carismática, é verdade, não basta. Observamos já ao início da Igreja. A unidade entre judeus e gentios é nova e já ameaçada pelo cisma. Ali houve uma “longa discussão”, no chamado concílio de Jerusalém, e, ao final, houve um acordo, anunciando para a Igreja com uma fórmula: “pareceu bem ao Espírito Santo e a nós” (At 15, 28). O Espírito Santo opera, então, também através de uma via diferente, que é o confronto paciente, o diálogo e o compromisso entre as partes, quando não está em jogo o essencial da fé. Opera através das “estruturas” humanas e dos “ministérios” estabelecidos por Jesus, sobretudo o ministério apostólico e petrino. É o que chamamos hoje de ecumenismo doutrinal e institucional.

P. Raniero Cantalamessa, OFMCap

A experiência nos está convencendo porém que também este ecumenismo doutrinal, ou de vértice, não é suficiente e não avança, se não for acompanhado por um ecumenismo espiritual, de base. Isto é repetido sempre com maior insistência justamente pelos máximos promotores do ecumenismo institucional. Aos pés da cruz, queremos meditar sobre este ecumenismo espiritual: em que consiste e como podemos avançar nisto.

O ecumenismo espiritual nasce do arrependimento e do perdão e se alimenta com a oração. Em 1977, participei de um congresso ecumênico carismático em Kansas City, Missouri. Estavam lá quarenta mil presentes, metade católicos (entre os quais o cardeal Suenens) e metade de outras denominações cristãs. Uma tarde, ao microfone, um dos animadores começou a falar de um modo, para mim, naquela época, estranho: «Vós, sacerdotes e pastores, chorai e lamentai, porque o corpo de meu Filho está em pedaços… Vós, leigos, homens e mulheres, chorai e lamentai porque o corpo de meu Filho está em pedaços».

Comecei a ver as pessoas caírem uma após outra de joelhos em torno a mim e muitos desses soluçavam de arrependimento pelas divisões no corpo de Cristo. E tudo isso enquanto uma frase ecoava de um lado a outro do estádio: «Jesus is Lord, Jesus é o Senhor». Eu era como um observador ainda assaz crítico e destacado, mas lembro que pensei comigo: Se um dia todos os crentes estivessem reunidos a formar uma só Igreja, seria assim: enquanto estivermos todos de joelhos, com o coração contrito e humilhado, sob o grande senhorio de Cristo.

Se a unidade dos discípulos deve ser reflexo da unidade entre o Pai e o Filho, essa deve ser, antes de tudo, uma unidade de amor, porque tal é a unidade que reina na Trindade. A Escritura nos exorta a «fazer a verdade na caridade» (veritatem facientes in caritate) (Ef 4, 15). E Santo Agostinho afirma que «não se entra na verdade senão através da caridade»: non intratur in veritatem nisi per caritatem [3].

A coisa extraordinária a respeito desse caminho à unidade baseado no amor é que esse já está agora escancarado diante de nós. Não podemos «queimar etapas» em relação à doutrina, porque as diferenças existem e serão resolvidas com paciência nas sedes apropriadas. Podemos, ao contrário, queimar etapas na caridade, e estar unidos, a partir de agora. A verdade, seguro sinal da vinda do Espírito, não é, escreve Santo Agostinho, o falar em línguas, mas é o amor pela unidade: «Sabeis que tendes o Espírito Santo quando permitis que vosso coração adira à unidade através de uma sincera caridade» 4].

Repensemos no hino da caridade de São Paulo. Cada frase sua adquire um significado atual e novo, se aplicada ao amor entre membros das diversas Igrejas cristãs, nas relações ecumênicas:

Raniero Cantalamessa, ofmcap

«A caridade é paciente…

A caridade não é invejosa…

Não busca só seu interesse…

Não leva em conta o mal recebido

(no caso do mal feito aos outros!)

Não se alegra com a injustiça, mas se compraz da verdade (não se alegra das dificuldades das outras Igrejas, mas se compraz de seus sucessos)
Tudo crê, tudo espera, tudo suporta» (1 Cor 13, 4 ss.).

Esta semana acompanhamos à sua morada eterna uma mulher – Chiara Lubich – fundadora do Movimento dos Focolares – que foi uma pioneira e um modelo deste ecumenismo espiritual de amor. Ela demonstrou que a busca da unidade entre os cristãos não leva ao fechamento para o resto do mundo; é, ao contrário, o primeiro passo e a condição para um diálogo mais vasto com os crentes de outras religiões e com todos os homens que têm no coração os destinos da humanidade e da paz

* * *

«Amar-se, já foi dito, não significa olhar um para o outro, mas olharem juntos na mesma direção». Também entre cristãos, amar-se significa olharem juntos na mesma direção que é Cristo. «Ele é nossa paz» (Ef 2, 14). Acontece como para os raios de uma roda. Vejamos o que acontece aos raios quando do centro vão para o exterior: a medida que se distanciam do centro se distanciam também entre si, até terminar em pontos distantes da circunferência. Vejamos, ao contrário, o que acontece quando da circunferência movem-se até o centro: pouco a pouco aproximam-se do centro, se aproximam entre si, até formar um ponto só. Na medida na qual andemos juntos para Cristo, nos aproximaremos também entre nós, até ser verdadeiramente, como ele pediu, «uma só coisa com Ele e com o Pai».

