Sinais de Pentecostes.


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No início, Adão era uma estátua de barro, porém Deus soprou sobre ele um espírito de vida e ele se tornou um ser vivo. Muito tempo depois, o Espírito de Deus veio sobre Maria e nela apareceu uma nova vida, a vida do novo Adão; a vida deu um grande salto de qualidade! Mais tarde, o Espírito de Deus veio ao sepulcro de Cristo e o reanimou e fez Jesus retornar à vida.

Mais uma vez, o Espírito veio sobre os apóstolos, em Pentecostes, e encontrou um punhado de homens temerosos, medrosos, inertes como Adão quando era uma estátua de barro e, com suas línguas de fogo, o Espírito fez aparecer a Igreja, corpo vivo de Cristo. Nós, que somos a Igreja, somos corpo vivo de Cristo pelo Espírito Santo.

A cada Eucaristia, o Espírito Santo desce sobre o altar e transforma o pão e o vinho em corpo e sangue vivo de Cristo. E um dia, no fim do mundo, o Espírito virá e dará vida aos nossos corpos mortais e nos fará ressurgir para a vida eterna.



De Saulo a Paulo

Agora vou lhes contar sobre a vida nova que o Espírito Santo me deu.

Até 1975, eu era um frade capuchinho que ensinava História das Origens Cristãs na Universidade de Milão, na Itália. Um dia, comecei a escutar pessoas que falavam de uma nova forma de rezar. Uma senhora, de quem eu era diretor espiritual, voltando de um retiro disse-me: “Encontrei pessoas que rezam de um modo estranho: levantam as mãos, batem palmas, são muito alegres e dizem que entre eles milagres acontecem”. Então eu lhe disse: “Nunca mais irás a essa casa de retiros”.

Esses dos quais aquela senhora falava eram carismáticos. Comecei a observá-los e via que algo daquilo que acontecia entre esses irmãos era exatamente aquilo que lemos nas primeiras comunidades cristãs.

Eu não podia negar que havia algo daqueles primórdios da Igreja, contudo havia fenômenos que me perturbavam, como falar em línguas, abraçar-se, profetizar…

Certo dia, fui quase forçado a um encontro carismático. Lá fui tomado de uma intensa e nova alegria, que não sabia explicar. Sentia-me sacudido. E, confessando as pessoas, percebia nelas um arrependimento novo, profundo. Eu podia ver e até tocar a graça de Deus. Mas continuava como um observador.

Em 1977, ganhei uma passagem para ir aos Estados Unidos, assistir à grande assembléia carismática ecumênica. Dentro de mim, dizia: “Isto vem de Deus, mas não me agrada”. E as 40 mil pessoas presentes ali cantavam: “Jericó deve cair”. Os meus colegas italianos me diziam: “Escuta bem, porque Jericó és tu”. Eles tinham razão, e Jericó caiu.

Depois do encontro fomos a uma comunidade carismática em New Jersey, onde aceitei receber a efusão do Espírito Santo, mas ainda com certa resistência. Um dos sinais do Pentecostes é Deus falar através dos humildes. Quando as pessoas rezavam por mim, todas as palavras proféticas pronunciadas falavam de evangelização, de Paulo que com Barnabé inicia suas viagens apostólicas, e um irmão proclamou: “Tu provarás de uma alegria nova em proclamar minha Palavra”.

Um detalhe importante é que enquanto se reza para que alguém receba a efusão do Espírito, se diz: “Escolhe Jesus como Senhor da tua vida” e, enquanto me diziam estas palavras, levantei os olhos e vi o crucifixo que estava sobre o altar da capela. Era como se Ele me esperasse para me dizer algo muito importante: “Atenção! Raniero, cuidado! Este é o Jesus que tu escolhes como teu Senhor, o Crucificado. Não é um Jesus fácil, sentimental”. Nesse momento, entendi que a RCC não é um fenômeno superficial, mas algo que nos leva diretamente ao coração do Evangelho, à cruz de Cristo.

Comecei a ler o breviário experimentando algo novo. Vocês sabem que um dos frutos mais evidentes do Espírito é abrir a nossa inteligência para entender as Escrituras. Outro sinal da transformação que o Espírito operara em mim era o novo desejo de rezar.

Três meses depois voltei à Itália e os meus irmãos diziam: “Que milagre! Mandamos à América Saulo e nos mandaram de volta Paulo”.

Pouco tempo depois, enquanto rezava com um grupo de oração em Milão, surpreendi-me fazendo a oração: “Senhor, não permita que eu morra como um professor universitário aposentado!” E o Senhor levou a sério minha oração.

Algumas semanas depois, rezando na cela de meu convento, tive a moção interior de visualizar Jesus que retornava do batismo no Jordão e começava a pregar o Reino de Deus, e ao passar por mim Ele dizia: “Se queres me ajudar a proclamar o Reino de Deus, deixa tudo e vem!”

Compreendi que Ele queria dizer: “Deixa tua cátedra na Universidade, tua direção de Departamento e te tornes um pregador itinerante da Palavra de Deus, no estilo de São Francisco de Assis”. E ao final daquela oração o Espírito havia colocado em meu coração um “sim”.

Fui ao meu superior geral dizer-lhe que me sentia chamado pelo Senhor. Ele me pediu para esperar um ano. Depois de um ano, ele disse: “Sim, é vontade de Deus, vá”. Assim, tornei-me pregador.

Foi o Espírito Santo e a experiência carismática que fizeram deste velho professor universitário um pregador do Evangelho.



A Casa Pontifícia


Três meses depois, recebi um telefonema de Roma, do meu superior geral que me dizia que o Santo Padre, João Paulo II, havia me escolhido como pregador da Casa Pontifícia. O Papa, com tudo o que tem para fazer, cada sexta-feira de manhã, durante a Quaresma e o Advento, deixa tudo e vem escutar a pregação de um frade capuchinho. Quantos de nós vão escutar pregações como o Papa? Ele não falta nunca. Certa vez, estando em viagem pela América Central, faltou a duas pregações; na sexta-feira seguinte, foi ao meu encontro e pediu desculpas por ter faltado a duas pregações.

Foi-me dada a oportunidade de fazer ressoar ali, no centro da Igreja, o que o Espírito Santo está fazendo na Igreja. O Senhor escolheu esse pobre frade capuchinho para fazer chegar ao coração da Igreja aquilo que vivemos aqui, esta força, esta esperança, esta certeza de que o Espírito Santo realizou um novo Pentecostes na Igreja.

Um dia, entendi que era hora de falar ao Papa, aos Cardeais, aos Bispos sobre a efusão no Espírito. Entre outras coisas, eu disse: “Alguns dizem que tendo recebido o Espírito Santo na Ordenação, no Batismo, não temos necessidade desta oração pedindo a efusão no Espírito, mas Jesus não poderia responder: “Eu também não estava cheio do Espírito desde o nascimento de Maria, e mesmo assim fui ao Jordão para ser batizado por um leigo que se chamava João Batista?”

No final da pregação, eu tinha um certo temor e veio ao meu encontro um Cardeal que me disse: “Hoje, nesta sala, ouvimos falar o Espírito Santo”.

O Santo Padre também sabe de minha experiência, pois lhe contei pessoalmente. Mesmo assim, já faz mais de 20 anos, e ele não me mandou embora. E aquilo que vocês encontram nos meus livros, quase tudo foi escutado antes pelo Papa.

Quero lhes contar um último detalhe que nos faz conhecer a grande paciência do Santo Padre e o seu imenso amor pela palavra de Deus. Uma vez por ano devo fazer a pregação, na Basílica de São Pedro, com o Papa que preside a celebração. É porém a única vez que não é ele quem prega. Lida a narração da Paixão, é o pregador da Casa Pontifícia quem deve subir ao altar do Papa e pregar. Na primeira vez, os degraus me pareciam mais altos que o monte Evereste. Falando na Basílica, dei-me conta de que deveria falar muito lentamente, porque há uma grande ressonância. Mas, falando lentamente, o tempo passava e ultrapassou em cerca de dez minutos o tempo previsto. Vocês sabem que imediatamente após essa pregação, toda sexta-feira da Paixão, o Papa vai ao Coliseu fazer a via-sacra, e o secretário, naturalmente, estava muito nervoso e olhava o relógio de vez em quando. No dia seguinte, disse às freiras que depois daquela função, o Papa o chamou e, com muita gentileza, disse: “Quando um homem de Deus fala, nunca devemos olhar o relógio”.



Coragem, e ao trabalho!


No dia em que meu superior me permitiu iniciar essa vida nova, no ofício das leituras havia um texto do profeta Ageu: “Coragem, Josué, sumo sacerdote, coragem Zorobabel, coragem todo o povo deste país, e ao trabalho. Coragem porque eu estou convosco, diz o Senhor” (Ag 2,4).

Lida essa passagem, fui à Praça de São Pedro e, olhando para a janela do Papa, comecei a gritar: “Coragem João Paulo II, mesmo se sabemos que és o homem mais corajoso do mundo; coragem Cardeais e Bispos, e ao trabalho, porque eu estou convosco, diz o Senhor”. Isso era fácil, pois não tinha ninguém lá, mas três meses depois eu me encontrava diante do Santo Padre e dos Cardeais e Bispos, e proclamei novamente aquela palavra de Ageu.

Hoje, anuncio estas palavras também a vocês: coragem, povo de Deus, e ao trabalho, à evangelização, à renovação da Igreja, porque eu estou convosco, diz o Senhor!

Frei Raniero Cantalamessa OFM Capuchinho

Goiânia sediará encontro com Frei Raniero Cantalamessa.

“A túnica era sem costura” Homilia da ultima Sexta Feira Santa.

Radicais Tradicionalis criticam a Pregação de Frei Raniero Cantalamessa em Roma.



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Seminário de Vida no Espirito
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Amar é a primeira e a ultima opção.

Ao corrigir o irmão, a primeira regra é o amor.

Comentário do Pe. Cantalamessa sobre a liturgia dominical.

XXIII Domingo do Tempo Comum

Ezequiel 33, 7-9; Romanos 13, 8-10; Mateus 18, 15-20

Se teu irmão chegar a pecar…

No Evangelho deste domingo lemos: «Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: ‘Se teu irmão chegar a pecar, vai e repreendê-o, a sós tu e ele. Se te escutar, terás ganhado um irmão’». Jesus fala de toda culpa; não restringe ao campo apenas do que se comete contra nós. Neste último caso, de fato, é praticamente impossível distinguir se o que nos move é o zelo pela verdade ou nosso amor próprio ferido. Em todo caso, seria mais uma autodefesa que uma correção fraterna. Quando a falta é contra nós, o primeiro dever não é a correção, mas o perdão.

Por que Jesus diz: «repreende-o a sós»? Antes de tudo, por respeito ao bom nome do irmão, à sua dignidade. O pior seria pretender corrigir um homem na presença da sua esposa, ou uma mulher na presença do seu marido; um pai diante de seus filhos, um professor na presença dos seus alunos, um superior diante dos seus subordinados. Isto é, na presença das pessoas cujo respeito e estima para alguém importa mais. O assunto se converte imediatamente em um processo público. Será muito difícil que a pessoa aceite de bom grado a correção.

Ele diz «a sós tu e ele» também para dar à pessoa a possibilidade de defender-se e explicar sua própria ação com toda liberdade. Muitas vezes, com efeito, aquilo que para um observador externo parece uma culpa, na intenção de quem a cometeu não o é. Uma explicação sincera dissipa muitos mal-entendidos. Mas isso deixa de ser possível quando o tema é conhecido por muitos.

Quando por qualquer motivo não é possível corrigir fraternalmente, a sós, na presença da pessoa que errou, há algo que se deve evitar absolutamente: a divulgação, sem necessidade, da culpa do irmão, falar mal dele ou inclusive caluniá-lo, dando por provado aquilo que não o é ou exagerando a culpa. «Não faleis mal uns dos outros», diz a Escritura (Tiago 4, 11). A fofoca não é menos mal ou menos grave só porque agora é chamada de «gossip».

Uma vez uma mulher foi se confessar com São Felipe Néri, acusando-o de ter falado mal de algumas pessoas. O santo a absolveu, mas lhe pôs uma estranha penitência. Disse-lhe que fosse para casa, pegasse uma galinha e voltasse onde ele estava, depenando-a pouco a pouco ao longo do caminho. Quando esteve novamente diante dele, ele lhe disse: «Agora volta para casa e recolhe uma por uma das penas que deixaste cair quando vinhas para cá». A mulher lhe mostrou a impossibilidade: o vento as havia dispersado. Aí é onde queria chegar São Felipe. «Vês – disse-lhe – que é impossível recolher as penas uma vez que o vento as levou? Da mesma forma é impossível retirar murmurações e calúnias, uma vez que saíram da boca.»

Voltando ao tema da correção, deve-se dizer que nem sempre depende de nós o bom resultado ao fazer uma correção (apesar de nossas melhores disposições, o outro pode não aceitar, obstinar-se); contudo, depende sempre e exclusivamente de nós o bom resultado… ao receber uma correção. De fato, a pessoa que «cometeu a culpa» bem poderá ser eu e quem corrige ser o outro: o marido, a mulher, o amigo, o irmão de comunidade ou o padre superior.

Em resumo, não existe só a correção ativa, mas também a passiva; não só o dever de corrigir, mas também o dever de deixar-se corrigir. Mais ainda: aqui é onde se vê se alguém amadureceu o bastante como para corrigir os demais. Quem quer corrigir o outro deve estar disposto também a deixar-se corrigir. Quando vês alguém receber uma observação e responder com simplicidade: «Tens razão, obrigado por ter me dito isso!», admira-o: estás diante de um autêntico homem ou de uma autêntica mulher.

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O ensinamento de Cristo sobre a correção fraterna deveria ser lido sempre junto ao que Ele disse em outra ocasião: «Como olhas o cisco no olho do teu irmão e não vês a trave que há em teu? Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão, deixa que tire o cisco que há em teu olho’, não vendo tu mesmo a trave que há no teu?» (Lc 6, 41s.).

O que Jesus nos ensinou sobre a correção pode ser também muito útil quanto à educação dos filhos. A correção é um dos deveres fundamentais do progenitor: «Que filho há a quem seu pai não corrige?» (Hb 12, 7); e também: «Endereça a planta enquanto está terna, se não queres que cresça irremediavelmente torcida». A renúncia total a toda forma de correção é um dos piores serviços que se pode fazer aos filhos e hoje infelizmente isso é freqüentíssimo.

Só se deve evitar que a própria correção se transforme em um ato de acusação ou em uma crítica. Ao corrigir, deve-se circunscrever a reprovação ao erro cometido, não generalizá-la, rejeitando toda a pessoa e sua conduta. Mais ainda: aproveitar a correção para pôr em primeiro plano todo o bem que se reconhece no jovem e o muito que se espera dele, de maneira que a correção se apresente mais como um estímulo que como uma desqualificação. Este era o método que São João Bosco usava com seus jovens.

Não é fácil, em casos individuais, compreender se é melhor corrigir ou deixar passar, falar ou calar. Por isso, é importante levar em conta a regra de ouro, válida para todos os casos, que o Apóstolo dá na segunda leitura: «Com ninguém tenhais outra dívida que a do amor mútuo… O amor não faz mal ao próximo». Agostinho sintetizou tudo isso na máxima «Ama e faze o que queres». É preciso garantir antes de tudo que haja no coração uma disposição fundamental de acolhida para da pessoa. Depois, o que se decida fazer, seja corrigir ou calar, estará bem, porque o amor «jamais causa dano a ninguém».


Fonte: Notícias RTP.PT – Portugal.

http://tv1.rtp.pt/noticias/?t=Pregador-oficial-do-Papa-Bento-XVI-pede-desculpas.rtp&article=333432&visual=3&layout=10&tm=7


Jesus é Misericordioso

Temos um grande sumo sacerdote !

“Temos um grande sumo sacerdote”. Pregação da Sexta-Feira Santa 2010.

Pregação que gerou a grande polêmica sobre o antisemitismo e as associações de vítimas da Pedofilia.

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“Temos um grande Sumo Sacerdote que atravessou os céus, Jesus, o Filho de Deus”: assim se inicia o trecho da Carta aos Hebreus que ouvimos na segunda leitura. No ano sacerdotal, a liturgia da Sexta-feira Santa nos convida a percorrer a origem histórica do sacerdócio cristão.Esta é a fonte de ambas realizações do sacerdócio: aquela ministerial, dos bispos e presbíteros, e aquela universal, de todos os fiéis. Também esta, de fato, está fundamentada no sacrifício de Cristo que, como diz o Apocalipse, “nos ama, que nos lavou de nossos pecados no seu sangue e que fez de nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai” (Ap 1, 5-6).

É de vital importância, portanto, compreender a natureza do sacrifício e do sacerdócio de Cristo, pois é neles que sacerdotes e leigos, embora de maneiras diferentes, devem se inspirar e buscar viver suas exigências.

A Carta aos Hebreus explica no que consiste a novidade e o caráter único do sacerdócio de Cristo, não apenas com relação ao sacerdócio da antiga aliança, mas também, como nos ensina a história das religiões, com relação a toda instituição sacerdotal, inclusive fora da Bíblia. “Cristo, sumo sacerdote dos bens vindouros […] adentrou de uma vez por todas no santuário, não com o sangue de carneiros ou novilhos, mas com seu próprio sangue”. Desse modo, adquiriu para nós a redenção eterna. “Pois se o sangue de carneiros e de touros e a cinza de uma vaca, com que se aspergem os impuros, santificam e purificam pelo menos os corpos, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu como vítima sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência das obras mortas para o serviço do Deus vivo!” (Hb 9, 11-14).

