Virtudes.



Virtude é uma qualidade moral particular. Virtude é uma disposição estável em ordem a praticar o bem; revela mais do que uma simples característica ou uma aptidão para uma determinada ação boa: trata-se de uma verdadeira inclinação. Virtudes são todos os hábitos constantes que levam o homem para o bem, quer como indivíduo, quer como espécie, quer pessoalmente, quer coletivamente. A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Virtude, segundo Aristóteles, é uma disposição adquirida de fazer o bem,e elas se aperfeiçoam com o hábito.

A virtude na doutrina católica
Segundo a doutrina da Igreja Católica, e especialmente S. Gregório de Nissa, a virtude é “uma disposição habitual e firme para fazer o bem”, sendo o fim de uma vida virtuosa tornar-se semelhante a Deus. Existem numerosas virtudes que se relacionam entre si tornando virtuosa a própria vida.

No Catolicismo, existem 2 categorias de virtudes:
As virtudes teologais, cuja origem, motivo e objeto imediato são o próprio Deus. Os cristãos acreditam que elas são infundidas no homem com a graça santificante, e que elas tornam os homens capazes de viver em relação com a Santíssima Trindade. Elas fundamentam e animam o agir moral do cristão, vivificando as virtudes humanas. Para os cristãos, elas são o penhor da presença e da ação do Espírito Santo nas faculdades do ser humano.

As virtudes teologais são três:
Fé: através dela, os cristãos crêem em Deus, nas suas verdades reveladas e nos ensinamentos da Igreja, visto que Deus é a própria Verdade. Pela fé, “o homem entrega-se a Deus livremente. Por isso, o crente procura conhecer e fazer a vontade de Deus, porque «a fé opera pela caridade» (Gal 5,6)”.

Esperança: por meio dela, os crentes, por ajuda da graça do Espírito Santo, esperam a vida eterna e o Reino de Deus, colocando a sua confiança perseverante nas promessas de Cristo.

Caridade (ou Amor): através dela, “amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus. Jesus faz dela o mandamento novo, a plenitude da lei”. Para os crentes, a caridade é «o vínculo da perfeição» (Col 3,14), logo a mais importante e o fundamento das virtudes. São Paulo disse que, de todas as virtudes, “o maior destas é o amor” (ou caridade). O Amor é também visto como uma “dádiva de si mesmo” e “o oposto de usar”.

As virtudes humanas que são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade humanas. Elas regulam os atos humanos, ordenam as paixões humanas e guiam a conduta humana segundo a razão e a fé. Adquiridas e reforçadas por atos moralmente bons e repetidos, os cristãos acreditam que estas virtudes são purificadas e elevadas pela graça divina.
Entre as virtudes humanas são constantemente destacadas as virtudes cardeais, que são consideradas as principais por serem os apoios à volta dos quais giram as demais virtudes humanas:
. a prudência, que “dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher os justos meios para o atingir. Ela conduz a outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida”, sendo por isso considerada a virtude-mãe humana.
. a justiça, que é uma constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido;
. a fortaleza que assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem;
. e a temperança que “modera a atracção dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados”, sendo por isso descrita como sendo a prudência aplicada aos prazeres [7].
Para contrariar e opôr-se aos Sete pecados capitais, existe também um outro tipo de organização das virtudes, que é baseada nas chamadas Sete Virtudes: Castidade, Generosidade, Temperança, Diligência, Paciência, Caridade e Humildade.


Sete virtudes
As Sete Virtudes são derivadas do épico Psychomachia, poema escrito por Aurelius Clemens Prudentius intitulando a batalha das boas virtudes e vícios malignos. A grande popularidade deste trabalho na Idade Média ajudou a espalhar este conceito pela Europa. É alegado que a prática dessas virtudes protege a pessoa contra tentações dos Sete Pecados Capitais, com cada um tendo sua respectiva contra-parte. Existem duas variações distintas das virtudes, reconhecidas por diferentes grupos.