O que poderá reunir os cristãos divididos será só a difusão entre eles de uma onda nova de amor por Cristo. É isto que está acontecendo por obra do Espírito Santo e que nos enche de estupor e de esperança. «O amor de Cristo nos constrange, ao pensamento que um morreu por todos» (2 Cor 5, 14). O irmão de outra Igreja – também cada ser humano – é «alguém pelo qual Cristo morreu» (Rom 14, 16), como morreu por mim.

Raniero Cantalamessa, ofmcap

Um motivo deve, sobretudo, impulsionar-nos adiante neste caminho. O que estava em jogo no início do terceiro milênio não é o mesmo que estava no início do segundo milênio, quando se produziu a separação entre oriente e ocidente, e nem mesmo é a mesma coisa que na metade do mesmo milênio, quando se produz a separação entre católicos e protestantes. Podemos dizer que a maneira exata de proceder do Espírito Santo do Pai e o problema da relação entre fé e obras são os problemas que apaixonam os homens de hoje e com o qual permanece ou cai a fé cristã?

Raniero Cantalamessa, ofmcap

O mundo caminhou adiante e nós estamos permanecemos presos a problemas e fórmulas que o mundo não conhece mais nem o significado. Discutamos ainda sobre como ocorre a justificação do pecador, em uma forma que perdeu o próprio sentido do pecado e o vê, cito, como «uma nefasta invenção judaica que o cristianismo propagou ao povo».

Nas batalhas medievais havia um momento no qual, superadas as infantarias, os arqueiros, a cavalaria e todo o resto, a multidão se concentrava em torno do rei. Ali se decidia o êxito final da batalha. Também para nós a batalha hoje está em torno do rei. Existem edifícios ou estruturas metálicas assim feitas que se se toca um certo ponto nevrálgico, ou se se tira uma certa pedra, tudo desaba. No edifício da fé cristã esta pedra angular é a divindade de Cristo. Removida esta, tudo se evapora e, antes de qualquer coisa, a fé da Trindade.

Daí se vê como existem hoje dois ecumenismos possíveis: um ecumenismo da fé e um ecumenismo da incredulidade; um que reúne todos aqueles que crêem que Jesus é o Filho de Deus, que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo, e que Cristo morreu para salvar a todos os homens, e um que reúne todos aqueles que, em reverência ao símbolo de Nicéia, continuam a proclamar esta fórmula, mas esvaziando-a de seu verdadeiro conteúdo. Um ecumenismo no qual, no limite, todos crêem nas mesmas coisas, porque ninguém crê mais em nada, no sentido que a palavra «crer» tem no Novo Testamento.

«Quem é que vence o mundo, escreve João na Primeira Carta, se não quem crê que Jesus é o Filho de Deus?» (1 Jo 5, 5). Permanecendo neste critério, a fundamental distinção entre os cristãos não é entre católicos, ortodoxos e protestantes, mas entre aqueles que crêem que Cristo é o Filho de Deus e aqueles que não crêem.

Raniero Cantalamessa, ofmcap

«No segundo ano do rei Dario, no primeiro dia do sexto mês, esta palavra do Senhor foi revelada por meio do profeta Ageu a Zorobabel, filho de Salatiel, governador da Judéia, e a Josué, filho de Josedec, sumo sacerdote…: Parece-vos este o tempo de habitar tranqüilos em vossas casas bem cobertas, enquanto minha casa é ainda uma tenda?» (Ag 1, 1-4).

Esta palavra do profeta Ageu é voltada hoje a nós. É este o tempo de continuar a preocupar-nos só do que diz respeito a nossa ordem religiosa, nosso movimento, ou nossa Igreja? Não será justamente esta a razão pela qual também nós «semeamos muito, mas colhemos pouco» (Ag 1, 6)? Pregamos e agimos de todos os modos, mas convertemos poucas pessoas e o mundo se distancia, ao invés de aproximar-se de Cristo.

O povo de Israel escutou o apelo do profeta; cessou de ornamentar cada um a própria casa para reconstruírem juntos o templo de Deus. Deus então enviou de novo seu profeta com uma mensagem de consolação e de encorajamento: «Agora, coragem, Zorobabel – oráculo do Senhor – coragem, Josué, filho de Josedec, sumo sacerdote; coragem, povo todo do país, diz o Senhor, e ao trabalho, porque eu estou convosco» (Ag 2, 4). Coragem, vós todos que tendes no coração a causa da unidade dos cristãos, e ao trabalho, porque eu estou convosco, diz o Senhor!

[1] Cf. R. E. Brown, The Death of the Messiah, vol. 2, Doubleday, New York 1994, pp. 955-958.

Fr. Raniero Cantalamessa, ofmcap

[2] S. Cipriano, De unitate Ecclesiae, 7 (CSEL 3, p. 215).

[3] S. Agostino, Contra Faustum, 32,18 (CCL 321, p. 779).

[4] S. Agostino, Discorsi 269,3-4 (PL38, 1236 s.).

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