Qualquer outro sacerdote oferece algo externo a si, mas Cristo ofereceu a si próprio; qualquer outro sacerdote oferece vítimas, mas Cristo ofereceu a si mesmo como vítima! Santo Agostinho sintetizou em uma fórmula bem conhecida este novo gênero de sacerdócio, no qual sacerdote e vítima são uma coisa só: “Ideo sacerdos, quia sacrificium”: “sacerdote porque vítima” [1].

Em 1972, um célebre pensador francês lançava a tese segundo a qual “a violência é o coração e a alma secreta do sagrado” [2]. De fato, na origem e no centro de qualquer religião está o sacrifício, e o sacrifício encerra morte e destruição. O jornal “Le Monde” saudava esta afirmação, dizendo que fazia daquele ano “um ano a ser assinalado com um asterisco nos anais da humanidade”. No entanto, já anteriormente a esta data, este estudioso se aproximara do cristianismo, e na Páscoa de 1959, havia tornado pública sua “conversão”, declarando-se crente e voltando à Igreja.

Isto o permitiu, em seus estudos subsequentes, não se deter na análise do mecanismo da violência, mas expor os meios de superá-la. Infelizmente, muitos continuam a citar René Girard apenas como aquele que denunciou a ligação entre o sagrado e a violência, mas não mencionam o Girard que evidenciou, no mistério pascal de Cristo, a ruptura total e definitiva desta ligação. Para ele, Jesus desmascara e desfaz o mecanismo de bode expiatório que sacraliza a violência, ao fazer-se ele próprio, inocente, vítima de toda a violência [3]. O processo no qual estaria a gênese da religião, segundo Freud, é assim derrubado.

Em Cristo, é Deus quem se faz vítima, e não a vítima (para Freud, o pai primordial) que, ao ser sacrificada, é sucessivamente elevada à dignidade divina (o Pai dos céus). Já não é o homem que oferece sacrifícios a Deus, mas é Deus quem se “sacrifica” pelo homem, entregando à morte seu Filho unigênito (cf. Jo 3,16). Assim, o sacrifício não mais se destina a “aplacar” a divindade, mas a aplacar o homem, fazendo-o renunciar a sua hostilidade nas relações com Deus e com o próximo.

Cristo não veio portando o sangue de outros, mas seu próprio sangue. Não pôs seus próprios pecados sobre os ombros de outros – fossem homens ou animais; ao contrário, sustentou os pecados dos outros sobre seus próprios ombros: “Carregou os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro” (1 Pe 2, 24).

É possível, então, continuar a falar em sacrifício ao referir-se à morte de Cristo, e portanto à Missa? Durante muito tempo, o estudioso citado rejeitou esta ideia, considerando-a por demais associada ao conceito de violência; mas, posteriormente, passou a aceitar a possibilidade de um novo gênero de sacrifício em Cristo, vendo nessa mudança de significado “o fato central da história religiosa da humanidade”.

Visto sob essa ótica, o sacrifício de Cristo contém uma mensagem formidável para o mundo de hoje. Grita para o mundo que a violência é um resíduo arcaico, uma regressão a estágios primitivos e superados da história humana e, em se tratando de crentes, um retardamento censurável e escandaloso frente à tomada de consciência do salto de qualidade operado por Cristo.

Lembra-nos também que a violência está derrotada. Em quase todos os mitos antigos, a vítima é a derrotada e o carrasco, o vencedor. Jesus alterou o sentido da vitória. Inaugurou um novo gênero de vitória, que não consiste em fazer vítimas, mas sim em fazer-se vítima. “Victor quia victima!”, vencedor porque vítima, assim Agostinho define o Jesus da cruz [4].

O valor moderno da defesa das vítimas, dos fracos e da vida ameaçada tem origem no terreno do cristianismo, sendo um fruto tardio da revolução operada por Cristo. Dispomos de uma contra-prova.

Somente ao abandonar a visão cristã (como fez Nietzsche) para retomar a pagã, é que se perde esta conquista e volta-se a exaltar “o forte, o poderoso, até sua expressão mais sublime, o super-homem”, definindo-se a moral cristã como “uma moral de escravos”, fruto do ressentimento impotente contra os fortes.

Lamentavalmente, porém, a mesma cultura moderna que condena a violência a favorece e exalta, paralelamente. Rasgamos as vestes diante de alguns acontecimentos sanguinários, mas não nos damos conta de que se prepara o terreno para que estes ocorram justamente com aquilo que é anunciado nas páginas dos jornais ou nos programas de televisão.

O gosto com o qual se fala da violência e a sanha de ser o primeiro e mais cru ao descrevê-la nada mais fazem que promovê-la. O resultado não é uma catarse do mal, mas sim um incitamento a este. É inquietante que a violência e o sangue tenham se tornado alguns dos ingredientes de maior apelo nos filmes e nos vídeo-games, e que sejamos tão atraídos por eles a ponto de nos parecer divertido contemplá-los.

O mesmo estudioso que já mencionamos evidenciou a matriz na qual se dá o mecanismo da violência: o mimetismo, aquela inclinação humana inata de considerar desejáveis as coisas desejadas pelos outros, e que leva a repetir aquilo que vemos outros fazerem. A psicologia do pacote é justo aquela que conduz à escolha do “bode expiatório”, para encontrar, na luta contra um inimigo comum – em geral, o elemento mais frágil, o diferente – uma coesão, ainda que momentânea e artificial.

Temos exemplos desta dinâmica na violência recorrente nos estádios de futebol, no bullying nas escolas e em certas manifestações públicas que deixam um rastro de destruição por onde passam. Uma geração de jovens que teve o raríssimo privilégio de não ter conhecido uma verdadeira guerra e de não terem sido jamais convocados às armas, diverte-se (por que se trata de uma brincadeira, ainda que estúpida e eventualmente trágica) inventando pequenas guerras, impelidos pelos mesmos instintos que moviam as hordas primordiais.

Mas há uma violência ainda mais grave e disseminada do que esta dos jovens nos estádios e nas ruas. Não me refiro àquela violência dirigida às crianças, com a qual estão manchados até mesmo elementos do clero; sobre essa violência já se fala suficientemente em outros âmbitos. Falo da violência contra a mulher. Esta é uma ocasião apropriada para levar as pessoas e instituições que lutam contra essa violência à compreensão de que Cristo é seu melhor aliado.

Trata-se de uma violência que se torna ainda mais grave quando cometida no abrigo e na intimidade do lar, frequentemente justificada com base em preconceitos pseudo-religiosos e culturais. As vítimas encontram-se desesperadamente sós e indefesas. Somente hoje, graças ao apoio das muitas associações e instituições, é que algumas mulheres encontram forças para denunciar seus agressores.

Muito dessa violência tem um fundo sexual. É o macho que acredita demonstrar sua virilidade ao submeter a mulher, sem se dar conta de que, desse modo, evidencia tão simplesmente sua insegurança e sua covardia. Também na relação com a mulher que erra, que contraste há entre o agir de Cristo e aquele que ainda verificamos em certos ambientes! O fanatismo invoca o apedrejamento; Cristo responde, àqueles que lhe haviam apresentado a adúltera: “Quem de vós não tiver pecado, que atire a primeira pedra” (Jo 8, 7). O adultério é um pecado que se comete sempre a dois, mas para o qual apenas um tem sido sempre (em algumas partes do mundo, ainda hoje) punido.

A violência contra a mulher torna-se ainda mais odiosa ao refugiar-se justamente no ambiente onde deveria reinar o respeito recíproco e o amor – na relação marido e mulher. É verdade que a violência não advém sempre de uma das partes, e que se pode ser violento também com a língua e não apenas com as mãos; mas não se pode negar que, na vasta maioria dos casos, a vítima é a mulher.

Há famílias nas quais o homem se julga autorizado a levantar a voz e as mãos para a dona de casa. Esposa e filhos vivem sob a constante ameaça da “ira do papai”. A estes homens talvez valesse dizer: “Caros colegas homens, criando-vos varões, Deus não vos concedeu o direito de bater os punhos contra a mesa por qualquer motivo. A palavra dirigida a Eva após sua culpa “Ele (homem) te dominará” (Gn 3,16), era uma amarga previsão, não uma autorização.

João Paulo II inaugurou a prática de pedir perdão por erros coletivos. Um desses pedidos de perdão, talvez entre os mais justos e necessários, é o perdão que uma metade da humanidade deveria pedir à outra metade, os homens às mulheres. Esse pedido não deve permanecer genérico ou abstrato. Deve levar a gestos concretos de conversão, a palavras de desculpas e de reconciliação no seio da família e da sociedade.

O trecho da Carta aos Hebreus que ouvimos prossegue dizendo: “Nos dias de sua carne, em alta voz e com lágrimas nos olhos, ofereceu orações e súplicas àquele que poderia salvá-lo da morte”. Jesus conheceu toda a crueza da condição de vítima, o grito sufocado e as lágrimas silenciosas. Na verdade, “não dispomos de um sumo sacerdote que não possa partilhar conosco nossas fraquezas”. Em cada vítima da violência Cristo revive misteriosamente sua experiência terrena. A esse propósito diz ele “foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25, 40).

Por uma rara coincidência, neste ano nossa Páscoa cai na mesma semana da Páscoa judaica, que é a matriz na qual esta se constituiu. Isso nos estimula a voltar nosso pensamento aos nossos irmãos judeus. Estes sabem por experiência própria o que significa ser vítima da violência coletiva e também estão aptos a reconhecer os sintomas recorrentes. Recebi nestes dias uma carta de um amigo judeu e, com sua permissão, compartilho um trecho convosco. Dizia:

“Tenho acompanhado com desgosto o ataque violento e concêntrico contra a Igreja, o Papa e todos os féis do mundo inteiro. O recurso ao estereótipo, a passagem da responsabilidade pessoal para a coletividade me lembram os aspectos mais vergonhosos do anti-semitismo. Desejo, portanto, expressar à ti pessoalmente, ao Papa e à toda Igreja minha solidariedade de judeu do diálogo e de todos aqueles que no mundo hebraico (e são muitos) compartilham destes sentimentos de fraternidade. A nossa Páscoa e a vossa têm indubitáveis elementos de alteridade, mas ambas vivem na esperança messiânica que seguramente reunirá no amor do Pai comum. Felicidades a ti e a todos os católicos e Boa Páscoa”.

Também nós, católicos, felicitamos os irmãos judeus, desejando-lhes Boa Páscoa. E o fazemos com palavras de seu antigo mestre Gamaliel, inseridas no Seder pascal hebraico e incorporadas na mais antiga liturgia cristã:

“Ele nos conduziu

da escravidão à liberdade,

da tristeza à alegria,

do luto à festa,

das trevas à luz,

da servidão à redenção

Por isso diante dele dizemos: Aleluia” [5]

[Tradução de Paulo Marcelo Silva –

Agência ZENIT]

* * *

Notas originais em italiano:

[1] S. Agostino, Confessioni, 10,43.


[2] Cfr. R. Girard, La violence et le sacré, Grasset, Parigi 1972
[3] M. Kirwan, Discovering Girard, Londra 2004.
[4] S. Agostino, Confessioni, 10,43.
[5] Pesachim, X,5 e Melitone di Sardi, Omelia pasquale,68 (SCh 123, p.98).

Leia o texto completo…



Frei Raniero Cantalamessa

Pregações na Casa Pontifícia

O Frei Capuchinho Raniero Cantalamessa, Pregador oficial de Bento XVI leu uma carta durante sua pregação desta Sexta-feira Santa em que se fazia um paralelo entre as acusações contra o Papa e contra a Igreja a propósito dos escândalos da Pedofilia com o antisemitismo, fato que não foi bem interpretado por muitas pessoas e por isso o Frei Raniero vem a público pedir desculpas em seu nome e em nome do Papa Bento XVI aos judeus e às vítimas da pedofilia.


Fonte: Pag. Oficial de Frei Raniero.

http://www.cantalamessa.org/pt/predicheView.php?id=357


Jesus é Misericordioso
Páscoa


“Temos um grande Sumo Sacerdote que atravessou os céus, Jesus, o Filho de Deus”: assim se inicia o trecho da Carta aos Hebreus que ouvimos na segunda leitura. No ano sacerdotal, a liturgia da Sexta-feira Santa nos convida a percorrer a origem histórica do sacerdócio cristão.Esta é a fonte de ambas realizações do sacerdócio: aquela ministerial, dos bispos e presbíteros, e aquela universal, de todos os fiéis. Também esta, de fato, está fundamentada no sacrifício de Cristo que, como diz o Apocalipse, “nos ama, que nos lavou de nossos pecados no seu sangue e que fez de nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai” (Ap 1, 5-6).

É de vital importância, portanto, compreender a natureza do sacrifício e do sacerdócio de Cristo, pois é neles que sacerdotes e leigos, embora de maneiras diferentes, devem se inspirar e buscar viver suas exigências.

A Carta aos Hebreus explica no que consiste a novidade e o caráter único do sacerdócio de Cristo, não apenas com relação ao sacerdócio da antiga aliança, mas também, como nos ensina a história das religiões, com relação a toda instituição sacerdotal, inclusive fora da Bíblia. “Cristo, sumo sacerdote dos bens vindouros […] adentrou de uma vez por todas no santuário, não com o sangue de carneiros ou novilhos, mas com seu próprio sangue”. Desse modo, adquiriu para nós a redenção eterna. “Pois se o sangue de carneiros e de touros e a cinza de uma vaca, com que se aspergem os impuros, santificam e purificam pelo menos os corpos, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu como vítima sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência das obras mortas para o serviço do Deus vivo!” (Hb 9, 11-14).

Qualquer outro sacerdote oferece algo externo a si, mas Cristo ofereceu a si próprio; qualquer outro sacerdote oferece vítimas, mas Cristo ofereceu a si mesmo como vítima! Santo Agostinho sintetizou em uma fórmula bem conhecida este novo gênero de sacerdócio, no qual sacerdote e vítima são uma coisa só: “Ideo sacerdos, quia sacrificium”: “sacerdote porque vítima” [1].

Em 1972, um célebre pensador francês lançava a tese segundo a qual “a violência é o coração e a alma secreta do sagrado” [2]. De fato, na origem e no centro de qualquer religião está o sacrifício, e o sacrifício encerra morte e destruição. O jornal “Le Monde” saudava esta afirmação, dizendo que fazia daquele ano “um ano a ser assinalado com um asterisco nos anais da humanidade”. No entanto, já anteriormente a esta data, este estudioso se aproximara do cristianismo, e na Páscoa de 1959, havia tornado pública sua “conversão”, declarando-se crente e voltando à Igreja.

Isto o permitiu, em seus estudos subsequentes, não se deter na análise do mecanismo da violência, mas expor os meios de superá-la. Infelizmente, muitos continuam a citar René Girard apenas como aquele que denunciou a ligação entre o sagrado e a violência, mas não mencionam o Girard que evidenciou, no mistério pascal de Cristo, a ruptura total e definitiva desta ligação. Para ele, Jesus desmascara e desfaz o mecanismo de bode expiatório que sacraliza a violência, ao fazer-se ele próprio, inocente, vítima de toda a violência [3]. O processo no qual estaria a gênese da religião, segundo Freud, é assim derrubado.

Em Cristo, é Deus quem se faz vítima, e não a vítima (para Freud, o pai primordial) que, ao ser sacrificada, é sucessivamente elevada à dignidade divina (o Pai dos céus). Já não é o homem que oferece sacrifícios a Deus, mas é Deus quem se “sacrifica” pelo homem, entregando à morte seu Filho unigênito (cf. Jo 3,16). Assim, o sacrifício não mais se destina a “aplacar” a divindade, mas a aplacar o homem, fazendo-o renunciar a sua hostilidade nas relações com Deus e com o próximo.

Cristo não veio portando o sangue de outros, mas seu próprio sangue. Não pôs seus próprios pecados sobre os ombros de outros – fossem homens ou animais; ao contrário, sustentou os pecados dos outros sobre seus próprios ombros: “Carregou os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro” (1 Pe 2, 24).

É possível, então, continuar a falar em sacrifício ao referir-se à morte de Cristo, e portanto à Missa? Durante muito tempo, o estudioso citado rejeitou esta ideia, considerando-a por demais associada ao conceito de violência; mas, posteriormente, passou a aceitar a possibilidade de um novo gênero de sacrifício em Cristo, vendo nessa mudança de significado “o fato central da história religiosa da humanidade”.

Visto sob essa ótica, o sacrifício de Cristo contém uma mensagem formidável para o mundo de hoje. Grita para o mundo que a violência é um resíduo arcaico, uma regressão a estágios primitivos e superados da história humana e, em se tratando de crentes, um retardamento censurável e escandaloso frente à tomada de consciência do salto de qualidade operado por Cristo.

Lembra-nos também que a violência está derrotada. Em quase todos os mitos antigos, a vítima é a derrotada e o carrasco, o vencedor. Jesus alterou o sentido da vitória. Inaugurou um novo gênero de vitória, que não consiste em fazer vítimas, mas sim em fazer-se vítima. “Victor quia victima!”, vencedor porque vítima, assim Agostinho define o Jesus da cruz [4].

O valor moderno da defesa das vítimas, dos fracos e da vida ameaçada tem origem no terreno do cristianismo, sendo um fruto tardio da revolução operada por Cristo. Dispomos de uma contra-prova.