As Virtudes
Ordenadas em ordem crescente de santicidade, as sete virtudes sagradas são:

Castidade (Latim castitate) – opõe luxúria
Auto-satisfação, simplicidade. Abraçar a moral de si próprio e alcançar pureza de pensamento através de educação e melhorias.

Generosidade (Latim, liberalis) – opõe avareza
Despreendimento, largueza. Dar sem esperar receber, uma notabilidade de pensamentos ou ações.

Temperança (Latim temperantia) – opõe gula
Auto-controle, moderação, temperança. Constante demonstração de uma prática de abstenção.

Diligência (Latim diligentia) – opõe preguiça
Presteza, ética, decisão, concisão e objetividade. Ações e trabalhos integrados com as próprias crenças.

Paciência (Latim, patientia) – opõe ira
Serenidade, paz. Resistência a influências externas e moderação da própria vontade.

Caridade (Latim, humanitas) – opõe inveja
Auto-satisfação. Compaixão, amizade e simpatia sem causar prejuízos.

Humildade (Latim, humilitas) – opõe vaidade
Modéstia. Comportamento de total respeito ao próximo.

Humildade
Humildade vem do Latim humus que significa “filhos da terra”. Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas. A Humildade é a virtude que dá o sentimento exato da nossa fraqueza, modéstia, respeito, pobreza, reverência e submissão.

Diz-se que a humildade é uma virtude de quem é humilde, quem se vangloria da sua mostra simplesmente que lhe falta. É nessa posição que talvez se situe a humilde confissão de Albert Einstein quando reconhece que “por detrás da matéria há algo de inexplicável”.

Por humilde também se pode entender a personalidade que assume seus deveres, obrigações, erros e culpas sem resistência. Assim, se pode dizer que a pessoa ou indivíduo “assume humildemente”.

Paciencia
Paciência é uma virtude de manter um controle emocional equilibrado, sem perder a calma, ao longo do tempo. Consiste basicamente de tolerância a erros ou fatos indesejados. É a capacidade de suportar incômodos e dificuldades de toda ordem, de qualquer hora ou em qualquer lugar. É a capacidade de persistir em uma atividade difícil, tendo ação tranqüila e acreditando que você irá conseguir o que quer, de ser perseverante, de esperar o momento certo para certas atitudes, de aguardar em paz a compreensão que ainda não se tenha obtido , capacidade de ouvir alguém, com calma, com atenção, sem ter pressa, capacidade de se libertar da ansiedade. A tolerância e a paciência são fontes de apoio seguro nos quais podemos confiar. Ser paciente é ser educado, ser humanizado e saber agir com calma e com tolerância. A paciência também é uma caridade quando praticada nos relacionamentos interpessoais.

O desenvolvimento da paciência
Diz-se que dentre as sete virtudes, a mais difícil de desenvolver é a paciência, mas uma vez desenvolvida, esta trás inúmeros benefícios. É possível exercitar a paciência em diversas áreas, como por exemplo: No trânsito, na fila do banco, na convivência familiar, no trabalho, nos estudos, etc. Uma pessoa paciente sabe que para alcançar um objetivo é necessário passar por pequenos obstáculos que devem ser analisados cuidadosamente para passar ao próximo obstáculo até alcançar o objetivo final. O impaciente, ao contrário, costuma ver o problema como um todo, e por isso normalmente fica nervoso e estressado pois não consegue resolver as coisas de uma vez só.

Diligêcia
A diligência é uma das virtudes da religião cristã. Referente ao zelo, dedicação, esforço, cuidado com o outro.

Temperança
A temperança (σωφροσύνη, sophrosyne , temperantia) é uma das virtudes ditas universais, uma dais quais propostas pelo cristianismo. Temperança significa equilibrar, colocar sob limites, “moderar a atracção dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporcionar o equilíbrio no uso dos bens criados” (CCIC, n. 383). Essa virtude serve para controlar o pecado da gula. É também uma das 4 virtudes cardinais.

