RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA – BRASIL
SECRETARIA PAULO APÓSTOLO
Módulo Básico – Apostila 02 – 2ª Edição
Carisma dos Milagres
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De todos eles se apoderou o temor, pois pelos apóstolos foram feitos também muitos prodígios e milagres em Jerusalém e o temor estava em todos os corações.
- (Atos dos Apóstolos 2, 43) e (Atos dos Apóstolos 4, 30)
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Estendei a vossa mão para que se realizem curas, milagres e prodígios pelo nome de Jesus, vosso santo servo!
1. Introdução
O dom de milagres sempre esteve presente na história da salvação, desde o Antigo Testamento, provando a presença viva de Deus junto ao seu povo eleito. Muitos milagres foram operados através dos patriarcas (cf. Ex 7, 8-13), dos profetas (cf. 1Rs 17, 7ss; 1Rs 18, 20ss; 2Rs 2, 19ss) e outros tantos narrados na Bíblia.
Os milagres atestavam a divindade do Deus da Aliança, sua predileção por seu povo escolhido, sua assistência divina, seu poder glorioso. Eram sinais e prodígios que confirmavam a fé do povo no único Deus verdadeiro.
2. Conceito
O dom de milagres pode ser definido como uma ação do poder de Deus intervindo extraordinariamente em determinada situação. Algumas curas são milagres, mas esse dom não se limita à ação de Deus na restauração da saúde. Quando acontece uma cura instantânea, é milagre porque o fator intervenção de Deus é óbvio a ponto de não ser refutado.
Em alguns casos, a ação de Deus é súbita e extraordinária. “O milagre é um acontecimento ou evento sobrenatural, ou a execução de algo que seja contrário às leis da natureza; é um fenômeno sobrenatural, que desafia a razão e transcende as leis naturais; este dom é simplesmente a habilidade dada por Deus de cooperar-se com Ele, enquanto Ele executa os milagres através de um ato cooperativo com os homens”.
Todo milagre cristão autêntico aponta para a cruz e a ressurreição, começando com o milagre inicial da salvação e continuando através de todos os grandes e pequenos milagres subsequentes.
Os milagres são intervenções diretas de Deus na natureza do homem ou na ordem da criação. Os milagres provam o poder de Deus agindo na vida dos homens, levando-os a uma fé sempre mais crescente.
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3. Jesus e os milagres
Os evangelistas usam três termos ao referirem à intervenção de Deus: falam de fatos miraculosos, de demonstração de força e de sinais; geralmente, a palavra “milagre” vem acompanhada de um ou outro termo (revelando ser o milagre uma manifestação de força divina e sinal da ação de Deus). O que mais se realça nos milagres de Jesus é seu caráter extraordinário: cura instantânea de doenças incuráveis, ressurreição dos mortos, multiplicação dos pães, o que faz o povo se maravilhar. O escopo evangélico é o de ressaltar a manifestação da força e o caráter sinal. Este é o sentido dos milagres de Jesus: abrir os olhos sobre o mistério de sua Pessoa!
As curas e milagres estavam profundamente relacionados com a Pessoa Divina de Jesus, para a abertura da fé e confirmação de sua união com o Pai (cf. Jo 6, 28-29; 11, 40-42; 14, 11 ); estavam relacionados com o poder que Ele tinha como Filho de Deus (cf. Mc 2, 10; At 10, 38) e estreitamente ligados, combinados com a evangelização que proclamava. Evidenciava-se, assim, sua divindade de Messias, de Ungido do Pai pelo Espírito Santo (cf. Lc 4, 14; 10, 21).
Muitas vezes, apesar dos milagres e por causa da sua obstinação, os judeus não acreditavam em Jesus (cf. Mt 13, 58; Mc 6, 4-6; Jo 12, 37). Mas, freqüentemente, Jesus operava milagres, deixando-se levar pela compaixão diante do sofrimento humano (cf. Mt 9, 36; 14, 14; Mc 8, 2; Lc7, 13).
Os milagres eram também um meio do povo glorificar a Deus: ao ver a cura da mulher que vivia encurvada fazia dezoito anos (cf. Lc 13, 10ss), o povo foi levado ao entusiasmo; ao presenciar a cura de um cego em Jericó (cf. Lc 18, 35ss), o povo deu glória a Deus; diante da cura do paralítico em Cafarnaum (cf. Mt 9, 1ss), o povo glorificou a Deus por ter dado tal poder aos homens; ante o espetáculo dos mudos que falavam, dos aleijados que eram curados, dos coxos que andavam, dos cegos que viam (cf. Mt 15, 29-31), o povo glorificava o Deus de Israel.
Neste sentido, o milagre não apenas revelava a bondade de Deus e sua compaixão pelos homens ao curá-los, mas “efetuava também a salvação de Deus. É um ato de força, de poder, para repelir os adversários de Deus: uma irrupção do divino neste mundo, e ao mesmo tempo um sinal do mundo vindouro”. Sinalizava-se deste modo a presença salvífica de Deus em meio aos homens, e a implantação do seu Reino ( cf. Mc 6, 7; 7, 26; Lc 7, 22; 9, 1-6; Mt 12, 28; Lc 7, 18ss).