Somente ao abandonar a visão cristã (como fez Nietzsche) para retomar a pagã, é que se perde esta conquista e volta-se a exaltar “o forte, o poderoso, até sua expressão mais sublime, o super-homem”, definindo-se a moral cristã como “uma moral de escravos”, fruto do ressentimento impotente contra os fortes.

Lamentavalmente, porém, a mesma cultura moderna que condena a violência a favorece e exalta, paralelamente. Rasgamos as vestes diante de alguns acontecimentos sanguinários, mas não nos damos conta de que se prepara o terreno para que estes ocorram justamente com aquilo que é anunciado nas páginas dos jornais ou nos programas de televisão.

O gosto com o qual se fala da violência e a sanha de ser o primeiro e mais cru ao descrevê-la nada mais fazem que promovê-la. O resultado não é uma catarse do mal, mas sim um incitamento a este. É inquietante que a violência e o sangue tenham se tornado alguns dos ingredientes de maior apelo nos filmes e nos vídeo-games, e que sejamos tão atraídos por eles a ponto de nos parecer divertido contemplá-los.

O mesmo estudioso que já mencionamos evidenciou a matriz na qual se dá o mecanismo da violência: o mimetismo, aquela inclinação humana inata de considerar desejáveis as coisas desejadas pelos outros, e que leva a repetir aquilo que vemos outros fazerem. A psicologia do pacote é justo aquela que conduz à escolha do “bode expiatório”, para encontrar, na luta contra um inimigo comum – em geral, o elemento mais frágil, o diferente – uma coesão, ainda que momentânea e artificial.

Temos exemplos desta dinâmica na violência recorrente nos estádios de futebol, no bullying nas escolas e em certas manifestações públicas que deixam um rastro de destruição por onde passam. Uma geração de jovens que teve o raríssimo privilégio de não ter conhecido uma verdadeira guerra e de não terem sido jamais convocados às armas, diverte-se (por que se trata de uma brincadeira, ainda que estúpida e eventualmente trágica) inventando pequenas guerras, impelidos pelos mesmos instintos que moviam as hordas primordiais.

Mas há uma violência ainda mais grave e disseminada do que esta dos jovens nos estádios e nas ruas. Não me refiro àquela violência dirigida às crianças, com a qual estão manchados até mesmo elementos do clero; sobre essa violência já se fala suficientemente em outros âmbitos. Falo da violência contra a mulher. Esta é uma ocasião apropriada para levar as pessoas e instituições que lutam contra essa violência à compreensão de que Cristo é seu melhor aliado.

Trata-se de uma violência que se torna ainda mais grave quando cometida no abrigo e na intimidade do lar, frequentemente justificada com base em preconceitos pseudo-religiosos e culturais. As vítimas encontram-se desesperadamente sós e indefesas. Somente hoje, graças ao apoio das muitas associações e instituições, é que algumas mulheres encontram forças para denunciar seus agressores.

Muito dessa violência tem um fundo sexual. É o macho que acredita demonstrar sua virilidade ao submeter a mulher, sem se dar conta de que, desse modo, evidencia tão simplesmente sua insegurança e sua covardia. Também na relação com a mulher que erra, que contraste há entre o agir de Cristo e aquele que ainda verificamos em certos ambientes! O fanatismo invoca o apedrejamento; Cristo responde, àqueles que lhe haviam apresentado a adúltera: “Quem de vós não tiver pecado, que atire a primeira pedra” (Jo 8, 7). O adultério é um pecado que se comete sempre a dois, mas para o qual apenas um tem sido sempre (em algumas partes do mundo, ainda hoje) punido.

A violência contra a mulher torna-se ainda mais odiosa ao refugiar-se justamente no ambiente onde deveria reinar o respeito recíproco e o amor – na relação marido e mulher. É verdade que a violência não advém sempre de uma das partes, e que se pode ser violento também com a língua e não apenas com as mãos; mas não se pode negar que, na vasta maioria dos casos, a vítima é a mulher.

Há famílias nas quais o homem se julga autorizado a levantar a voz e as mãos para a dona de casa. Esposa e filhos vivem sob a constante ameaça da “ira do papai”. A estes homens talvez valesse dizer: “Caros colegas homens, criando-vos varões, Deus não vos concedeu o direito de bater os punhos contra a mesa por qualquer motivo. A palavra dirigida a Eva após sua culpa “Ele (homem) te dominará” (Gn 3,16), era uma amarga previsão, não uma autorização.

João Paulo II inaugurou a prática de pedir perdão por erros coletivos. Um desses pedidos de perdão, talvez entre os mais justos e necessários, é o perdão que uma metade da humanidade deveria pedir à outra metade, os homens às mulheres. Esse pedido não deve permanecer genérico ou abstrato. Deve levar a gestos concretos de conversão, a palavras de desculpas e de reconciliação no seio da família e da sociedade.

O trecho da Carta aos Hebreus que ouvimos prossegue dizendo: “Nos dias de sua carne, em alta voz e com lágrimas nos olhos, ofereceu orações e súplicas àquele que poderia salvá-lo da morte”. Jesus conheceu toda a crueza da condição de vítima, o grito sufocado e as lágrimas silenciosas. Na verdade, “não dispomos de um sumo sacerdote que não possa partilhar conosco nossas fraquezas”. Em cada vítima da violência Cristo revive misteriosamente sua experiência terrena. A esse propósito diz ele “foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25, 40).

Por uma rara coincidência, neste ano nossa Páscoa cai na mesma semana da Páscoa judaica, que é a matriz na qual esta se constituiu. Isso nos estimula a voltar nosso pensamento aos nossos irmãos judeus. Estes sabem por experiência própria o que significa ser vítima da violência coletiva e também estão aptos a reconhecer os sintomas recorrentes. Recebi nestes dias uma carta de um amigo judeu e, com sua permissão, compartilho um trecho convosco. Dizia:

“Tenho acompanhado com desgosto o ataque violento e concêntrico contra a Igreja, o Papa e todos os féis do mundo inteiro. O recurso ao estereótipo, a passagem da responsabilidade pessoal para a coletividade me lembram os aspectos mais vergonhosos do anti-semitismo. Desejo, portanto, expressar à ti pessoalmente, ao Papa e à toda Igreja minha solidariedade de judeu do diálogo e de todos aqueles que no mundo hebraico (e são muitos) compartilham destes sentimentos de fraternidade. A nossa Páscoa e a vossa têm indubitáveis elementos de alteridade, mas ambas vivem na esperança messiânica que seguramente reunirá no amor do Pai comum. Felicidades a ti e a todos os católicos e Boa Páscoa”.

Também nós, católicos, felicitamos os irmãos judeus, desejando-lhes Boa Páscoa. E o fazemos com palavras de seu antigo mestre Gamaliel, inseridas no Seder pascal hebraico e incorporadas na mais antiga liturgia cristã:

“Ele nos conduziu

da escravidão à liberdade,

da tristeza à alegria,

do luto à festa,

das trevas à luz,

da servidão à redenção

Por isso diante dele dizemos: Aleluia” [5]

[Tradução de Paulo Marcelo Silva – Agência ZENIT]

* * *

Notas originais em italiano:

[1] S. Agostino, Confessioni, 10,43.
[2] Cfr. R. Girard, La violence et le sacré, Grasset, Parigi 1972
[3] M. Kirwan, Discovering Girard, Londra 2004.
[4] S. Agostino, Confessioni, 10,43.
[5] Pesachim, X,5 e Melitone di Sardi, Omelia pasquale,68 (SCh 123, p.98).

Frei Raniero Cantalamessa pede Desculpas!

O Frei Capuchinho Raniero Cantalamessa, Pregador oficial de Bento XVI leu uma carta durante sua pregação desta Sexta-feira Santa em que se fazia um paralelo entre as acusações contra o Papa e contra a Igreja a propósito dos escândalos da Pedofilia com o antisemitismo, fato que não foi bem interpretado por muitas pessoas e por isso o Frei Raniero vem a público pedir desculpas em seu nome e em nome do Papa Bento XVI aos judeus e às vítimas da pedofilia.

Esteve na origem da ultima polémica lançada à volta do escândalo da Pedofilia na Igreja Católica com vários membros da comunidade internacional judaica a indignar-se com a comparação indireta estabelecida por aquele que é o Pregador oficial do Sumo Pontífice da Igreja Católica, Apostólica Romana. Alguns lembraram que ainda não viram nenhuma segregação de padres católicos nem agressões físicas ou perseguições.

Em artigo publicado neste domingo pelo jornal italiano “Corriere della Será”, Raniero Cantalamessa tenta serenar os ânimos e pôr água fria na fervura pedindo desculpas aos judeus e muito especialmente àqueles que foram vítimas do holocausto nazista.

“Se contra a minha vontade feri a sensibilidade dos judeus e das vítimas da pedofilia, lamento-o profundamente e peço desculpas reafirmando a minha solidariedade com uns e com os outros”, declarou o Padre, único a poder rezar em nome do Papa.

A verdade é que a leitura feita nesta sexta-feira Santa durante a liturgia da Paixão de Cristo com autorização expressa do Papa de uma passagem de uma carta recebida de um judeu que revelava o apoio ao Papa e à Igreja Católica lançou um cataclismo com que a Igreja está a sentir grandes dificuldades para lidar.

“A utilização do estereótipo, a passagem da responsabilidade e da culpa individual à culpa colectiva, lembram-me os aspectos mais vergonhosos do anti-semitismo”, leu Cantalamessa perante milhares de devotos.

A comparação entre o anti-semitismo e o período difícil que a Igreja Católica europeia e norte-americana atravessa com a revelação de uma série de casos “antigos” de pedofilia provocaram uma profunda indignação nas associações de vítimas de pedofilia e nas comunidades judaicas cujos dirigentes se apressaram a exigir desculpas públicas do Sumo Pontífice Bento XVI.

O Vaticano não hesitou em admitir o carácter inapropriado da analogia afirmando que ela não representava a posição oficial da Igreja de Roma e reafirmando que ela não teria sido em todo o caso a intenção do Pregador oficial de Bento XVI, e tudo constituiria uma má interpretação das suas intenções que alegadamente se resumiriam a tornar público um apoio ao Santo Papa e à Igreja.

Na sua entrevista ao diário italiano Ranieri Cantalamessa garantiu aos católicos, aos judeus e às vítimas de pedofilia que Bento XVI não estava ciente do conteúdo da carta que autorizou ser lida na cerimónia litúrgica em causa.


“O Papa não só não inspirou (o sermão) também, como todos os outros, ouvia pela primeira vez as palavras que eu pronunciei durante a liturgia a São Pedro”, garantiu o prelado.

“Ninguém no Vaticano quis ler previamente o texto das minhas prédicas o que considero como uma enorme prova de confiança” acrescenta o franciscano capuchinho ao jornal.

Confirmando o esclarecimento anterior do Vaticano, Cantalamessa confirma que teve a ideia de inserir a carta do seu “amigo judeu” apenas porque ela parecia constituir “um testemunho de solidariedade para com o Papa”. “A minha intenção era absolutamente amigável nada hostil”, garante.

Quanto ao “bom amigo judeu” trata-se de um cidadão “italiano muito ligado à sua religião que me tinha autorizado a revelar o seu nome” acrescentando que não teve a intenção “de o envolver pessoalmente e agora muito menos”.

“Se eu tivesse imaginado que iria provocar uma polémica como esta, nunca a (a carta) teria se tornado pública” assegura o padre franciscano.

Cantalamessa está convencido que o seu amigo judeu nunca quis estabelecer uma comparação entre as perseguições aos judeus às atuais acusações de pedofilia e de encobrimento de atos de pedofilia de que a Igreja Católica tanto europeia como norte-americana enfrentam neste momento, mas antes

“estigmatizar um clima de anti-cristianismo que está a difundir-se na nossa sociedade ocidental”, acrescenta o polémico prelado.

.Leia o texto completo…



Frei Raniero Cantalamessa

Pregações na Casa Pontifícia

Pregador do Vaticano responsável por escrever e pronunciar os sermões na basílica de São Pedro durante a Quaresma e a Páscoa, o padre Cantalamessa, doutor em Teologia que ocupa a função desde 1980, é autor de muitos livros religiosos e apresentador de um programa religioso na televisão italiana.


Fonte: Notícias RTP.PT – Portugal.

http://tv1.rtp.pt/noticias/?t=Pregador-oficial-do-Papa-Bento-XVI-pede-desculpas.rtp&article=333432&visual=3&layout=10&tm=7


Jesus é Misericordioso
Páscoa


João Batista, mais que um Profeta.

São João Batista

«Mais que um profeta».

http://www.diocesedesantoamaro.com.br/pasaojoaobatista.html

Advento na Casa Pontifícia – 2007-12-14

Na vez passada, partindo do texto de Hebreus 1, 1-3, tentei traçar a imagem de Jesus segundo uma comparação com os profetas. Mas entre o tempo dos profetas e o de Jesus existe uma figura especial que faz o papel de ponte entre os primeiros e o segundo: João Batista. Nada melhor, no Novo Testamento, para evidenciar a novidade de Cristo, que a comparação com João Batista.

O tema do cumprimento, da mudança histórica, emerge nítido dos textos nos quais o próprio Jesus se expressa sobre sua relação com o Precursor. Atualmente os estudiosos reconhecem que as passagens que se lêem ao respeito nos evangelhos não são invenções ou adaptações apologéticas da comunidade, posteriores à Páscoa, mas se remontam na substância ao Jesus histórico. Alguns deles são, de fato, inexplicáveis se são atribuídos à comunidade cristã posterior [1].

Uma reflexão sobre Jesus e João Batista é também a melhor forma de estar em sintonia com a liturgia do Advento. As leituras do Evangelho do segundo e do terceiro domingo do Advento têm, de fato, no centro a figura e a mensagem do Precursor. Há uma progressão no Advento: na primeira semana a voz sobressalente é a do profeta Isaías, que anuncia o Messias de longe; na segunda e terceira semana é a do Batista, que anuncia o Cristo presente; na última semana, o profeta e o Precursor deixam o lugar para a Mãe, que o leva em seu seio.

Nesta capela, temos o Precursor ante nossos olhos em dois momentos. No muro lateral, nós o vemos no ato de batizar Jesus, inclinado para ele em sinal de reconhecimento de sua superioridade; no muro do fundo, na atitude da Déesis típica da iconografia bizantina.



1. A grande mudança


Em texto mais completo no qual Jesus se expressa sobre sua relação com João Batista é a passagem do Evangelho que a liturgia nos fará ler no próximo domingo na Missa. João, desde a prisão, envia seus discípulos para perguntar a Jesus: «És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?»

(Mt 11, 2-6; Lc 7, 19-23).

A pregação do Mestre de Nazaré, a quem ele mesmo havia batizado e apresentado a Israel, parece a João que vai em uma direção diferente da reluzente que ele esperava. Mais que o juízo eminente de Deus, Ele pregava a misericórdia presente, oferecida a todos, justos e pecadores.

O mais significativo de todo o texto é o elogio que Jesus faz a João Batista, após ter respondido à sua pergunta: «O que fostes ver, então? Um profeta? Sim, eu vos digo, e mais do que um profeta […]. Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu nenhum maior do que João, o Batista, e, no entanto, o menor No Reino dos Céus é maior do que ele. Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e violentos se apoderam dele. Porque todos os profetas bem como a Lei profetizaram, até João. E, se quiserdes dar crédito, ele é o Elias que deve vir. Que tem ouvidos, ouça!»

(Mt 11, 9-15).

Uma coisa se vê clara destas palavras: entre a missão de João o Batista e a de Jesus ocorreu algo decisivo, que constitui uma divisória entre duas épocas. O centro de gravidade da história se deslocou: o mais importante já não está em um futuro mais ou menos iminente, mas está «aqui e agora», no reino que já está operante na pessoa de Cristo. Entre as duas pregações, suscitou um salto de qualidade: o menor da nova ordem é superior ao maior da ordem precedente.

Este tema do cumprimento e de mudança de época encontra confirmação em muitos outros contextos do Evangelho. Basta recordar algumas palavras de Jesus como: «Aqui há alguém maior que Jonas […]. Aqui há alguém maior que Salomão!» (Mt 12, 41-42). «Felizes os vossos olhos, porque vêem, e vossos ouvidos, porque ouvem! Em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes, mas não o viram, e ouvir o que vós ouvis, mas não o ouviram» (Mt 13, 16-17). Todas as chamadas «parábolas do Reino» – como a do tesouro escondido e a da pérola preciosa – expressam, de maneira cada vez diferente e nova, a mesma idéia de fundo: com Jesus soou a hora decisiva da história: ante Ele se impõe a decisão da qual depende a salvação.

Foi esta a constatação que impulsionou os discípulos de Bultmann a separar-se do mestre. Bultmann situava Jesus no judaísmo, fazendo d’Ele uma premissa do cristianismo, não um cristão ainda; contudo, ele atribuía a grande mudança à fé da comunidade pós-pascal. Bornkamm e Conzelmann perceberam a impossibilidade destas teses: «a mudança histórica» ocorre já na pregação de Jesus. João pertence às «premissas» e à preparação, mas com Jesus já estamos no tempo do cumprimento.
Em seu livro «Jesus de Nazaré», o Santo Padre confirma esta conquista da exegese mais séria e atualizada. Escreve: «Para que se chegasse a esse confronto radical, de ser concebido até este extremo – de ser entregue aos romanos –, deve ter acontecido, deve ter sido dito algo dramático. O estimulante e o grandioso encontram-se precisamente no princípio; a Igreja em formação só lentamente é que devia reconhecê-los em toda a sua grandeza, gradualmente compreendê-los por meio de uma reflexão que ia se constituindo numa interior ‘recordação’. (…) O grandioso, o novo e estimulante têm sua origem precisamente em Jesus; na fé e na vida da comunidade isso é desenvolvido, mas não criado. Sim, a ‘comunidade’ não teria de modo nenhum se formado nem sobrevivido se uma realidade extraordinária não a precedesse» [2].