Generosidade
Generosidade é a virtude em que a pessoa ou o animal tem quando acrescenta algo ao próximo. Generosidade se aplica também quando a pessoa que dá algo a alguém tem o o suficiente para dividir ou não. Não se limita apenas em bens materiais. Generosos são tanto as pessoas que se sentem bem em dividir um tesouro com mais pessoas porque isso as fará bem, tanto quanto aquela pessoa que dividirá um tempo agradável para outros sem a necessidade de receber algo em troca.

Já segundo Rene Descartes, em Tratado das Paixões e também nos Princípios de Filosofia, a generosidade é apresentada como uma despertadora do real valor do Eu e ao mesmo tempo como mediadora para que a vontade se disponha a aceitar o concurso do entendimento, acabando assim a causa do erro. Neste caso, passa a ser um conceito de mediação entre a Vontade e o Entendimento.

Caridade
Caridade é um sentimento ou uma acção altruísta de ajudar o próximo sem buscar qualquer tipo de recompensa. Amor ao próximo; bondade; benevolência; compaixão; esmola.

Na religião Cristã
Caridade é uma das virtudes teologais e uma das sete virtudes. Tem o mesmo significado que o Ágape.

É um sentimento que pode ter dois sentidos, o sentimento para si mesmo, e ao próximo.

O Cristianismo afirma que a caridade é o “amar ao próximo como a si mesmo”. E afirma que se uma pessoa não se amar adulterando e mentindo à si mesma sobre as coisas que a rodeia, defendendo somente o seu ponto de vista sem pensar no ponto de vista divino, pode estar “amando” o seu próximo, mas da sua maneira, pois quanto mais buscar o esclarecimento divino sobre como amar à si mesma, maior poderá ser o amor desta pessoa pelo seu próximo.

E afirma que nos dias actuais muitos estão buscando a Cristo, mas da sua “maneira”, não procurando arrepender de suas acções, pois em si mesmos não acham culpa alguma, pois defendem os seus próprios pontos de vista. Esquecem-se que o salário de pecado é a morte, e quem não se ama (caridade) peca, pois quem exerce a caridade, não peca, pois acaba amando à Deus mais do que a si mesma, ouvindo assim a sua voz e colocando em prática a Verdade que recebe. Dizendo, que quem ama a Cristo, confirma também o Senhorio de Cristo sobre a si mesma, abandonando tudo por Ele, pois um Servo abandona tudo pelo seu Senhor, vivendo somente para ele.

Aliás, Jesus Cristo ordenou: “Amar a Deus sobre todas as coisas”, isto para os cristãos constitui a parte fundamental da caridade.

Quem tem o amor, prova, não somente com palavras mas sim com acções. Abrindo mão dos costumes dos gentios por amar a Deus sobre todas as coisas, seguindo a sua voz e os seus mandamentos.

Resumindo e usando as palavras do Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, “a caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus. Jesus faz dela o mandamento novo, a plenitude da lei. A caridade é «o vínculo da perfeição» (Col 3,14) e o fundamento das outras virtudes, que ela anima, inspira e ordena: sem ela «não sou nada» e «nada me aproveita» (1 Cor 13,1-3)”.

São Paulo disse que, de todas as virtudes, “o maior destas é o amor” (ou caridade). O Amor é também visto como uma “dádiva de si mesmo” e “o oposto de usar”.

Castidade
Castidade é o comportamento voluntário de abstinência de prazeres e de prática de atos sexuais, seja por motivos religiosos ou sociais. Teologicamente diz-se que modera o prazer vinculado à propagação da espécie.

Castidade diz respeito aos prazeres sensuais, e nisso já se acha outra fonte de constantes equívocos. Pois sensual não é necessariamente o mesmo que sexual, embora possa haver conexão entre ambos. Sensual é tudo aquilo que diz respeito aos sentidos (os cinco clássicos ou tantos quantos possam ser identificados).

Assim, ao se falar que “castidade é abstinência total dos prazeres sensuais (sendo isso um compromisso ou voto de castidade), é preciso ter em mente o significado preciso de “sensualidade”, muito embora, a compreensão esperada e sugerida, na maioria das vezes, seja de sensualidade no sentido de atributo de atração sexual.