Os milagres de Jesus confirmavam à sua doutrina – é o que os Evangelhos afirmam em tantos relatos que trazem. A evangelização de Jesus era acompanhada de sinais prodigiosos, de milagres, confirmando sua eficácia, seu poder. O mesmo aconteceu com os apóstolos na Igreja Primitiva: “O Senhor cooperava com eles e confirmava a sua palavra com os milagres que a acompanhavam” (Mc 16, 20).
4. A Igreja e os milagres
Jesus não guardou somente para si esse poder que Ele tem como Filho de Deu nem o restringiu somente à ação, aos seus gestos e ao tempo em que viveu no mundo. Jesus quis que a Igreja também fosse participante desse poder, para continuar a atrair para Ele os homens de todos os tempos. Assim, após a ressurreição, Ele deu aos apóstolos a mesma missão que teve: “Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio” (Jo 20, 21); “Quem vos ouve, a mim ouve” (Lc, 10); “Quem vos recebe, a Mim recebe, e recebe Àquele que Me enviou” (Mt 10, 40).
Ao escolher os apóstolos, conferiu-lhes poder de expulsar os espíritos imundos e curar todo o mal e toda a enfermidade; de anunciar o Reino de Deus e de curar os doentes; de ressuscitar, de purificar os leprosos” (Mt 10, 1-8). E os apóstolos “partiram e percorriam as aldeias, pregando o Evangelho fazendo curas por toda a parte” (Lc 9, 1-6).
O anúncio do Evangelho e os milagres acompanharam os apóstolos, mesmo depois da ascensão de Jesus ao Pai. Jesus lhes prometera o Espírito Santo, que lhes daria força” (cf. At l, 8), que os “revestiria da força do alto” (cf. Lc 24, 49), para que cumprissem plenamente a missão que Jesus lhes dera, de testemunhá-Lo ante os homens de todos os tempos e nações, “até os confins do mundo”.
A Igreja Primitiva entendeu que a fé em Jesus, tanto dos apóstolos quanto dos seus ouvintes, provocaria milagres como confirmação da ação de Jesus, pela força do Espírito Santo (cf. Gl 3, 5). É o que se pode ver, por exemplo, na cura do coxo junto à Porta Formosa do Templo ( cf. At 3, 1ss), realizada por Pedro e João.
No Concílio de Jerusalém, Barnabé e Paulo contaram à assembléia quantos milagres e prodígios Deus fizera por meio deles entre os gentios (cf. At 15, 12). Deus “fazia milagres extraordinários por intermédio de Paulo, de modo que lenços e outros panos, que tinham tocado seu corpo, eram levados aos enfermos; e afastavam-se deles as doenças e retiravam-se os espíritos malignos” (cf. At 19, 11-12).
Assim como Jesus, ao fazer o milagre em Caná, “manifestou sua glória e os discípulos creram nEle” (cf. Jo 2, 11), a glória Deus continuaria sendo manifestada pelos “sinais miraculosos”, edificando e fazendo crescer a fé dos ouvintes.
Na comunidade cujos membros se deixam guiar pelo Espírito Santo (cf. Rm 8, 9.14; Gl 5, 16.25), os milagres se tornam presentes, pois são promessas de Jesus a toda sua Igreja: “Quem crê em mim, fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque eu vou para o Pai” (Jo 14, 12).
Cabe, pois, a cada cristão, abrir-se sempre mais a esse dom que é também necessário nos dias de hoje. Há, efetivamente, nos tempos atuais, um reflorescimento dos dons carismáticos na Igreja; o dom de milagres continua sendo necessário para o surgimento e fortalecimento da fé em Deus.
Assim, “os casos de curas e de milagres são de todos os tempos, e ninguém que tenha fé em Deus, duvida que Ele tenha operado as curas, os milagres que por meio de pessoas, quer diretamente, em resposta à oração de seus santos, da Igreja triunfante ou da Igreja militante”,
5. Conclusão
O dom de milagres estará sempre presente na Igreja, manifestando a santidade de Deus e sua ação no mundo, provando seu amor. Deus continuará agindo de forma extraordinária, como agiu no Antigo Testamento, no Novo Testamento com Jesus e sua Igreja.
Ele quer operar hoje, por meio de cada batizado. Sua vontade não mudou. E quando se reúnem pessoas para louvar a Deus e proclamar sua glória, não é de estranhar que milagres aconteçam realmente.
Jesus prometeu sua presença (cf. Mt 18, 20): “se dois de vós se reunirem sobre a terra, para pedir seja o que for, conseguí-lo-ão de meu Pai que está no céu” (Mt 18, 19). Onde está a Igreja reunida na fé, na esperança, no amor, no louvor, na ação de graças, Jesus se torna presente como Aquele sobre o qual coloca sua complacência (cf. Mt 3, 17)
Toda vez que se reúnem em nome do Senhor Jesus, “tendo por Ele acesso junto ao Pai, no mesmo Espírito” (Ef 2, 18), os milagres podem acorrer de forma natural, fortalecendo a fé de todos.
Assim é preciso acreditar mais e mais neste Dom de milagres no coração da Igreja. Por meio dele, pode-se de forma mais convincente publicar as “maravilhas de Deus” hoje e sempre. Amém!
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Segue em outro post o Dom da Fé:

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