Na teologia de Lucas, é evidente que Jesus ocupa «o centro do tempo». Com sua vinda, Ele dividiu a historia em duas partes, criando um «antes» e um «depois» absolutos. Hoje se está convertendo em prática comum, especialmente na imprensa leiga, abandonar o modo tradicional de datar os acontecimentos «antes de Cristo» ou «depois de Cristo» (ante Christum natum e post Christum natum) a favor da fórmula mais neutra «antes da era comum» e «da era comum». É uma opção motivada pelo desejo de não irritar a sensibilidade de povos de outras religiões que utilizam a cronologia cristã. Em tal sentido, é preciso que respeitá-la, mas para os cristãos permanece indiscutível o papel «discriminante» da vinda de Cristo para a história religiosa da humanidade.

2. Ele vos batizará no Espírito Santo

Agora, como sempre, partamos da certeza exegética e teológica evidenciada para chegar ao hoje de nossa vida.

A comparação entre João Batista e Jesus se cristaliza no Novo Testamento na comparação entre o batismo de água e o batismo do Espírito. «Eu vos batizei com água, mas Ele vos batizará com o Espírito Santo» (Mc 1, 8; Mt 3, 11; Lc 3, 16). «Eu não o conhecia – diz João Batista no Evangelho de João –, mas aquele que me enviou para batizar com água, disse-me: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer é o que batiza com o Espírito Santo’» (Jo 1, 33). E Pedro, na casa de Cornélio: «Lembrei-me, então, desta palavra do Senhor: ‘João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo’»

(Atos 11, 16).

O que quer dizer que Jesus é aquele que batiza no Espírito Santo? A expressão não só serve para distinguir o batismo de Jesus do de João; serve para distinguir toda a pessoa e obra de Cristo com relação à do Precursor. Em outras palavras, em toda sua obra, Jesus é aquele que batiza no Espírito Santo. Batizar aqui tem um significado metafórico: quer dizer inundar, envolver por todas as partes, como faz a água com os corpos submersos nela.

Jesus «batiza no Espírito Santo» no sentido de que recebe e dá o Espírito «sem medida» (Jo 3, 34), «infunde» seu Espírito (Atos 2, 3) sobre toda a humanidade redimida. A expressão se refere mais ao acontecimento de Pentecostes que ao sacramento do batismo. «João batizou com água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo dentro de poucos dias» (Atos 1, 5), diz Jesus aos apóstolos, referindo-se evidentemente a Pentecostes, que aconteceria em breve.

A expressão «batizar no Espírito» define, portanto, a obra essencial do Messias, que já nos profetas do Antigo Testamento aparece orientada a regenerar a humanidade mediante uma grande e universal efusão do Espírito de Deus (Jl 3, 1 ss.). Aplicando tudo isso à vida e ao tempo da Igreja, devemos concluir que Jesus ressuscitado não batiza no Espírito Santo unicamente no sacramento do batismo, mas, de maneira diferente, também em outros momentos: na Eucaristia, na escuta da Palavra e, em geral, em todos os meios de graça.

Santo Tomás de Aquino escreve: «Existe uma missão invisível do Espírito cada vez que se realiza um progresso na virtude ou um aumento de graça…; quando alguém passa a uma nova atividade ou a um novo estado de graça» [3]. A própria liturgia da Igreja o inculca. Todas suas orações e seus hinos ao Espírito Santo começam com o grito: «Vinde!»: «Vinde, Espírito Criador», «Vinde, Espírito Santo». Contudo, quem assim reza já recebeu o Espírito uma vez. Quer dizer que o Espírito é algo que recebemos e que devemos receber sempre de novo.


3. O batismo no Espírito


Neste contexto, é preciso aludir ao chamado «batismo no Espírito», que há um século converteu-se em experiência viva para milhões de crentes de quase todas as denominações cristãs. Trata-se de um rito feito de gestos de grande simplicidade, acompanhados de disposições de arrependimento e de fé na promessa de Cristo: «O Pai dará o Espírito Santo a quem pedir».
É uma renovação e uma reativação, não apenas do batismo e da confirmação, mas de todos os eventos de graça do próprio estado: ordenação sacerdotal, profissão religiosa, matrimônio. O interessado prepara-se para isso – além de fazê-lo com uma boa confissão – através de encontros de catequese nos quais se pões de novo em contato vivo e gozoso com as principais verdades e realidades da fé: o amor de Deus, o pecado, a salvação, a vida nova, a transformação em Cristo, os carismas, os frutos do Espírito Santo. Todo um clima caracterizado de profunda comunhão fraterna.

Às vezes, em contrapartida, ocorre espontaneamente, fora de todo esquema; é como se fosse «surpreendido» pelo Espírito. Um homem deu este testemunho: «Estava no avião lendo o último capítulo de um livro sobre o Espírito Santo. Em certo momento, foi como se o Espírito Santo saísse das páginas do livro e entrasse em meu corpo. Começaram a brotar lágrimas dos meus olhos. Comecei a orar. Estava vencido por uma força muito acima de mim» [4].

O efeito mais comum desta graça é que o Espírito Santo, de ser um objeto de fé intelectual, mais ou menos abstrato, converte-se em um fato de experiência. Karl Rahner escreveu: «Não podemos contestar que o homem tenha aqui [na terra. N. do T.]
experiências de graça que lhe dão uma sensação de libertação, abrem-lhe horizontes completamente novos, imprimem-se profundamente nele, transformam-no, moldando, até por longo tempo, sua atitude cristã mais íntima. Nada impede de chamar tais experiências de batismo do Espírito» [5].

Através do que se denomina, precisamente, «batismo do Espírito», tem-se experiência da unção do Espírito Santo na oração, de seu poder no ministério pastoral, de seu consolo na provação, de sua guia nas decisões. Antes ainda que na manifestação dos carismas, é assim como se lhe percebe: como Espírito que transforma interiormente, dá o gosto do louvor a Deus, abre a mente à compreensão das escrituras, ensina a proclamar Jesus como «Senhor» e dá o valor de assumir tarefas novas e difíceis, no serviço de Deus e do próximo.

Neste ano, celebra-se o quadragésimo aniversário do retiro a partir do qual começou, em 1967, a Renovação Carismática na Igreja Católica, que se estima que chegou em poucos anos a não menos que 80 milhões de católicos. Eis aqui como descrevia os efeitos do batismo do Espírito sobre si mesma e sobre o grupo uma das pessoas que estavam presentes naquele primeiro retiro:

«Nossa fé se tornou mais viva; nosso crer se converteu em uma espécie de conhecimento. De repente, o sobrenatural se tornou mais real que o natural. Em uma palavra, Jesus é um ser vivo para nós… A oração e os sacramentos chegaram a ser realmente nosso pão de cada dia, deixando de ser umas genéricas ‘práticas piedosas’. Um amor pelas Escrituras que nunca podia imaginar, uma transformação de nossas relações com os demais, uma necessidade e uma força de dar testemunho muito além de toda expectativa: tudo isso chegou a fazer parte de nossa vida. A experiência inicial do batismo do Espírito não nos proporcionou uma especial emoção externa, mas nossa vida encheu-se de serenidade, confiança, alegria e paz… Cantamos o Veni creator Spiritus antes de cada reunião, levando a sério o que dizíamos, e tudo isso nos situa em uma perfeita atmosfera ecumênica» [6].

Todos vemos com clareza que estas são precisamente as coisas de que a Igreja mais necessita hoje para anunciar o Evangelho a um mundo relutante diante da fé e do sobrenatural. Não é que estejam chamados a experimentar a graça de um novo Pentecostes desta forma. Mas todos estamos chamados a não permanecer fora desta «corrente de graça» que a Igreja do pós-Concílio atravessa. João XXIII falou, em seu tempo, de um «novo Pentecostes»; Paulo VI foi além e falou de um «perene Pentecostes», de um Pentecostes contínuo. Vale a pena voltar a ouvir as palavras que ele pronunciou em uma audiência geral:

«Perguntamo-nos mais de uma vez… qual é a necessidade, primeira e última, que advertimos para esta nossa bendita e amada Igreja. Temos de dizer quase tremendo e suplicando, já que, como sabeis, trata-se de seu mistério e de sua vida: o Espírito, o Espírito Santo, o animador e santificador da Igreja, sua respiração divina, o vento que sopra em suas velas, seu princípio unificador, sua fonte interior de luz e força, seu apoio e seu consolador, sua fonte de carismas e cantos, sua paz e sua alegria, sua prenda e prelúdio de vida bem-aventurada e eterna. A Igreja necessita de seu perene Pentecostes: necessita do fogo no coração, palavra nos lábios, profecia no olhar… A Igreja necessita recuperar o ímpeto, a satisfação, a certeza de sua verdade» [7].

O filósofo Heidegger concluía sua análise da sociedade com a voz de alarme: «Só um deus pode nos salvar». Este Deus que nos pode salvar, e que nos salvará, nós, cristãos, o conhecemos: é o Espírito Santo! Atualmente cresce a moda da aromaterapia. Consiste na utilização de óleos essenciais que emanam perfume para manter a saúde ou como terapia de alguns transtornos. A internet está cheia de propagandas de aromaterapia. Não se contenta prometendo com eles bem-estar físico como a cura do estresse; existem também «perfumes da alma», por exemplo, o perfume para obter «a paz interior».

Os médicos convidam a desconfiar desta prática, que não está cientificamente comprovada e, mais ainda, em alguns casos tem contradições. Mas o que quero dizer é que existe uma aromaterapia segura, infalível, que não tem contra-indicações: a que está feita como o aroma especial, com o «sagrado crisma da alma», que é o Espírito Santo! Santo Inácio de Antioquia escreveu: «O Senhor recebeu sobre sua cabeça uma unção perfumada (myron) para exalar sobre a Igreja a incorruptibilidade» [8].

O Espírito Santo é especialista sobretudo nas doenças do matrimônio e da família, que são os grandes enfermos de hoje. O casamento consiste em doar-se um ao outro, é o sacramento de fazer-se doação. O Espírito Santo é o dom feito pessoa; é a doação do Pai ao Filho e do Filho ao Pai. Onde Ele chega, renasce a capacidade de tornar-se dom, e com ela a alegria e a beleza dos esposos de viverem juntos. O amor de Deus que Ele «derrama em nossos corações» reaviva toda expressão de amor, e em primeiro lugar o amor conjugal. O Espírito Santo pode fazer verdadeiramente da família «a principal agência de paz», como a define o Santo Padre na Mensagem para o próximo Dia Mundial da Paz.

São numerosos os exemplos de casamentos mortos que ressuscitaram a uma vida nova pela ação do Espírito. Recolhi justamente nestes dias o comovedor testemunho de um casal que tenho intenção de dar a conhecer em meu programa de televisão sobre o Evangelho pela festa do Batismo de Jesus…

O Espírito reaviva, naturalmente, também a vida dos consagrados, que consiste em tornar a própria vida um dom e uma oblação «de suave aroma» a Deus pelos irmãos (Ef 5,2).


4. A nova profecia de João Batista


Voltando a João Batista, ele pode nos iluminar sobre como levar a cabo nossa tarefa profética no mundo de hoje. Jesus define João Batista como «mais que um profeta», mas onde está a profecia em seu caso? Os profetas anunciavam uma salvação futura; mas o Precursor não é alguém que anuncia uma salvação futura; ele indica alguém que está presente. Então, em que sentido pode-se chamar profeta? Isaías, Jeremias, Ezequiel ajudavam o povo a superar a barreira do tempo; João Batista ajuda o povo a superar a barreira, ainda mais grossa, das aparências contrárias, do escândalo, da banalidade e da pobreza com que a hora fatídica se manifesta.

É fácil crer em algo grandioso, divino, quando se estabelece em um futuro indefinido: «naqueles dias», «nos últimos dias», em um contexto cósmico, com os céus destilando doçura e a terra abrindo-se para que germine o Salvador. É mais difícil quando se deve dizer: «Está aqui! É Ele!»

Com as palavras: «Em meio de vós há alguém a quem não conheceis!» (Jo 1, 26), João Batista inaugurou a nova profecia, a do tempo da Igreja, que não consiste em anunciar uma salvação futura ou distante, mas em revelar a presença escondida de Cristo no mundo. Em arrancar o véu dos olhos das pessoas, sacudir a indiferença, repetindo com Isaías: «Existe algo novo: já está a caminho; não o reconheceis?» (Is 43, 19).

É verdade que se passaram 20 séculos e que sabemos, sobre Jesus, muito mais que João. Mas o escândalo não desapareceu. Em tempos de João, o escândalo derivava do corpo físico de Jesus, de sua carne tão similar à nossa, exceto no pecado. Também hoje é seu corpo, sua carne, a que cria dificuldades e escandaliza: seu corpo místico, tão parecido com o restante da humanidade, sem excluir , lamentavelmente, nem sequer o pecado.

«O testemunho de Jesus – lê-se no Apocalipse – é o espírito de profecia» (Ap 19-10), isto é, para dar testemunho de Jesus, requer-se espírito de profecia. Existe este espírito de profecia na Igreja? Cultiva-se? Alimenta-se? Ou se crê, tacitamente, que se pode prescindir dele, apontando mais para meios e recursos humanos?

João Batista nos ensina que para ser profetas não se necessita de uma grande doutrina ou eloqüência. Ele não é um grande teólogo, tem uma cristologia bastante pobre e rudimentar. Não conhece ainda os títulos mais elevados de Jesus: Filho de Deus, Verbo, nem sequer o de Filho do homem. Mas como consegue fazer ouvir a grandeza e unicidade de Cristo! Usa imagens simples, de um camponês: «Não sou digno de amarrar as suas sandálias». O mundo e a humanidade aparecem, por suas palavras, dentro de uma peneira que Ele, o Messias, sustenta e agita com suas mãos. Perante Ele se decide quem permanece e quem cai, quem é grão bom e quem é palha que o vento leva.

Em 1992, celebrou-se um retiro sacerdotal em Monterrey, México, por ocasião dos 500 anos da primeira evangelização da América Latina. Estavam presentes 1.700 sacerdotes e cerca de 60 bispos. Durante a homilia da Missa conclusiva, falei da necessidade urgente que a Igreja tem de profecia. Depois da comunhão, orou-se por um novo Pentecostes em pequenos grupos distribuídos pela grande basílica. Eu tinha ficado no presbitério. Em certo momento, um jovem sacerdote aproximou-se em silêncio, ajoelhou-se e, com um olhar que jamais esquecerei, disse: «Abençoe-me, padre; quero ser profeta de Deus!». Eu estremeci, porque via que evidentemente a graça o movia.

Com humildade, poderíamos fazer nosso o desejo daquele sacerdote: «Quero ser um profeta para Deus». Pequeno, desconhecido de todos, não importa; mas alguém que, como dizia Paulo VI, tenha «fogo no coração, palavra nos lábios, profecia no olhar».

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[1] Cf. J. D.G. Dunn, Christianity in the Making, I. Jesus remembered, Grand Rapids. Mich. 2003, parte III, cap. 12, trad. ital. Gli albori del Cristianesimo, I, 2, Paideia, Brescia 2006, pp. 485-496.
[2] Bento XVI, Jesus de Nazaré, Planeta 2007, p. 275.
[3] S. Tommaso d’Aquino, Somma teologica, I,q.43, a. 6, ad 2.; cf. F. Sullivan, in Dict.Spir. 12, 1045.
[4] En “New Covenant”(Ann Arbor, Michigan), junio 1984, p.12.
[5] K. Rahner, Erfahrung des Geistes. Meditation auf Pfingsten, Herder, Friburgo i. Br. 1977.
[6] Testemunho de P. Gallagher Mansfield, As by a New Pentecost, Steubenville 1992, pp. 25 s.
[7] Discurso na audiência geral del 29 de novembro de 1972 (Insegnamenti di Paolo VI, Tipografia Poliglotta Vaticana, X, pp. 1210s.).
[8] S. Ignazio d’Antiochia, Agli Efesini 17.

Tradução: Élison Santos/Alexandre Ribeiro. Revisão: Aline Banchieri.



FRANCISCO E CLARA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

Guiados Pelo Espírito Santo.

Todos os que são guiados

pelo Espírito de Deus

São filhos de Deus

..

Espírito Santo fala

através da consciência,

explica pregador do Papa

Seu Coração é o Templo onde Deus Habita.

Seu Coração é o Templo onde Deus Habita.

3ª pregação de Quaresma do Pe. Cantalamessa.

Por Gisele Plantec

O Espírito Santo fala a cada pessoa através de sua consciência, indicando-lhe o que está bem e o que está mal, e a ajuda a tomar as decisões que correspondem à vontade de Deus, explica o pregador do Papa.

O Pe. Raniero Cantalamessa, ofmcap., pregador da Casa Pontifícia, dedicou ao tema «Todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus» a 3ª meditação da Quaresma que dirigiu em presença de Bento XVI e de seus colaboradores da Cúria Romana na capela «Redemptoris Mater» do Vaticano.