A compreensão psicológica/psicanalítica, conquanto possa conferir certo grau de liberdade nas condutas — independentemente de juízo de valor, pró ou contra — no final das contas, também é a mesma.

Virtude
O fato da castidade ser uma manifestação da virtude da temperança não significa que esteja desvinculada de outras virtudes humanas, na verdade a castidade se relaciona com qualquer manifestação da vida humana. Segundo Giulia Veronese “a castidade é mais do que a simples continência. A castidade sexual expressa a renúncia consciente e vigilante da sexualidade (entendida como exercício do sexo ou que pode conduzir a ele) por parte da pessoa, obedecendo a fins mais elevados. A castidade é o resultado normal de uma eleição humana; representa a exigente coerência com valores superiores, requer o compromisso pleno de si mesmo e o coração que quer permanecer na sua integridade. Pressupõe sempre uma consciência, mais ou menos clara, do valor da sexualidade na sua dupla finalidade de procriação e amor.”

Castidade religiosa

A castidade cristã
Do ponto de vista da moral do cristianismo nas suas distintas denominações, a castidade é a virtude que governa e modera o desejo do prazer sexual, segundo os princípios da fé e da razão e recebe também a denominação de Santa Pureza.

Pela castidade a pessoa adquire o domínio de sua sexualidade, para ser capaz de integrá-la em uma personalidade compatível com os pontos de vista religiosos. Para o cristianismo não é uma negação da sexualidade mas sim fruto do Espírito Santo e consiste no domínio de si mesmo, e na capacidade de orientar o instinto sexual para as causas morais ligadas ao crescimento espiritual e corporal das pessoas.

Para o cristianismo a castidade é uma virtude necessária nos distintos estados situacionais da vida quer sejam casados ou solteiros.

Os regimes da castidade
Todo cristão é chamado à castidade. O cristão se há “revestido de Cristo” (Ga 3, 27), modelo de toda castidade. Todos os fiéis cristãos são chamados a uma vida casta segundo o seu estado de vida particular. No momento do seu Batismo, o cristão se compromete a dirigir a sua afetividade na castidade.

Existem tres formas da virtude da castidade: a dos esposos, a das viúvas e a da virgindade. As relações sexuais somente serão castas dentro do matrimônio.

Castidade conjugal
Para os casados significa fidelidade ao cônjuge e aos compromissos assumidos no matrimônio.Para o casado significa, também — mas não só — manter-se fiel ao matrimônio. Até porque o conceito de fidelidade é, per se, muitíssimo mais abrangente do que o concebe a compreensão ordinária (popular, vulgar).

Fidelidade é um atributo elevado, primeiramente da pessoa para consigo mesma, interior, de tal modo que “se alguém é fiel a outrém, certamente o é pelo fato de primeiramente o ser em seu íntimo. Pode-se mesmo fazer a seguinte inferência: quem é fiel (lato sensu) é casto e vice-versa.

Os esposos cristãos têm sempre presente que, segundo a doutrina de São Paulo, o matrimônio cristão é símbolo da união existente entre cristo e a sua Igreja. O primeiro efeito deste amor é a união indissolúvel de corações, e por conseguinte, a inviolabilidade da fidelidade de um ao outro.

Os esposos devem respeitar a santidade do leito conjugal com a pureza de suas intenções e a honestidade de seu trato. Devem cumprir fiel e sinceramente o dever conjugal, pois tudo o que serve para a transmissão da vida é, não só lícito, como louvável, mas qualquer ato que se opuser a este fim primeiro constitui pecado grave.

Continência
Para os solteiros que aspirem ao matrimônio requer abstenção absoluta (continência) até o casamento, significa portanto abstinência. Para o solteiro, castidade, pela sua abrangência conceitual, tem, também — e compreensivelmente — o sentido de de manter-se virgem (casto, puro), até o casamento, como se o entenda na cultura onde vive.

