Jesus perguntou a seus discípulos:
“O que buscais ?”
(João 1,38).
Sigmund Freud (1856 – 1939) dizia que o ser humano é movido pela busca do ‘prazer’. Alfred Adler (1870 – 1937), por outro lado, falava que é a busca do ‘poder’ que move o ser humano. Já para Viktor Frankl (1905 – 1997), o ser humano precisa buscar seu ‘significado’, isso é, uma “razão para viver”.
Em 1942, Frankl, juntamente com sua esposa, pai, mãe e irmão foram todos presos em um campo de concentração na Boêmia. Seu pai morreu de fome. Sua mãe e irmão foram mortos em Auschwitz. Sua esposa faleceu em Bergen-Belsen. Somente sua irmã sobreviveu, por ter conseguido imigrar a tempo para a Austrália.
Os sofrimentos físicos e psicológicos de Frankl foram incalculáveis, especialmente ao ser transferido para Auschwitz. E ele só tomou conhecimento da perda de seus entes queridos após ter sido colocado em liberdade, em 1945, quando foi então morar em Viena, sem quaisquer recursos e totalmente só no mundo. Lá, acabou sendo o diretor da Policlínica Neurológica de Viena, posição que ocupou por 25 anos.
Foi por meio da sua própria dor durante a guerra, e na observação do sofrimento por que passavam seus companheiros de campo de concentração, que Frankl descobriu o “sentido da vida” (título de seu livro “bestseller”). Ele constatou, por exemplo, que não eram os fisicamente privilegiados que sobreviviam aos mal-tratos e às tribulações. Por outro lado, venciam a dor aqueles que tinham um propósito de vida, ou seja, um significado para sua existência, uma “razão para viver”.
E concluiu, ainda, que o ‘significado’ não estaria no prazer, como presumia Freud, pois este já não importava em meio a tanta dor. Nem, como dizia Adler, estaria no poder, pois esse também passara a ser algo irrelevante e até mesmo desprezível. E o significado também não estaria fora do campo de concentração, até porque lá dentro eles não sabiam, nem mesmo, se seus parentes ainda estavam (ou não) vivos.
O sentido da vida – descobriu Frankl -, estava no ‘amor’, que se manifestava em alguns na forma de doação de si próprios aos demais. Sobreviviam ao sofrimento e à dor quem colocava em sua vida, como propósito, fazer todo dia algo de bom para algum companheiro que também passava pelas mesmas aflições. E, desta maneira –conclui Frankl–, acaba-se encontrando o único e maior sentido para as nossas vidas (o que ele denominou de “ultimate meaning”), qual seja: Deus.
E você: qual é o sentido de sua vida? O que você está buscando?
Hoje, a Psicologia afirma que um dos principais problemas que o ser humano tem que enfrentar é relacionado ao “ego”, isso é, à batalha contra o nosso próprio “eu”. E parece que, à medida que o tempo passa, as pessoas estão buscando ser mais independentes e vêm se tornando cada vez mais individualistas: ama-se cada vez mais a si próprio; e cada vez menos ao próximo.
No entanto, como Frankl descobriu, sem esse amor que, pelo outro, o ser humano renuncia a si próprio, o torna disposto a entregar-se por completo e o faz querer doar-se inteiramente, é impossível chegarmos Àquele que é o nosso “significado último”, a nossa única e verdadeira “Razão para Viver”:
Amados, amemo-nos uns aos outros,
porque o amor é de Deus; e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
Aquele que não ama não conhece a Deus;
porque Deus é amor
(I João 4,7-8)
E lembremos sempre:
Respondeu-lhe Jesus:
Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida;
ninguém vem ao Pai, senão por mim
(João 14,6).
Texto escrito por Marcos de Lacerda Pessoa
Curitiba – PR. em Maio de 2007,
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