Antes de tudo, explicou que ao ler as Escrituras podemos descobrir como o Espírito Santo guia os crentes de duas maneiras: por uma parte, através de sua consciência; por outra, através do Magistério da Igreja.

O pregador da Casa Pontifícia sublinhou que o Espírito Santo não é só quem guia «para a verdade completa», segundo as palavras de João evangelista, mas também é o «mestre interior», como o define São Paulo, pois «não se limita a indicar o que se deve fazer, e sim também dá a capacidade de fazer o que manda».

O Pe. Cantalamessa explicou que o âmbito no qual o Espírito Santo exerce sua função de guia é a consciência.

«Através deste ‘órgão’, a guia do Espírito Santo se estende também fora da Igreja, a todos os homens», precisou o pregador.

«Neste âmbito íntimo e pessoal da consciência, o Espírito Santo nos instrui com as ‘boas inspirações’ ou as ‘iluminações interiores’ – sublinhou. São impulsos a seguir o bem e a rejeitar o mal, atrações e propensões do coração que não se explicam naturalmente, porque com frequência vão em direção contrária ao que a natureza queria.»

Mas o Espírito Santo guia também os crentes através do Magistério da Igreja, continuou explicando o pregador da Casa Pontifícia.

«É igualmente fatal pretender prescindir de uma ou de outra das duas guias do Espírito. Quando se descuida do testemunho interior, cai-se facilmente no legalismo e no autoritarismo; quando se descuida do exterior, apostólico, cai-se no subjetivismo e no fanatismo.»

«Quando tudo se reduz à escuta pessoal, privada, do Espírito, abre-se o caminho a um processo irrefreável de divisões e subdivisões, porque cada um crê que tem razão», disse.

«Mas devemos reconhecer que existe também o risco oposto: o de absolutizar o testemunho externo e público do Espírito, ignorando o individual que se exerce através da consciência iluminada pela graça.»

«O ideal é uma sã harmonia entre a escuta do que o Espírito me diz, singularmente, e o que diz à Igreja em seu conjunto e, através da Igreja, a cada um», disse o Pe. Cantalamessa.

O pregador concluiu explicando como o Espírito Santo ajuda concretamente o crente a realizar o discernimento necessário na vida espiritual.

Citou a doutrina sobre o discernimento de Santo Inácio de Loyola, que quer ajudar o crente a «ver o que Deus quer em uma circunstância precisa», insistindo no fato de que a condição mais favorável para um bom discernimento é uma «disposição de fundo» a fazer a vontade de Deus.

«Como bons atores», exortou o pregador, devemos «ter o ouvido atento à voz do ‘auxiliar de palco’ escondido, para recitar fielmente nossa parte no cenário da vida. É mais fácil do que se pensa, porque nosso ‘auxiliar de palco’ nos fala dentro, ensina-nos todas as coisas e nos instrui em tudo. Basta às vezes um simples olhar interior, um movimento do coração, uma oração».

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CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 27 de março de 2009 (ZENIT.org).

ZP09032710 – 27-03-2009
Permalink: http://www.zenit.org/article-21210?l=portuguese

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Efusão no Espirito Santo.





O Batismo no Espírito Santo


O “século da Igreja”, como foi muitas vezes definido o século XX, já se iniciara sob o signo de uma necessidade: o desejo da presença criadora e libertadora do Espírito de Deus.


História da RCC.


VATICAN-EASTER-POPE-LORD-PASSION-CANTALAMESSA



Texto do Rev. Padre Raniero Cantalamessa

Tradução: Marta Neves

Sumário: O Batismo no Espírito Santo não é um sacramento, mas está relacionado aos mesmos. O Batismo no Espírito “aviva” e, de uma maneira, renova a iniciação Cristã. No início da Igreja, o Batismo era administrado para adultos convertidos do paganismo e para aqueles que podiam fazer, na ocasião do Batismo, um ato de Fé, e de uma livre e madura escolha. Hoje em dia isto é substituído por pais intermediários ou padrinhos. Nesta situação, raramente, ou nunca, a pessoa batizada está na fase de proclamar, no Espírito Santo, que “Jesus é o Senhor”. E até que chegue neste ponto, todo o resto na vida cristã continua fora de foco e imaturo. Milagres acontecem já não temos experiência e aquilo que Jesus fez em Nazaré: “E por causa da falta de confiança deles, operou ali poucos milagres ” (Mt.13,58). A eficácia do Batismo no Espírito em reativar o batismo consiste nisto: finalmente o homem contribui com sua parte – ou seja, ele faz a escolha da fé, preparada no arrependimento, o que permita o trabalho de Deus tornar livre a si mesmo e para emanar toda sua força. “Isto é como se a tomada estivesse desligada e a luz ligada”. O dom de Deus é finalmente “desvinculada” e do Espírito é permitida a fluir como uma fragrância na vida cristã.

Antes de falar sobre o Batismo no Espírito, é importante tentar entender do que se trata a Renovação no Espírito. Depois do Concílio Vaticano II, muitas coisas na vida da Igreja foram renovados – a liturgia, pastoral, Lei canônica, as constituições das ordens religiosas e os seus adornos. Embora todas essas coisas sejam importantes, são apenas coisas externas e ai de nós, se ficarmos por aí e pensar que a tarefa está concluída, porque não se trata de estruturas, mas almas, que são importantes para Deus. “É na alma dos homens que a Igreja é bela”, escreve São Ambrósio, e, por conseguinte, é na alma dos homens que ela deve tornar-se bela.

Deus é o autor e o poder

A Renovação é uma renovação em que Deus, não o homem, é o princípio autor. “Eu, não você”, diz Deus, “faço novas todas as coisas” (Rev 21,5); “Meu Espírito – e Ele sozinho – podem renovar a face da terra” (ver Salmos 104:30). Desde o ponto de vista religioso, que tendem a ver as coisas de uma perspectiva polemica: a fundação existem os nossos esforços – organização, a eficácia das reformas, boa vontade – com a terra aqui como o centro, que Deus vem para reforçar e coroa, Por Sua graça e o nosso esforço.

Nós devemos – neste momento a Palavra de Deus exclama – “ Devolva o poder a Deus” ( PSalm 68:35) porque “ o poder pertence a Deus” ( PSalm 62:12).

Por muito tempo, nós usurpamos este poder de Deus, gerenciando-o como se fosse nosso, como se nós fôssemos capazes de governar o poder de Deus Temos de mudar totalmente nossa perspectiva . Ou seja, a reconhecer simplesmente que sem o Espírito Santo, nós não podemos fazer nada, nem ao menos dizer: “ Jesus é o Senhor!” ( I Cor 12:3).

Batismo no Espírito e o Sacramento do Batismo

O Batismo no Espírito não é um Sacramento, mas está relacionado com um Sacramento, com vários sacramentos, de fato – para os Sacramentos de iniciação Cristã. O Batismo no Espírito torna real, e de uma maneira renova a Iniciação Cristã. O relacionamento primário é com o Sacramento do Batismo. De fato, esta experiência é chamada de Batismo no Espírito.

Nós acreditamos que o Batismo no Espírito torna real e revitaliza nosso batismo. Para entender como um Sacramento que foi recebido a tantos anos atrás, normalmente logo após nosso nascimento, subitamente poderia voltar a vida e emanar tanta energia, como muitas vezes acontece através do batismo no Espírito, é importante olhar para o nosso entendimento da teologia sacramental.

Teologia católica reconhece o conceito de um válido, mas “amarrado” Sacramento. Um sacramento é chamado de atado se o fruto que deverá acompanhar permanece vinculado, devido a alguns quarteirões que impedem a sua eficácia. Um exemplo extremo desta situação é o Sacramento do Matrimônio ou a Ordem Sacerdotal recebidas no estado de pecado mortal. Em tais circunstâncias estes sacramentos não podem conceder quaisquer graça para as pessoas até o obstáculo do pecado ser eliminado através da penitência. Quando isso acontecer o sacramento é dito para viver novamente graças ao caráter indelével e irrevogabilidade do dom de Deus: Deus permanece fiel, mesmo se formos infiéis, porque Ele não pode negar-se (ver Timóteo 2:13).

No caso do batismo o que é que faz com que os frutos do Sacramento fiquem vinculados? Os sacramentos não são rituais mágicos que atuam mecanicamente, sem o conhecimento da pessoa ou desrespeitando qualquer resposta de sua parte. A sua eficácia é o fruto de uma sinergia ou cooperação entre Onipotência Divina – na realidade, a graça de Cristo ou o Espírito Santo – e liberdade humana, porque, como disse Santo Agostinho, “Aquele que criou você sem sua cooperação, não lhe salvará sem sua cooperação. ”

O opus operatum do batismo, ou seja, uma parte ou graça de Deus, tem vários aspectos – perdão dos pecados, o dom do teológico virtudes da fé, esperança e caridade (estes, porém, apenas como uma semente), e divina filiação– — Todos os quais são operados através da ação eficaz do Espírito Santo. Mas o que faz o opus operantis no batismo – ou seja, o homem faz parte, constituída por? Consiste de fé! Quem acredita e é batizado será salvo (Marcos 16:16). Ao lado do batismo, portanto, há outro elemento: a fé do homem. “Para todos que O receberam, Ele deu o poder de se tornarem filhos de Deus: aos que crêem no Seu nome” (João 1:13).

Batismo é como um selo divino posto sobre a fé do homem: depois de ter ouvido a palavra da verdade, o evangelho da salvação, e ter acreditado no mesmo, que tenha recebido (naturalmente, em batismo), o selo do Espírito Santo (cf. Efésios 1:13)

Batismo e Confirmação da Fé

No início da Igreja, Batismo foi um evento poderoso e tão rico em graça que não era necessária uma nova efusão do Espírito como temos hoje. Batismo era ministrado aos adultos que convertidos do paganismo e que, devidamente instruído, estavam em posição de fazer, por ocasião do batismo, um ato de fé e uma escolha livre e madura. É suficiente para ler a Catequese Mistagógica sobre batismo atribuído a Cirilo de Jerusalém tornar-se consciente da profundidade da fé para aqueles que esperam pelo batismo serem liderados. Em substância, que chegou ao batismo através de uma verdadeira e real conversão e, assim, para eles batismo era um verdadeiro lavar, uma renovação pessoal, bem como um renascimento no Espírito Santo.

As circunstâncias favoráveis que permitiu batismo, com as origens da Igreja, para operar com tanta força que foi a graça de Deus e a resposta do homem reunidas ao mesmo tempo, e havia uma perfeita sincronização.

Batismo na Infância em Ambientes não-cristãos

Mas agora esta sincronização foi quebrada, como somos batizados quando crianças, e pouco a pouco este aspecto do livre e pessoal ato de fé já não acontece. Foi substituído em vez por uma decisão por intermédio de pais ou padrinhos. Quando uma criança cresceu em um ambiente totalmente cristão, esta fé ainda poderá prosperar, embora a um ritmo mais lento. Agora, porém, já não é este o caso e nosso ambiente espiritual é ainda pior do que o que se encontrava no momento da Idade Média. Não é que não haja vida cristã normal, mas isso agora é a exceção e não a regra.

Nesta situação, raramente, ou nunca, a pessoa batizada vai chegar à fase de proclamar no Espírito Santo, “Jesus é o Senhor.” E até um chegar neste ponto, todo o resto na vida cristã continua fora de foco e imaturo. Milagres já não acontecem e nós experimentamos o que Jesus fez em Nazaré: “Jesus não pôde realizar muitos milagres por causa da sua falta de fé”. (Mt 13. 58)

Vontade de Deus

Aqui, então, é o que eu sinto, é o significado do batismo no Espírito. É Deus respondendo a esta avaria que tem crescido na vida cristã no Sacramento do Batismo.

É um fato aceitável que, ao longo dos últimos anos, tem havido uma certa preocupação por parte da Igreja, entre os bispos, que os Sacramentos Cristãos especialmente batismo, serão administrados por pessoas que não irão fazer qualquer uso delas na vida . Como resultado, ele tem mesmo sido sugerido que o batismo não deve ser administrado a não ser que existam algumas garantias mínimas de que será cultivada e valorizada pela criança em questão. Pois não se deve atirar pérolas aos cães, como disse Jesus, e batismo é uma pérola, porque é fruto do sangue de Cristo.

Mas parece que Deus estava preocupado com esta situação, mesmo antes de a Igreja ser, e levantou-se aqui e ali na Igreja movimentos destinados a renovar a iniciação cristã dos adultos. A Renovação Carismática é um desses movimentos em que a graça principal é, sem dúvida, ligada ao Batismo do Espírito e ao que vem antes dele.

Lançamento e Confirmação de Fé

A Eficácia na reativação do Batismo consiste em : finalmente o homem contribui com sua parte – ou seja, ele faz a escolha da fé, preparada no arrependimento, o que permita o trabalho de Deus tornar livre a si mesmo e para emanar toda sua força. Isto é como se a tomada estivesse desligada e a luz ligada”. O dom de Deus é finalmente “desvinculada” e o Espírito é permitida a fluir como uma fragrância na vida cristã.

Para além da renovação da graça do batismo, o Batismo no Espírito é também uma confirmação do próprio batismo, um deliberado”sim” para ele, para os seus frutos e os seus compromissos, e, como tal, também é muito semelhante à Confirmação . Confirmação sendo o sacramento que desenvolve, confirma, e traz a conclusão do trabalho de batismo. A partir dele, também, que vem o desejo de um maior envolvimento na dimensão apostólica e missionária da Igreja que é geralmente observada em quem recebe o Batismo no Espírito.

Eles se sentem mais inclinados a cooperar com a criação da Igreja, a pôr-se em Seu serviço em diversos ministérios tanto clerical e leigos, a testemunha de Cristo – para fazer todas essas coisas que recordam o acontecimento de Pentecostes e que são acionados no Sacramento da Confirmação.

O batismo do Espírito não é a única ocasião conhecido dentro da Igreja para essa revitalização dos sacramentos da iniciação. Existe, por exemplo, a renovação das promessas batismais na vigília da Páscoa, e existem os exercícios espirituais, religiosos e as profissões, muitas vezes chamado de “segundo batismo”. E em um nível sacramental há confirmação.

Também não é difícil descobrir nas vidas dos santos, a presença de uma efusão espontânea, especialmente na ocasião de sua conversão. A diferença com o batismo no Espírito, porém, é que ele está aberto a todo o povo de Deus, pequeno ou grande, e não apenas para aqueles privilegiados aqueles que fazem os Exercícios Espirituais Inacianos ou fazer uma profissão religiosa.

A Vontade de Deus na História

De onde esta força extraordinária que nós experimentamos quando fomos Batizados no Espírito vem?O que estamos a falar não é apenas uma teoria, mas algo que nós próprios experimentamos e, portanto pode-se dizer com João “O que ouvimos, o que vimos com os nossos próprios olhos, o que nossas mãos tocaram , este também anunciará , Para que você também esteja em comunhão conosco “. (Ver l João 1:1-11 A explicação desta força está no desejo de Deus – porque Deus está satisfeito em renovar a igreja hoje por este meio – e isto é suficiente.

Há certamente alguns precedentes bíblicos, como o disse em Atos 8:14-17, quando Pedro e João, depois de ter ouvido que Samaria congratulou-se com a Palavra de Deus, foram enviados até lá, oraram por eles, e lançaram as mãos sobre eles para que pudessem Receber o Espírito Santo. Mas estes precedentes bíblicos, não são suficientes para explicar a amplitude e a profundidade da contemporânea manifestação da efusão do Espírito.

Podemos dizer, parafraseando um famoso dito do Apóstolo Paulo: Em razão dos cristãos, com toda sua organização, não serem capazes de transmitir o poder do Espírito, Deus estava satisfeito para renovar os fiéis através da insensatez do Batismo no Espírito. na verdade, teólogos procuram por uma explicação e por pessoas responsáveis por moderação, mas almas simples tocam com suas mãos o poder de Cristo no Batismo no Espírito”(1 Cor 12:1-24).

Nós homens e, em particular, os homens da Igreja, tendem a limitar Deus em Sua liberdade: que tendem a insistir em que ele segue um padrão obrigatório (os chamados canais de graça) e nos esquecemos de que Deus é uma torrente que rompe e solto Cria o seu próprio caminho e que o Espírito sopra onde e como Ele quer (não obstante o papel do ensino da Igreja para discernir o que realmente vem do Espírito e que não vêm de Deus). No que consiste o Batismo do Espírito e como ele funciona?

Há um segredo no Batismo do Espírito, misterioso mover de Deus que é o Sua maneira de se tornar presente, de uma maneira que é diferente para cada um, porque só Ele conhece o mais íntimo de nós e como agir na nossa única personalidade Há também a parte externa da comunidade, que é a mesma para todos e que consiste principalmente de três coisas: amor fraterno, imposição de mãos, e oração. Estes são não-sacramentais, mas simples elementos eclesiásticos.

O Espírito Santo Procedendo do Pai e do Filho

De onde vem a graça que experimentamos no Batismo no Espírito? Dos que estão ao nosso redor? Não! Da pessoa que o recebe? Não! Ela vem de Deus! Somente podemos dizer que semelhante graça está relacionada ao batismo, pois Deus age sempre com coerência e credibilidade e Ele não faz e depois desfaz. Ele honra os compromissos e instituições de Cristo. Uma coisa é certa – que não são os irmãos quem transmitem o Santo Espírito, mas eles o invocam na pessoa. O Espírito não pode ser dado a qualquer homem, nem ao Papa ou a um bispo, porque nenhum homem possui por si mesmo o Espírito Santo. Somente Jesus pode dar o Espírito Santo; todos os outros não o possuem, pelo contrário, são possuídos por Ele. Quanto à <> desta graça, podemos falar de uma nova chegada do Espírito Santo, de uma nova missão do Pai por meio de Jesus Cristo ou de uma nova unção correspondendo a um novo grau de graça.