A castidade oferece no cristianismo uma preparação espiritual para o sacerdócio, o matrimônio, a vida religiosa ou o celibato. O voto de castidade total é considerado obrigatório para os ministros consagrados (sacerdotes e bispos, assim como para as distintas órdens religiosas, tanto masculinas como femininas. Não obstante este voto absoluto não é requerido em outras igrejas cristãs como a protestante.

Segundo a moral cristã a castidade purifica o amor e o eleva, é a melhor forma de compreender e sobretudo de valorizar o amor.

Fidelidade é amor e respeito ao próximo e a Deus, é ser sincero aos seus compromissos e escolhas, é abnegação aos desejos da carne, a cobição pelo proximo e ao alheio. Ser fiel é ter compromisso, e não apenas envolver se.

Virtudes auxiliares da castidade
O pudor, que protege a intimidade e consiste na vergonha nascida do temor de realizar um ato indecoroso ou indigno. É uma espécie de sentinela de defesa da castidade.

A humildade, que faz desconfiar de si mesmo e confiar em Deus e fugir das ocasiões que põem em perigo a castidade.

A mortificação que disciplina o amor ao deleite desordenado e ataca o mal pela raíz. A prática da sobriedade e às vezes do jejum ou de alguma penitência exterior.

A laboriosidade, diligência e aplicação nos estudos e no cumprimento das próprias obrigações, que previne os males e perigos decorrentes da ociosidade.

A caridade, ou seja o amor de Deus, que, enchendo o coração o desocupa de afetos desordenados (Deus caritas est).

A piedade, virtude que leva à devoção e à oração. Os católicos costumam ainda cultivar a devoção à Virgem Maria como protetora da virtude da castidade que também a denominam de “santa pureza”.

As ofensas contra a castidade
Dentro da moral cristã são consideradas ofensas graves contra a virtude da castidade:

. luxúria, que constitui uma busca desordenada do prazer venéro, uma vez que é buscado exclusivamente por si mesmo.
. masturbação que é considerado um ato anti natura.
. fornicação, vista como relações sexuais fora do matrimônio e as relações pré-matrimoniais..
. homossexualidade, é considerada contraria à lei natural, fecha o ato sexual ao dom da vida.
. pornografia, segundo a moral cristã “desnaturaliza a finalidade do ato sexual”.
. prostituição
. violação e
. o incesto, são as principais ofensas contra a virtude da castidade.

Os santos e a castidade
Todos os santos, notadamente, os reconhecidos pela Igreja Católica, leigos ou religiosos, de alguma forma sempre fizeram a apologia da castidade, desde os primórdios do cristianismo até os dias atuais. São Josemaria Escrivá, canonizado no último decênio do século XX, por exemplo, deixou escrito sobre a castidade:

Que bela é a santa pureza! Mas não é santa nem agradável a Deus, se a separamos da caridade. A caridade é a semente que crescerá e dará frutos saborosíssimos com a rega que é a pureza. Sem caridade, a pureza é infecunda, e as suas águas estéreis convertem as almas num lamaçal, num charco imundo, donde saem baforadas de soberba.
A caridade teologal surge-nos, sem dúvida, como a mais alta das virtudes. Mas a castidade é o meio “sine qua non”, uma condição imprescindível para se atingir o diálogo íntimo com Deus. E quando não é observada, quando não se luta, acaba-se cego; não se vê nada, porque o homem animal não pode perceber as coisas que são do Espírito de Deus.
Nós queremos olhar com olhos limpos, animados pela pregação do Mestre: “Bem-aventurados os que têm o coração puro, porque verão a Deus.” A Igreja apresentou sempre estas palavras como um convite à castidade. Guardam um coração sadio, escreve São João Crisóstomo, “os que possuem uma consciência completamente limpa ou os que amam a castidade.” Nenhuma virtude é tão necessária como esta para ver a Deus.