A fonte deste Texto é o Blog:

Sobre a Rocha de Pedro

Fernando Nascimento


Mas sobre o blog carismático do título… É o blog do estudante de filosofia, Fernando Nascimento (foto), e chama-se Sobre a Rocha de Pedro. O blogueiro é secretário do Conselho Nacional da RCC/Brasil e conta-nos sobre o “batismo no Espírito Santo“. seus textos são na sua grande maioria sobre a Renovação Carismática católica, sua História e ação dentro da Igreja nos dias de hoje.





Fr. Raniero Cantalamessa fala sobre a RCC.

Fr. Raniero Cantalamessa fala sobre a RCC

Na Igreja há fiéis que consideram que o “batismo no Espírito” é uma invenção dos carismáticos. Inclusive que puseram nome a uma vivência, mas que não está “catalogada” na Igreja. Poderia explicar, desde sua própria experiência, o que é o batismo no Espírito?

O batismo no Espírito não é uma invenção humana, é uma invenção divina. É uma renovação do batismo e de toda a vida cristã, de todos os sacramentos. Para mim foi também uma renovação de minha profissão religiosa, de minha confirmação, de minha ordenação sacerdotal. Todo o organismo espiritual se reaviva como quando o vento sopra sobre uma chama.

Por que o Senhor decidiu atuar neste tempo desta maneira tão forte?

Não sabemos. É a graça de um novo pentecostes. Não é que a Renovação Carismática tenha inventado o batismo no Espírito.

De fato, muitos o receberam sem saber nada da Renovação Carismática. É uma graça; depende do Espírito Santo. É uma vinda do Espírito Santo que se traduz em arrependimento dos pecados, que faz ver a vida de uma maneira nova, que revela Jesus como o Senhor vivo –não como um personagem do passado– e a Bíblia se converte em uma palavra viva. A verdade é que não se pode explicar.

Há uma relação com o batismo, porque o Senhor diz que quem crê será batizado e será salvo. Nós recebemos o batismo de crianças e a Igreja pronunciou nosso ato de fé; mas chega o momento em que nós temos que ratificar o que sucedeu no batismo. Esta é uma ocasião para fazê-lo, não como um esforço pessoal, mas sob a ação do Espírito Santo.

Não se pode afirmar que milhões de pessoas estejam equivocadas. Yves Congar, este grande teólogo que não pertencia à Renovação Carismática, em seu livro sobre o Espírito Santo afirmava que a realidade é que esta experiência mudou profundamente a vida de muitos cristãos. E é um fato. A mudou e iniciou caminhos de santidade.

Como vive seu ministério como pregador da Casa Pontifícia desde sua experiência na Renovação Carismática?

Para mim tudo o que passou desde 1977 é um fruto de meu batismo no Espírito. Era professor na Universidade. Dedicava-me à pesquisa científica na história das origens cristãs. E quando aceitei não sem resistência esta experiência, depois tive o chamado de deixar tudo e colocar-me à disposição da pregação, e também a nomeação como pregador da Casa Pontifícia chegou depois de que tinha experimentado esta “ressurreição”. Vejo isso como uma grande graça. Depois de minha vocação religiosa, a Renovação Carismática foi a graça mais assinalada de minha vida.

Desde seu ponto de vista, os membros da Renovação Carismática têm uma vocação específica dentro da Igreja?

Sim e não. A Renovação Carismática, temos que dizer e repetir, não é um movimento eclesial. É uma corrente de graça que está destinada a transformar toda a Igreja: a pregação, a liturgia, a oração pessoal, a vida cristã. Assim que não é uma espiritualidade própria. Os movimentos têm uma espiritualidade e acentuam um aspecto, por exemplo a caridade. Antes de tudo, a Renovação Carismática não tem fundador; nenhum pensa em atribuir à Renovação Carismática um fundador porque é algo que começou em muitos lugares de diferentes maneiras. E não tem uma espiritualidade; é a vida cristã vivida no Espírito.

Mas pode-se dizer que como a gente que viveu esta experiência constitui socialmente uma realidade –são pessoas que fazem determinados gestos, oram de certa maneira– então se pode identificar uma realidade social cujo papel é simplesmente o de colocar-se à disposição para que outros possam ter a mesma experiência. O cardeal Leo Jozef Suenens, que foi o grande protetor e partidário da Renovação Carismática no início, dizia que o destino final da Renovação Carismática poderá ser o de desaparecer quando esta corrente de graça tenha contagiado toda a Igreja.

A ponto de concluir a pregação de um retiro no qual estiveram mil líderes carismáticos de todo o mundo, que mensagem gostaria de deixar ao crente que desconhece a Renovação?

Quero dizer aos fiéis, aos bispos, aos sacerdotes, que não tenham medo. Desconheço por que há medo. Talvez em alguma medida porque esta experiência começou entre outras confissões cristãs, como pentecostais e protestantes. Contudo, o Papa não tem medo. Falou dos movimentos eclesiais, inclusive da Renovação Carismática, como de sinais de uma nova primavera da Igreja, e muito com freqüência faz referência na importância disso. E Paulo VI afirmou que era uma oportunidade para a Igreja.

Não há que ter medo. Há Conferências Episcopais, por exemplo na América Latina –é o caso do Brasil–, onde a hierarquia descobriu que a Renovação Carismática não é um problema: é parte da solução ao problema dos católicos que se afastam da Igreja porque não encontram nela uma palavra viva, a Bíblia vivida, uma possibilidade de expressar a fé de maneira gozosa, de forma livre, e a Renovação Carismática é um meio formidável que o Senhor pôs na Igreja para que se possa viver uma experiência do Espírito, pentecostal, na Igreja católica, sem necessidade de sair dela.

Tampouco se deve considerar que se trata de uma “ilha” na qual se reúnem algumas pessoas que são um pouco emocionais. Não é uma ilha. É uma graça destinada a todos os batizados. Os sinais externos podem ser diferentes, mas em sua essência é uma experiência destinada a todos os batizados.

Fonte: cantalamessa.org

 

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Vamos Repartir o Pão e a Palavra de Deus.

Frei Raniero Cantalamessa.

PARTILHAR O PÃO !

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No fundo, o que estamos fazendo neste momento também é uma multiplicação dos pães: o pão da palavra de Deus. Eu parti o pão da palavra e a internet multiplicou minhas palavras, de forma que mais de 5 mil homens, também neste momento, se alimentaram e ficaram saciados. Resta uma tarefa: recolher «os pedaços que sobraram», fazer a Palavra chegar também a quem não participou do banquete. Converter-se em «repetidores» e testemunhas da mensagem.

Este texto é o parágrafo final da homilia de Frei Raniero sobre a multiplicação dos pães, bem sabemos nós, que Jesus sendo o Filho de Deus é capaz de fazer até mesmo coisas impossíveis, mas neste milagre tão famoso e comentado, não foi assim um milagre tão dificil de ser executado, porém creio eu, que seja o mais difícil de ser executado pelo homem de hoje.

Se naquela época já era difícil, imaginem hoje que os homens são ainda muito mais egoistas.

Diz-se que Jesus multiplicou os pães, mas na verdade Ele havia perguntado antes, quem tinha qualquer tipo de alimento para que fosse colocado em comum a fim de que todos se alimentassem. Logicamente, se eu estivesse lá, diria não tenho nada aqui comigo agora, pois de que valeria meus cinco pães e meus dois peixes para aquela multidão esfomeada, mal daria para aplacar minha propria fome.

Quem diria ?

Estava ali também um garotinho que também posuia outros cinco pães e dois peixinhos, os quais ele entregou a Jesus, que os abençou pedindo ao Pai que os multiplicasse saciando a fome de toda aquela multidão.   Senti-me um verdadeiro egoista, mas envergonhado de não ter oferecido o pouco que tinha, resolvi colocar o que eu possuia no cesto, discretamente sem que ninguém visse quando fosse tirar o meu pedaço de pão. Pois bem, esta não é uma versão verídica e talvés muitos contestem até mesmo sua provável divulgação, mas creio eu que realmente foi esta a intensão de Jesus quando pediu aqueles pães, que mesmo tão poucos foram capazes de alimentar tamanha multidão.

Multiplicados ou não, por um milagre divino, um milagre muito maior seria o fim do egoismo humano, sendo capaz de doar tudo o que tinha em favor de seu irmão necessitado.    Jesus multiplicou os pães, saciou a todos, é claro que isto foi um grande milagre, mas Jesus foi embora para saciar outros rebamhos, enquanto que aquela multidão continua ali, e na verdade bem sabemos que no dia sequinte irão precisar de mais pão e mais peixe para se alimentar novamente.     Tudo bem, não temos Jesus presente, mas continuamos tendo os mesmos cinco pães e os dois peixes, exatamente aquilo que Jesus nos pediu para que executasse aquele grande milagre.

A nossa parte do milagre, ou seja a nossa contribuição, continua em nossas mãos, sem elas não haveria nenhum milagre, certamente com elas e a nossa disposição em doá-las o milagre sera sempre presente e atual, porque Jesus na verdade estará sempre presente no meio de nós, mesmo quando pensamos que Ele esteja em outro lugar, sendo assim o milagre continua possível e executável.

A pergunta que não se cala será sempre a mesma:

Porque Jesus não fez aparecer um grande banquete apenas estalando os dedos ?

É verdade que o Maior Milagre neste texto não é a multiplicação de pães e peixes e sim a abertura do coração dos homens egoistas que foram capazes de doar o que tinham para Jesus em favor daqueles que nem ao menos conhecemos.

Bastaria o eco das palavras de Jesus, para que esse milagre se realizasse no dia seguinte, no outro dia e até mesmo hoje, neste mundo onde tantos morrem de fome enquanto que muitos outros acumulam seus  peixes que apodressem no fundo da sacola ou diriamos as riquezas nos cofres de banco e até mesmo desperdiçam aquilo que falta na mesa do faminto.

Digo agora, este milagre esta em minhas mãos e também em suas mãos, ou seria em nossos corações ? Uma coisa eu garanto, quando se reunem um pão e um peixe em favor do necessitado ele continuará se multiplicando e sobrando, tanto para quem recebe quanto para quem doa, não foi assim que aconteceu naquele dia ?  Como diz o evangelho, […] dos pedaços que sobraram, foram recolhidos doze cestos cheios.

A pergunta de hoje também continua sendo a mesma:

O que temos em nossas mãos a disposição para doar ?

Frei Raniero comparou com um grande pequenique onde todos comeram e se fartaram, e que a fome de hoje não é tanto do pão de farinha, mas do pão da palavra de Deus, covém que, aquele que tem, mesmo que seja um peixinho ou um paozinho, deve colocá-lo a disposição do mestre que é Jesus e certamente o fruto desta doação será grande e comparado a uma multiplicação muito maior do que aquela que se deu naquele dia.     Está chegando a hora de recolher os pedaços que sobrarão desta grande multiplicação da palavra de Deus, pergunto apenas:

Você já contribuiu com seu pedaço ?

Você já se alimentou ?

Você já evangelizou alguém ?

Você já transmitiu aquilo que você aprendeu para seu irmão, seu amigo, seu vizinho, etc… ?

Na verdade é isto que Jesus nos manda fazer hoje, repartir o pão da palavra a quem quer que seja e em todos os lugares, até mesmo na África, ou na China ou nos confins do mundo, onde jamais se tenha ouvido falar de Jesus.

Este lugar existe e pode estar muito mais perto do que você possa imaginar, até mesmo ao seu lado na sua cama, ou atrás de você nuna fila de banco.

Bom, para finalizar, faço minhas as palavras de Frei Raniero

[…] Vamos fazer a Palavra chegar também a quem não participou do banquete.[…]

Eis a minha contribuição, eis o meu pedacinho, de boca em boca, de palavra em palavra, de blog em blog , uma cópia que se copia chega ao coração de alguém que providêncialmente navegava e fazia uma consulta, buscando alguma coisa para saciar a sua fome de Amor e da palavra de Deus, são milhões as pessoas que vagam em busca de um sentido para suas vidas e são estas as que fazem parte daquela  imensa multidão que Jesus olhou ao longe deixando escapar suas lágrimas, pois pareciam ovelhas sem Pastor sem rumo e nem direção, sedentas e famintas de algo que somente Jesus pode lhes dar.

O mundo pode oferecer caminhos demais, mas não oferece Jesus que é o único Caminho, Verdade e Vida, mas aquele que já experimentou este caminho e esta verdadeira vida é responsável por  cada uma destas ovelhas que se perdem, mas sei que a partir desta palavra não existirá mais ovelhas sem pastor ou multidões famintas, porque o meu paozinho e o seu peixinho estarão à disposição de Jesus para saciar  a quem precisar.

Quando for saciada a fome da palavra de Deus certamente não existirá mais fome de pão, porque o verdadeiro Cristão não é egoista, mesquinho ou avarento.

Eis aí o Grande Milagre !

Amem.



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..

Tu és pó e ao pó tornarás.



Frase: O homem não é mais que um amontoado de átomos que se dissolverá, ao final, em outro amontoado de átomos.

Se dependesse de mim, tiraria imediatamente esta fórmula da liturgia.

Comentário do padre Raniero Cantalamessa à liturgia do próximo domingo


Pregador do Papa:

O homem é muito mais que pó?



ROMA, sexta-feira, 18 de abril de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos o comentário do padre Raniero Cantalamessa, OFM Cap. –predicador da Casa Pontifícia– à Liturgia da Palavra do próximo domingo, V de Páscoa.


V Domingo de Páscoa

At 6, 1-7, Pd 2 ,4-9; Jo 14, 1-12

No livro do Gênesis, lê-se que depois do pecado, Deus disse ao homem: «Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar» (Gn. 3, 19). Todos os anos, na Quarta-feira de Cinzas, a liturgia repete esta severa advertência: «Recorda-te que és pó e ao pó voltarás». Se dependesse de mim, tiraria imediatamente esta fórmula da liturgia. Justamente agora, a Igreja permite substituí-la por outra: «Convertei e crede no Evangelho». Tomada ao pé da letra, sem as devidas explicações, aquelas palavras são a expressão perfeita do ateísmo científico moderno: O homem não é mais que um amontoado de átomos que se dissolverá, ao final, em outro amontoado de átomos.



O Qohélet (Eclesiastes, N do T.), um livro da Bíblia escrito em uma época de crise das certezas religiosas em Israel, parece confirmar esta interpretação atéia quando escreve: «Todos caminham para um mesmo lugar, todos saem do pó e para o pó voltam. Quem sabe se o sopro de vida dos filhos dos homens se eleva para o alto, e o sopro de vida dos brutos desce para a terra?» (Qo 3, 20-21). No final do livro, esta última terrível dúvida (quem sabe se há diferença entre a sorte final do homem e a do animal) parece resolvida de modo positivo, porque o autor diz: «antes que a poeira retorne à terra para se tornar o que era; e antes que o sopro de vida retorne a Deus que o deu» (Qo 12, 7). Nos últimos escritos do Antigo Testamento, começa, é verdade, a abrir caminho a idéia de uma recompensa dos justos depois da morte, e até a de uma ressurreição dos corpos, mas é uma crença ainda bastante vaga no conteúdo e não compartilhada por todos, por exemplo, pelos saduceus.

Neste contexto, podemos avaliar a novidade das palavras com que começa o Evangelho do domingo: «Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais». Contêm a resposta cristã à mais inquietante das perguntas humanas. Morrer não é – como estava nos inícios da Bíblia e no mundo pagão – baixar ao Xeol ou ao Hades para levar ali uma vida de larvas ou de sombras; não é – como para certos biólogos ateus – restituir à natureza o próprio material orgânico para um posterior uso por parte de outros seres vivos; tampouco é – como em certas formas de religiosidade atuais que se inspiram em doutrinas orientais (com freqüência mal entendidas) – dissolver-se como pessoa no grande mar da consciência universal, no Todo ou, segundo os casos, no Nada… É, em contrapartida, ir estar com Cristo no seio do Pai, ser onde Ele é.

O véu do mistério não se ergueu porque não pode suprimir-se. Assim como não pode descrever o que é a cor um cego de nascimento, ou o som um surdo, tampouco se pode explicar o que é a vida fora do tempo e do espaço quem ainda está no tempo e no espaço. Não é Deus quem quis manter-nos na obscuridade… Nos disse, no entanto, o essencial: a vida eterna será uma comunhão plena, alma e corpo, com Cristo ressuscitado, compartilhar sua glória e sua alegria.

O Papa Bento XVI, em sua recente encíclica sobre a esperança (Spe salvi), reflete sobre a natureza da vida eterna desde um ponto de vista também existencial. Começa observando que há pessoas que não desejam em absoluto uma vida eterna, que inclusive têm medo. Para que serve – perguntam-se – prolongar uma existência que se revela cheia de problemas e de sofrimentos?

A razão deste temor, explica o Papa, é que não se consegue pensar na vida mais que nos modos que conhecemos aqui embaixo; enquanto que se trata, sim, de vida, mas sem todas as limitações que experimentamos no presente. A vida eterna – diz na encíclica – será submergir-se no oceano do amor infinito, no qual o tempo – o antes e o depois – já não existe. Não será um contínuo suceder-se de dias do calendário, mas como o momento pleno de satisfação, no qual a totalidade nos abraça e nós abraçamos a totalidade.

Com estas palavras, o Papa alude talvez, tacitamente, à obra de um famoso compatriota seu. O ideal do Fausto, de Goethe, é de fato precisamente alcançar a plenitude de vida e tal satisfação que o faça exclamar: «Detêm-te, instante, és tão belo!». Creio que esta é a idéia menos inadequada que podemos ter da vida eterna: um instante que desejaríamos que não acabasse nunca e que – diferentemente de todos os instantes de felicidade daqui de baixo – não terminasse jamais! Vêm-me à memória as palavras de um dos cantos mais amados pelos cristãos de língua inglesa: «Amazing grace». Diz: «E quando ali tenhamos estado há dez mil anos, / brilhando como o sol, / o tempo que nos fica para louvar a Deus / não será inferior que quando tudo começou» (When we’ve been there ten thousand years, / Bright shining as the sun, / We’ve no less days to sing God’s praise / Than when we’ve first begun.)


ZP08041805 – 18-04-2008
Permalink: http://www.zenit.org/article-18174?l=portuguese

Presépio criança



FRANCISCO E CLARA, Olhavam na mesma direção.



ROMA – Publicamos o comentário que o padre Raniero Cantalamessa OFM Cap – pregador da Casa Pontifícia – preparou sobre Francisco e Clara, a propósito da emissão, na televisão pública italiana, de uma minissérie sobre os dois grandes santos de Assis.

É comum falar da amizade entre Clara e Francisco em termos de amor humano. Em seu conhecido ensaio sobre apaixonar-se e amar, Francisco Alberoni escreve que “a relação entre Santa Clara e São Francisco tem todas as características de um enamoramento transferido (ou sublimado) à divindade”. “Francisco e Clara”, de Fabrizio Costa, a série televisiva transmitida pela Rai Uno, melhor talvez que “Irmão Sol e Irmã Lua”, de Zeffirelli, soube evitar esta alusão ao romântico, sem tirar nada da beleza também humana de um encontro assim.


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Foto: Painel do Altar da Igreja São Francisco em Anápolis-Goiás


Como qualquer homem, ainda que seja santo, Francisco pode ter experimentado a atração pela mulher e o sexo. As fontes referem que para vencer uma tentação deste tipo, uma vez, o santo se jogou em pleno inverno na neve. Mas não se tratava de Clara! Quando entre um homem e uma mulher há união em Deus, se é autêntica, exclui toda atração de tipo erótico, sem que exista sequer luta. É como refugiar-se. É outro tipo de relação. Entre Clara e Francisco havia certamente um fortíssimo vínculo também humano, mas de tipo paterno e filial, não esponsal. Francisco chamava Clara de sua “plantinha”, e Clara chamava Francisco de “nosso pai”.

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O entendimento extraordinariamente profundo entre Francisco e Clara que caracteriza a epopéia franciscana não vem “da carne e do sangue”. Não é, por exemplo, igualmente célebre, como aquele entre Heloísa e Abelardo. Se assim tivesse sido, teria deixado talvez uma marca na literatura, mas não na história da santidade. Com uma conhecida expressão de Goethe, poderíamos chamar a de Francisco e Clara uma “afinidade eletiva”, com a condição de entender “eletiva” não só no sentido de pessoas que se elegeram reciprocamente, mas no sentido de pessoas que realizaram a mesma eleição.

Antoine de Saint-Exupéry escreveu que “Amar não quer dizer olhar um ao outro, mas olhar juntos na mesma direção“. Clara e Francisco na verdade não passaram a vida olhando um ao outro, estando bem juntos.

Trocaram pouquíssimas palavras, quase só as referidas nas fontes. Havia uma estupenda discrição entre eles, tanta que o santo, às vezes, era amavelmente reprovado por seus irmãos por ser demasiado duro com Clara.

Só ao final da vida vemos atenuar este rigor nas relações e Francisco buscar cada vez com maior freqüência consolo e confirmação junto a sua “Plantinha”. É em São Damião onde se refugia próximo à morte, devorado por enfermidades, e está perto dela quando entoa o canto de Irmão Sol e Irmã Lua, com aquele elogio de “Irmã Água, útil e humilde e preciosa e casta”, que parece ter escrito pensando em Clara.

Em lugar de olhar um ao outro, Clara e Francisco olharam na mesma direção. E se sabe qual foi para eles esta “direção”. Clara e Francisco eram como olhos que olham sempre na mesma direção. Dois olhares que contemplam o objeto de ângulos diversos dão profundidade, relevância ao objeto, permitem “envolvê-lo” com o olhar. Assim foi para Clara e Francisco. Contemplaram o mesmo Deus, o mesmo Senhor Jesus, o mesmo Crucificado, a mesma Eucaristia, mas de “ângulos” diferentes, com dons e sensibilidade próprios: os masculinos e os femininos. Juntos perceberam mais do que teriam podido fazer dois Franciscos e duas Claras.

sao_francisco.jpg

Se existe uma lacuna na série sobre Francisco e Clara é talvez a insuficiente relevância prestada à oração, e com ela à dimensão sobrenatural de suas vidas. Uma lacuna provavelmente inevitável quando a vida dos santos se leva à tela. A oração é silêncio, quietude, solidão, enquanto que a palavra “cinema” vem do grego kinema, que significa movimento! A exceção é o filme “O grande silêncio” sobre a vida dos cartuchos, mas não resistiria na pequena tela.

No passado se tendia a apresentar a personalidade de Clara demasiado subordinada à de Francisco, precisamente como a “irmã Lua” que vive do reflexo da luz do “irmão Sol”. O exemplo neste sentido é o livro publicado no verão passado sobre “A amizade entre Francisco e Clara” (John M. Sweeney, the Friendship of Francis and Clare of Assisi, Paraclete Press 2007).

Tanto mais é de elogiar, na série televisiva, a eleição de apresentar Francisco e Clara como duas vidas paralelas, que se entrecruzam e se desenvolvem em sincronia, com igual espaço dado a um e outro. É a primeira vez que ocorre desta forma. Isso responde à sensibilidade atual orientada a evidenciar a importância da presença feminina na história, mas em nosso caso corresponde à realidade e não é algo forçado.

A cena que mais me impactou ao ver a pré-estréia de “Francisco e Clara” é a inicial, emblemática, uma espécie de chave de leitura de toda a história. Francisco caminha em um prado, Clara o segue introduzindo seus pés, quase brincando, nas pegadas que Francisco deixa, e, diante da pergunta dele: “Estás seguindo minhas pegadas?”, responde luminosa: “Não, outras muito mais profundas”.

“ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO  DE ASSIS’


Fonte: www.zenit.org

OUTROS TEXTOS

Frei Raniero Cantalamessa (7)

Francisco e Clara – Dois enamorados, mas de quem?



FRANCISCO

FAMÍLIA

ABORTO


Oração_abre_as_portas_para_a_presença_de_Deus



A Renovação Carismática é uma corrente de graça destinada a transformar toda a Igreja.

Entrevista com Frei Raniero Cantalamessa sobre a RCC.

frei RANIERO CANTALAMESSA

 

Na Igreja há fiéis que consideram que o “batismo no Espírito” é uma invenção dos carismáticos. Inclusive que puseram nome a uma vivência, mas que não está “catalogada” na Igreja. Poderia explicar, desde sua própria experiência, o que é o batismo no Espírito?

O batismo no Espírito não é uma invenção humana, é uma invenção divina. É uma renovação do batismo e de toda a vida cristã, de todos os sacramentos. Para mim foi também uma renovação de minha profissão religiosa, de minha confirmação, de minha ordenação sacerdotal. Todo o organismo espiritual se reaviva como quando o vento sopra sobre uma chama. Por que o Senhor decidiu atuar neste tempo desta maneira tão forte? Não sabemos. É a graça de um novo pentecostes. Não é que a Renovação Carismática tenha inventado o batismo no Espírito.

De fato, muitos o receberam sem saber nada da Renovação Carismática. É uma graça; depende do Espírito Santo. É uma vinda do Espírito Santo que se traduz em arrependimento dos pecados, que faz ver a vida de uma maneira nova, que revela Jesus como o Senhor vivo –não como um personagem do passado– e a Bíblia se converte em uma palavra viva. A verdade é que não se pode explicar.

Há uma relação com o batismo, porque o Senhor diz que quem crê será batizado e será salvo. Nós recebemos o batismo de crianças e a Igreja pronunciou nosso ato de fé; mas chega o momento em que nós temos que ratificar o que sucedeu no batismo. Esta é uma ocasião para fazê-lo, não como um esforço pessoal, mas sob a ação do Espírito Santo.

Não se pode afirmar que milhões de pessoas estejam equivocadas. Yves Congar, este grande teólogo que não pertencia à Renovação Carismática, em seu livro sobre o Espírito Santo afirmava que a realidade é que esta experiência mudou profundamente a vida de muitos cristãos. E é um fato. A mudou e iniciou caminhos de santidade.

Como vive seu ministério como pregador da Casa Pontifícia desde sua experiência na Renovação Carismática?

Para mim tudo o que passou desde 1977 é um fruto de meu batismo no Espírito. Era professor na Universidade. Dedicava-me à pesquisa científica na história das origens cristãs. E quando aceitei não sem resistência esta experiência, depois tive o chamado de deixar tudo e colocar-me à disposição da pregação, e também a nomeação como pregador da Casa Pontifícia chegou depois de que tinha experimentado esta “ressurreição”. Vejo isso como uma grande graça. Depois de minha vocação religiosa, a Renovação Carismática foi a graça mais assinalada de minha vida.

Desde seu ponto de vista, os membros da Renovação Carismática têm uma vocação específica dentro da Igreja?

Sim e não. A Renovação Carismática, temos que dizer e repetir, não é um movimento eclesial. É uma corrente de graça que está destinada a transformar toda a Igreja: a pregação, a liturgia, a oração pessoal, a vida cristã. Assim que não é uma espiritualidade própria. Os movimentos têm uma espiritualidade e acentuam um aspecto, por exemplo a caridade. Antes de tudo, a Renovação Carismática não tem fundador; nenhum pensa em atribuir à Renovação Carismática um fundador porque é algo que começou em muitos lugares de diferentes maneiras. E não tem uma espiritualidade; é a vida cristã vivida no Espírito.

Mas pode-se dizer que como a gente que viveu esta experiência constitui socialmente uma realidade –são pessoas que fazem determinados gestos, oram de certa maneira– então se pode identificar uma realidade social cujo papel é simplesmente o de colocar-se à disposição para que outros possam ter a mesma experiência. O cardeal Leo Jozef Suenens, que foi o grande protetor e partidário da Renovação Carismática no início, dizia que o destino final da Renovação Carismática poderá ser o de desaparecer quando esta corrente de graça tenha contagiado toda a Igreja.

A ponto de concluir a pregação de um retiro no qual estiveram mil líderes carismáticos de todo o mundo, que mensagem gostaria de deixar ao crente que desconhece a Renovação?

Quero dizer aos fiéis, aos bispos, aos sacerdotes, que não tenham medo. Desconheço por que há medo. Talvez em alguma medida porque esta experiência começou entre outras confissões cristãs, como pentecostais e protestantes. Contudo, o Papa não tem medo. Falou dos movimentos eclesiais, inclusive da Renovação Carismática, como de sinais de uma nova primavera da Igreja, e muito com freqüência faz referência na importância disso. E Paulo VI afirmou que era uma oportunidade para a Igreja.

Não há que ter medo. Há Conferências Episcopais, por exemplo na América Latina –é o caso do Brasil–, onde a hierarquia descobriu que a Renovação Carismática não é um problema: é parte da solução ao problema dos católicos que se afastam da Igreja porque não encontram nela uma palavra viva, a Bíblia vivida, uma possibilidade de expressar a fé de maneira gozosa, de forma livre, e a Renovação Carismática é um meio formidável que o Senhor pôs na Igreja para que se possa viver uma experiência do Espírito, pentecostal, na Igreja católica, sem necessidade de sair dela.

Tampouco se deve considerar que se trata de uma “ilha” na qual se reúnem algumas pessoas que são um pouco emocionais. Não é uma ilha. É uma graça destinada a todos os batizados. Os sinais externos podem ser diferentes, mas em sua essência é uma experiência destinada a todos os batizados.

Castel Gandolfo

ENTREVISTA CONCEDIDA A RCCRIO

RIO DE JANEIRO – BRASIL

 

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Batismo do senhor Jesus = Fidelidade Liturgica.

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Parábolas e Reflexões (14)

 
 
RCC
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Batismo do Senhor Jesus.



«Ele me consagrou com a unção»

Jesus recebeu o Espírito da promessa no momento do seu Batismo é o que nos testemunha São João Batista:

Frei Raniero Cantalamessa =>

Outros textos.

Isaías 42, 1-4.6-7; Atos 10, 34-38; Mateus 3, 13-17





O próprio Jesus deu uma explicação do que lhe aconteceu no batismo no Jordão. Ao voltar, na sinagoga de Nazaré aplicou a si mesmo as palavras de Isaías: «O Espírito do Senhor está sobre mim: me consagrou com a unção…». O mesmo termo de unção é utilizado por Pedro na segunda leitura, falando do batismo de Jesus: «Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder».




O BATISMO DE JESUS

BUSCANDO NOVAS ÁGUAS

  • SLAIDS em .PPT

  • LITURGIA DOMINICAL


Trata-se de um conceito fundamental para a fé cristã. Basta dizer que o nome Messias em hebreu e Christos em grego significam exatamente isso: Ungido. Nós mesmos, diziam os antigos Padres, recebemos o nome de cristãos porque fomos ungidos à imitação de Cristo, o Ungido por excelência. A palavra «ungido», em nossa linguagem, tem muitos significados, não totalmente positivo. Na Antigüidade, a unção era um elemento importante da vida. Ungiam-se com óleo os atletas para estarem soltos e ágeis nas corridas, e se ungiam com óleo perfumado homens e mulheres para ter o rosto belo e resplandecente. Atualmente, com estes mesmos objetivos, existe à disposição uma infinidade de produtos e cremes em grande parte derivados de diferentes tipos de óleos.

Em Israel o rito tinha um significado religioso. Ungiam-se os reis, os sacerdotes e os profetas com um ungüento perfumado e este era o sinal de que estavam consagrados ao serviço divino. Em Cristo, todas estas unções simbólicas se tornam realidade. No batismo no Jordão, Ele é consagrado rei, profeta e sacerdote eterno por Deus Pai. Não com um óleo físico, mas com o óleo espiritual que é o Espírito Santo, «o óleo da alegria», como o define um salmo. Isso explica por que a Igreja dá tanta importância à unção com o santo crisma. Existe um rito de unção no batismo, na confirmação e na ordenação sacerdotal; existe uma unção dos enfermos (antigamente chamado de «extrema-unção»).

É porque através destes ritos se participa na unção de Cristo, isto é, em sua plenitude de Espírito Santo. Uma pessoa é literalmente «cristã», isto é, ungida, consagrada, pessoa chamada – diz Paulo –

«a difundir no mundo o bom odor de Cristo».

Procuremos ver o que tudo isso diz aos homens de hoje. Atualmente, está na moda falar de aromaterapia. Trata-se do emprego de óleos essenciais (ou seja, os que exalam perfume) para a manutenção da saúde ou para a terapia de alguns transtornos. A internet está cheia de anúncios de aromaterapia. Não se contenta em promover com eles o bem-estar físico. Existem também «perfumes da alma», por exemplo «o perfume da paz interior».

Não corresponde a mim emitir um juízo sobre esta medicina alternativa. Contudo, vejo que os médicos convidam a desconfiar desta prática que não está cientificamente provada e que inclusive implica, em alguns casos, contra-indicações. O que desejo expressar é que existe uma aromaterapia segura, infalível, que exclui toda contra-indicação: a que está feita à base do aroma especial, do ungüento perfumado, que é o Espírito Santo!

Esta aromaterapia feita de Espírito Santo cura as doenças da alma e às vezes, se Deus quer, também as do corpo. Há um canto spiritual afro-americano no qual não se faz mais que repetir continuamente estas poucas palavras: «Há um bálsamo em Gilead que cura as almas feridas» (There is a balm in Gilead / to make the wounded whole…). Gilead, ou Galaad, é uma localidade famosa no Antigo Testamento por seus perfumes e ungüentos (Jr 8, 22). O canto prossegue dizendo: «Às vezes me sinto desanimado e penso que tudo é em vão, mas então o Espírito Santo reaviva a minha alma» (Sometimes I feel discouraged and think my work’s in vain but then the Holy Spirit revives my soul again). Gilead é para nós a Igreja, e o bálsamo que cura é o Espírito Santo. Ele é o rastro de perfume que Jesus deixou ao passar por esta terra.

O Espírito Santo é especialista nas doenças do matrimônio. O matrimônio consiste em dar-se um ao outro: é o sacramento de tornar-se dom. E o Espírito Santo é o dom feito pessoa: a doação do Pai ao Filho e do Filho ao Pai. Onde Ele chega, renasce a capacidade de tornar-se dom e, com ela, a alegria e a beleza de viver juntos.

O filósofo Heidegger lançou um juízo alarmado sobre o futuro da sociedade humana: «Só um deus pode nos salvar», disse. Pois eu digo que este Deus que pode nos salvar existe: é o Espírito Santo. Nossa sociedade precisa de doses massivas de Espírito Santo.