Referências
↑ TANQUEREY, Adolphe. Compêndio de Teología Ascética y Mística, Madri: Edicionaes Palabra, 1996, pg.582.
↑ Tomás de Aquino, Suma Teológica, 2-2q 141 a 1.
↑ Victor Garcia Hoz. Ed. Rialp, Madri, 1992.
↑ Idem, pg. 584.
↑ Oração da tradição católica: Ave maris stella Virgo singularis Inter omnes mitis Nos culpes solutos Mites fac et castos.
↑ Catecismo da Igreja Católica n. 2357 a 2359. “Atos homossexuais são contrários à lei natural (…) Eles não vêem de uma complementaridade afetiva e sexual genuína. Não são aprovados sob nenhuma circunstância.”
↑ (Caminho, 119)
↑ (Amigos de Deus, 175)

Virtudes cardinais
Na Igreja Cristã, existe quatro virtudes cardinais (ou virtudes cardeais) que polarizam todas as ou tras virtudes morais humanas. O conceito teológico destas quatro virtudes foi derivado inicialmente do esquema de Platão e foram adaptadas por: Santo Ambrósio, Santo Agostinho de Hipona e São Tomás de Aquino.

Segundo a doutrina católica, elas “são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade humanas, que regulam os nossos actos, ordenam as nossas paixões e guiam a nossa conduta segundo a razão e a fé. Adquiridas e reforçadas por actos moralmente bons e repetidos, são purificadas e elevadas pela graça divina”. As virtudes cardeais são quatro:

a prudência, que “dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher os justos meios para o atingir. Ela conduz a outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida”, sendo por isso considerada a virtude-mãe humana.

a justiça, que é uma constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido;

a fortaleza que assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem;

e a temperança que “modera a atracção dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados”, sendo por isso descrita como sendo a prudência aplicada aos prazeres.

Temperança
A temperança é uma das virtudes ditas universais, uma dais quais propostas pelo cristianismo. Temperança significa equilibrar, colocar sob limites, “moderar a atracção dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporcionar o equilíbrio no uso dos bens criados” (CCIC, n. 383). Essa virtude serve para controlar o pecado da gula.

Justiça
O termo justiça (do latim iustitia, por via semi-erudita), de maneira simples, diz respeito à igualdade de todos os cidadãos. É o principio básico de um acordo que objetiva manter a ordem social através da preservação dos direitos em sua forma legal (constitucionalidade das leis) ou na sua aplicação a casos específicos (litígio).

Sua ordem máxima, representada em Roma por uma estátua, com olhos vendados, visa seus valores máximos onde “todos são iguais perante a lei” e “todos têm iguais garantias legais”, ou ainda, “todos têm iguais direitos”. A justiça deve buscar a igualdade entre os cidadãos.

O Poder Judiciário no Estado moderno tem a tarefa da aplicação das leis promulgadas pelo Poder Legislativo. É boa doutrina democrática manter independentes as decisões legislativas das decisões judiciais, e vice-versa, como uma das formas de evitar o despotismo.

Segundo Aristóteles, o termo justiça denota, ao mesmo tempo, legalidade e igualdade. Assim, justo é tanto aquele que cumpre a lei (justiça em sentido estrito) quanto aquele que realiza a igualdade (justiça em sentido universal).

A justiça implica, também, em alteridade. Uma vez que justiça equivale a igualdade, e que igualdade é um conceito relacional (ou seja, diferentemente da liberdade, a igualdade sempre refere-se a um outro, como podemos constatar da falta de sentido na frase “João é igual” se comparada à frase “João é livre”), é impossível, segundo Aristóteles e Santo Tomás de Aquino praticar uma injustiça contra si mesmo. Apenas em sentido metafórico poderíamos falar em injustiça contra si, mas, nesse caso, o termo injustiça pode mais adequadamente ser substituído por um outro vício do caráter.

Justiça também é uma das quatro virtudes cardinais, e ela, segundo a doutrina da Igreja Católica, consiste “na constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido” (CCIC, n. 381).

Fortaleza
Fortaleza é uma das 4 virtudes cardinais do cristianismo e, segunda a doutrina cristã, ela “assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem, chegando até à capacidade do eventual sacrifício da própria vida por uma causa justa” (CCIC, n. 382).

Prudencia
Prudência, na mitologia é o nome romano de Métis, a deusa da prudência.

Classicamente, prudência é considerada uma virtude, e de fato, uma das quatro Virtudes Cardinais. A palavra vem de prudencia (expressão francesa do final do século 13), do latim prudentia (significando “previsão, sagacidade”. Freqüentemente é associada com a Sabedoria, Introspecção, e Conhecimento. Neste caso, a virtude é a capacidade de julgar entre acções maliciosas e virtuosas, não só num sentido geral, mas com referência a acções apropriadas num tempo dado e lugar. Embora a prudência não execute qualquer acção, e está preocupada unicamente com o conhecimento, todas virtudes têm que estar reguladas por ela. Distinguir quando atos são corajosos, ao contrário de descuidado ou covardemente, por exemplo, é um ato de prudência. Ela é classificada como um “cardinal”, quer dizer que uma virtude “principal”. Por outras palavras, prudência “dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher os justos meios para o atingir. Ela conduz a outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida” (CCIC, n. 380).

Embora prudência seria aplicada a qualquer julgamento, as tarefas mais difíceis, que distinguem uma pessoa como prudente, são por exemplo, como quando uma pessoa determinar o que seria melhor dar como doações de caridade, ou decidir como punir uma criança, a fim de prevenir repetir uma ofensa.

Convencionalmente, prudência é o exercício de julgamento sadio em negócios práticos.

Modernamente, no entanto, a palavra tornou-se crescentemente sinônimo de cautela. Neste sentido, prudência nomeia uma relutância de tomar riscos, que permanece uma virtude com respeito aos riscos desnecessários, mas quando injustamente estendido (sobre-cautela), pode tornar-se o vício de covardia.

Virtudes teologais
Segundo o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, as virtudes teologais “têm como origem, motivo e objecto imediato o próprio Deus. São infundidas no homem com a graça santificante, tornam-nos capazes de viver em relação com a Trindade e fundamentam e animam o agir moral do cristão, vivificando as virtudes humanas. Elas são o penhor da presença e da acção do Espírito Santo nas faculdades do ser humano”.

No excerto bíblico “1a Coríntios 13:13”, apresenta-nos a seguinte citação: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor”. Num outro excerto bíblico “Gálatas 5:6”, cita o seguinte: “a Fé actua pelo amor”.

As virtudes teologais existem como complemento às Virtudes cardinais e são três:

Fé: através dela, os cristãos crêem em Deus, nas suas verdades reveladas e nos ensinamentos da Igreja, visto que Deus é a própria Verdade. Pela fé, “o homem entrega-se a Deus livremente. Por isso, o crente procura conhecer e fazer a vontade de Deus, porque «a fé opera pela caridade» (Gal 5,6)”.

Esperança: por meio dela, os crentes, por ajuda da graça do Espírito Santo, esperam a vida eterna e o Reino de Deus, colocando a sua confiança perseverante nas promessas de Cristo.

Caridade (ou Amor): através dela, “amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus. Jesus faz dela o mandamento novo, a plenitude da lei”. Para os crentes, a caridade é «o vínculo da perfeição» (Col 3,14), logo a mais importante e o fundamento das virtudes. O Amor é também visto como uma “dádiva de si mesmo” e “o oposto de usar”.

Virtudes heróicas
Virtudes heróicas, ou simplesmente virtude heróica, é a designação canónica dada ao conjunto de requisitos de exemplaridade de vida que devem ser demonstrados para que se inicie o processo formal de canonização na Igreja Católica Romana e noutras confissões cristãs. A demonstração da existência de virtude heróica é feita pela análise, post mortem, do comportamento e percurso de vida do candidato à santidade, tendo de ficar claro, e para além de qualquer dúvida, que em vida a conduta do candidato se pautou pela prática para além do comum das virtudes teologais e das virtudes cardeais.

Fonte total: http://pt.wikipedia.org



4 Respostas

  1. Hello

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  2. Haverá, se Deus quiser, até o final do ano uma edição em português.

    Rezem por esta edição que será de grande valia para todos.

    Salve Maria!

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