[Tradução: Élison Santos. Revisão: Aline Banchieri]

Texto Retirado da Pagina WEB.


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“Jesus Soprou seu Espírito sobre seus Discípulos e

gerou n’eles a vida da Igreja.”


Testemunho Frei Raniero Cantalamessa.


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No início, Adão era uma estátua de barro, porém Deus soprou sobre ele um espírito de vida e ele se tornou um ser vivo. Muito tempo depois, o Espírito de Deus veio sobre Maria e nela apareceu uma nova vida, a vida do novo Adão; a vida deu um grande salto de qualidade! Mais tarde, o Espírito de Deus veio ao sepulcro de Cristo e o reanimou e fez Jesus retornar à vida.

Mais uma vez, o Espírito veio sobre os apóstolos, em Pentecostes, e encontrou um punhado de homens temerosos, medrosos, inertes como Adão quando era uma estátua de barro e, com suas línguas de fogo, o Espírito fez aparecer a Igreja, corpo vivo de Cristo. Nós, que somos a Igreja, somos corpo vivo de Cristo pelo Espírito Santo.

A cada Eucaristia, o Espírito Santo desce sobre o altar e transforma o pão e o vinho em corpo e sangue vivo de Cristo. E um dia, no fim do mundo, o Espírito virá e dará vida aos nossos corpos mortais e nos fará ressurgir para a vida eterna.



De Saulo a Paulo


Agora vou lhes contar sobre a vida nova que o Espírito Santo me deu.

Até 1975, eu era um frade capuchinho que ensinava História das Origens Cristãs na Universidade de Milão, na Itália. Um dia, comecei a escutar pessoas que falavam de uma nova forma de rezar. Uma senhora, de quem eu era diretor espiritual, voltando de um retiro disse-me: “Encontrei pessoas que rezam de um modo estranho: levantam as mãos, batem palmas, são muito alegres e dizem que entre eles milagres acontecem”. Então eu lhe disse: “Nunca mais irás a essa casa de retiros”.

Esses dos quais aquela senhora falava eram carismáticos. Comecei a observá-los e via que algo daquilo que acontecia entre esses irmãos era exatamente aquilo que lemos nas primeiras comunidades cristãs.

Eu não podia negar que havia algo daqueles primórdios da Igreja, contudo havia fenômenos que me perturbavam, como falar em línguas, abraçar-se, profetizar…

Certo dia, fui quase forçado a um encontro carismático. Lá fui tomado de uma intensa e nova alegria, que não sabia explicar. Sentia-me sacudido. E, confessando as pessoas, percebia nelas um arrependimento novo, profundo. Eu podia ver e até tocar a graça de Deus. Mas continuava como um observador.

Em 1977, ganhei uma passagem para ir aos Estados Unidos, assistir à grande assembléia carismática ecumênica. Dentro de mim, dizia: “Isto vem de Deus, mas não me agrada”. E as 40 mil pessoas presentes ali cantavam: “Jericó deve cair”. Os meus colegas italianos me diziam: “Escuta bem, porque Jericó és tu”. Eles tinham razão, e Jericó caiu.

Depois do encontro fomos a uma comunidade carismática em New Jersey, onde aceitei receber a efusão do Espírito Santo, mas ainda com certa resistência. Um dos sinais do Pentecostes é Deus falar através dos humildes. Quando as pessoas rezavam por mim, todas as palavras proféticas pronunciadas falavam de evangelização, de Paulo que com Barnabé inicia suas viagens apostólicas, e um irmão proclamou: “Tu provarás de uma alegria nova em proclamar minha Palavra”.

Um detalhe importante é que enquanto se reza para que alguém receba a efusão do Espírito, se diz: “Escolhe Jesus como Senhor da tua vida” e, enquanto me diziam estas palavras, levantei os olhos e vi o crucifixo que estava sobre o altar da capela. Era como se Ele me esperasse para me dizer algo muito importante: “Atenção! Raniero, cuidado! Este é o Jesus que tu escolhes como teu Senhor, o Crucificado. Não é um Jesus fácil, sentimental”. Nesse momento, entendi que a RCC não é um fenômeno superficial, mas algo que nos leva diretamente ao coração do Evangelho, à cruz de Cristo.

Comecei a ler o breviário experimentando algo novo. Vocês sabem que um dos frutos mais evidentes do Espírito é abrir a nossa inteligência para entender as Escrituras. Outro sinal da transformação que o Espírito operara em mim era o novo desejo de rezar.

Três meses depois voltei à Itália e os meus irmãos diziam: “Que milagre! Mandamos à América Saulo e nos mandaram de volta Paulo”.

Pouco tempo depois, enquanto rezava com um grupo de oração em Milão, surpreendi-me fazendo a oração: “Senhor, não permita que eu morra como um professor universitário aposentado!” E o Senhor levou a sério minha oração.

Algumas semanas depois, rezando na cela de meu convento, tive a moção interior de visualizar Jesus que retornava do batismo no Jordão e começava a pregar o Reino de Deus, e ao passar por mim Ele dizia: “Se queres me ajudar a proclamar o Reino de Deus, deixa tudo e vem!”

Compreendi que Ele queria dizer: “Deixa tua cátedra na Universidade, tua direção de Departamento e te tornes um pregador itinerante da Palavra de Deus, no estilo de São Francisco de Assis”. E ao final daquela oração o Espírito havia colocado em meu coração um “sim”.

Fui ao meu superior geral dizer-lhe que me sentia chamado pelo Senhor. Ele me pediu para esperar um ano. Depois de um ano, ele disse: “Sim, é vontade de Deus, vá”. Assim, tornei-me pregador.

Foi o Espírito Santo e a experiência carismática que fizeram deste velho professor universitário um pregador do Evangelho.



A Casa Pontifícia


Três meses depois, recebi um telefonema de Roma, do meu superior geral que me dizia que o Santo Padre, João Paulo II, havia me escolhido como pregador da Casa Pontifícia. O Papa, com tudo o que tem para fazer, cada sexta-feira de manhã, durante a Quaresma e o Advento, deixa tudo e vem escutar a pregação de um frade capuchinho. Quantos de nós vão escutar pregações como o Papa? Ele não falta nunca. Certa vez, estando em viagem pela América Central, faltou a duas pregações; na sexta-feira seguinte, foi ao meu encontro e pediu desculpas por ter faltado a duas pregações.

Foi-me dada a oportunidade de fazer ressoar ali, no centro da Igreja, o que o Espírito Santo está fazendo na Igreja. O Senhor escolheu esse pobre frade capuchinho para fazer chegar ao coração da Igreja aquilo que vivemos aqui, esta força, esta esperança, esta certeza de que o Espírito Santo realizou um novo Pentecostes na Igreja.

Um dia, entendi que era hora de falar ao Papa, aos Cardeais, aos Bispos sobre a efusão no Espírito. Entre outras coisas, eu disse: “Alguns dizem que tendo recebido o Espírito Santo na Ordenação, no Batismo, não temos necessidade desta oração pedindo a efusão no Espírito, mas Jesus não poderia responder: “Eu também não estava cheio do Espírito desde o nascimento de Maria, e mesmo assim fui ao Jordão para ser batizado por um leigo que se chamava João Batista?”

No final da pregação, eu tinha um certo temor e veio ao meu encontro um Cardeal que me disse: “Hoje, nesta sala, ouvimos falar o Espírito Santo”.

O Santo Padre também sabe de minha experiência, pois lhe contei pessoalmente. Mesmo assim, já faz mais de 20 anos, e ele não me mandou embora. E aquilo que vocês encontram nos meus livros, quase tudo foi escutado antes pelo Papa.

Quero lhes contar um último detalhe que nos faz conhecer a grande paciência do Santo Padre e o seu imenso amor pela palavra de Deus. Uma vez por ano devo fazer a pregação, na Basílica de São Pedro, com o Papa que preside a celebração. É porém a única vez que não é ele quem prega. Lida a narração da Paixão, é o pregador da Casa Pontifícia quem deve subir ao altar do Papa e pregar. Na primeira vez, os degraus me pareciam mais altos que o monte Evereste. Falando na Basílica, dei-me conta de que deveria falar muito lentamente, porque há uma grande ressonância. Mas, falando lentamente, o tempo passava e ultrapassou em cerca de dez minutos o tempo previsto. Vocês sabem que imediatamente após essa pregação, toda sexta-feira da Paixão, o Papa vai ao Coliseu fazer a via-sacra, e o secretário, naturalmente, estava muito nervoso e olhava o relógio de vez em quando. No dia seguinte, disse às freiras que depois daquela função, o Papa o chamou e, com muita gentileza, disse: “Quando um homem de Deus fala, nunca devemos olhar o relógio”.



Coragem, e ao trabalho!


No dia em que meu superior me permitiu iniciar essa vida nova, no ofício das leituras havia um texto do profeta Ageu: “Coragem, Josué, sumo sacerdote, coragem Zorobabel, coragem todo o povo deste país, e ao trabalho. Coragem porque eu estou convosco, diz o Senhor” (Ag 2,4).

Lida essa passagem, fui à Praça de São Pedro e, olhando para a janela do Papa, comecei a gritar: “Coragem João Paulo II, mesmo se sabemos que és o homem mais corajoso do mundo; coragem Cardeais e Bispos, e ao trabalho, porque eu estou convosco, diz o Senhor”. Isso era fácil, pois não tinha ninguém lá, mas três meses depois eu me encontrava diante do Santo Padre e dos Cardeais e Bispos, e proclamei novamente aquela palavra de Ageu.

Hoje, anuncio estas palavras também a vocês: coragem, povo de Deus, e ao trabalho, à evangelização, à renovação da Igreja, porque eu estou convosco, diz o Senhor!

Frei Raniero Cantalamessa OFM Capuchinho

Goiânia sediará encontro com Frei Raniero Cantalamessa.

“A túnica era sem costura” Homilia da ultima Sexta Feira Santa.

Radicais Tradicionalistas criticam a Pregação de Frei Raniero Cantalamessa em Roma.


COMUNIDADE

CATÓLICA SHALOM

FORTALEZA


Jesus Jesus

Jesus Jesus

Goiânia sediará encontro com Frei Raniero Cantalamessa.

Pregador Apostólico do Vaticano

Frei Raniero Cantalamessa, o pregador apostólico do Vaticano esteve em Goiânia  nesta ultima semana de 09 a 14 de Setembro, Como Pregador do Encontro Regional de Servos de Goiás, trazendo um pouco de seus conhecimentos e experiências nos diversos encontros por ele presididos em todo o mundo.

CLICK NA FOTO

E Veja as fotos e as pregações

No Site RCC Goiás.

http://www.rccgoias.org.br/regional/

Home page de Frei Raniero Cantalamessa

Fr. Raniero Cantalamessa

Desde o final de 1980 Frei Raniero Cantalamessa, da Província das Marcas, é Pregador Apostólico. Como tal, todas as sextas-feiras do Advento e da Quaresma, ele propõe uma meditação na presença do Papa, dos cardeais, bispos, prelados e superiores gerais de ordens religiosas. O título e o serviço do Pregador Apostólico remontam a Paulo IV (1555-1559). Até aquele tempo os Procuradores Gerais das quatro ordens mendicantes (Pregadores ou Dominicanos, Menores ou Franciscanos, Eremitas de Santo Agostinho e Carmelitas) pregavam por turno nos domingos do Advento e da Quaresma. De Paulo IV em diante, os pregadores apostólicos foram estáveis, escolhidos das diversas ordens religiosas. E, em 1743, o Sumo Pontífice Bento XIV, com o breve Inclytum Fratrum Minorum, reservou esse encargo exclusivamente à Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.

Atualmente as pregações acontecem na capela Redemptoris Mater. O Pregador Apostólico habita na Cúria Geral dos Frades Menores Capuchinhos.

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Texto de Frei Raniero Cantalamessa no Site RCC-Goiás

Francisco e Clara – Dois enamorados, mas de quem?

“A túnica era sem costura” Homilia da ultima Sexta Feira Santa.

Radicais Tradicionalis criticam a Pregação de Frei Raniero Cantalamessa em Roma.

XI ENCONTRO DE SERVOS

Click no Link abaixo e Confira.

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CHÁCARA JEUS CURA


Principais Temas Abordados no encontro.


Pregação Ironi Spuldaro, exercer os carismas

Reaviva os encontristas nesta manhã de sábado.

“É necessário exercer os carismas dentro do grupo de oração, carismatizar a igreja”

A primeira pregação do XI Encontro de Servos da Renovação Carismática Católica de Goiás teve como rhema a passagem de Jeremias 33,3 ” Invoca-me e te responderei, revelando-te grandes coisas misteriosoas que ignoras”.

Ironi Spuldaro da RCC do Estado do Paraná exortou logo no inicio da sua pregação que cabe a cada um de nós ser “carismático” e não esperar só do coordenador do grupo, da liderança da RCC que ela seja carismática, que ela exerça os carismas.
“É necessário exercer os carismas dentro do grupo, levar a graça do Espírito Santo à toda igreja. Os carismas do Espírito Santo não é um privilégio somente da RCC mas de toda a igreja desde o seu ínicio com Pedro e os apóstolos como nos é relatado por São Lucas no livro dos Atos dos Apóstolos. Invocar o Espírito Santo na igreja é pedir ao dono da graça que é Deus nosso Pai que nos capacite com seus dons é ele que dá a todos cristãos independente de movimento, pastoral ou igreja cristã.

Ironi também falou do “ser carismático” dentro da igreja e da responsabilidade de cada membro do grupo de oração para o exercício dos carismas dentro do grupo de oração e sobre tudo ter uma vida verdadeiramente carismática. Quando os membros da RCC se omitem no exercício dos carismas muitas pessoas perdem a oportunidade de também serem batizadas no Espírito Santo. Não falta dom algum aos cristãos o que falta é uma verdadeira vida carismática.

” Quando Deus nos dá esses dons não temos o direito de não usarmos os carismas em favor dos irmãos”. concluiu.

Raquel Mecenas _ Ministério de Comunicação da RCC Goiânia-Go
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Jesus está vivo

Roberto Ricardo, coordenador Estadual de Formação, inicia a pregação pedindo a cada um para abrirem o coração à graça de Deus. E conta a boa nova: “Jesus está vivo e é o Senhor” E muitas vezes escuta-se pessoas reclamando sobre suas vidas, dificuldades e problemas. Muitas pessoas buscam apenas o mundo, esquecem de buscar quem está vivo. A maioria delas vivem do mundo como se Jesus ainda estivesse no sepulcro, como se Jesus estivesse morto, puramente por medo de toda transformação que Jesus é capaz de fazer ou siplesmente por não acreditar na transformação, na libertação que o Senhor pode fazer.

Quantas pessoas já falaram que o sepulcro está vazio, mas Jesus está vivo. É difícil acreditar sem ver. E o mundo vive em meio a muitas dificuldades, muitos momentos difíceis. Acredite que Jesus está vivo e isso deve sair do coração, não pode ter dúvidas, todos devem ser testemunhas vivas de Jesus.

E se sua vida está cheia de problemas, é porque está rezando pouco. O que falta em sua vida é oração, pois Jesus vive. Ele pode resolver todos os problemas. É importante entender que a Cruz não pode ser pessoas. A cruz são os problemas que as pessoas possuem, e as pessoas necessiam ser amadas. Pois só através do amor de Deus é que cada um conseguirá testemunhar esse Jesus Vivo que habita no meio do povo. “Tem que nascer da água e do Espírito de Deus, tem que nascer do Senhor.Tem que nascer do Amor”.

Carla Rodrigues – Ministério de Comunicação Social – GO

geral

Sede Anunciadores da Palavra de Deus

Pregação Marcos Volcan

Anunciar a palavra de Deus é apoderar do poder do Espírito Santo dado por nós

A tarde deste sábado trouxe a presença viva de Deus Pai. Marcos Volcan, presidente do Conselho Nacional da Renovação Carismática Católica, fez o chamado de promover a cultura de Pentecostes no mundo. E como promover esta cultura? O mundo muitas vezes tenta tirar dos cristãos a unção dada pelo Espírito Santo.

Mas a palavra de Deu é alimento para a alma e fortifica o cristão. A cultura de Pentecostes é um modo de vida, em que homens e mulheres devem buscar sem cessar esse dom. Essa é a vontade de Deus; ser anunciador da palavra. E ser anunciador é apoderar-se do poder do Espírito Santo.

A partir do momento que todos tomarem posse dessa autoridade dada a cada cristão muitas bençãos serão derramadas, curas e milagres anunciados, porque esses são os sinais verdadeiros da presença do Espírito Santo. Portanto, sede santos, busquem a unção de Deus. Estejam sempre à frente, ungidos pelo poder do Espírito Santo, porque uma nova direção será dada a todos os servos.

E esta é a hora. Hora de ser Renovação Carismática Católica. Essa preciosidade que foi dada á Igreja de Cristo. Igreja que cresce em todos os lugares. Católicos, renovem seus dons. Tomem posse, tomem a decisão de falar de Deus pelo mundo, pois a expectativa é de que nos próximos anos a Renovação Carismática do Brasil acolha novos missionários para serem anuciadores da palavra de Deus.

Juliana Barros – Ministério de Comunicação Social – GO

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MILAGRES EXISTEM, BASTA SOMENTE CRÊR

“Se pegarem cobras ou beberem algum veneno, não sofrerão nenhum mal; quando colocarem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados.” (Marcos 16,18)

O pregador Ironi Spuldaro – coordenador do Projeto Celebrando Pentecostes iniciou a pregação cantando: “Caminhando pela estrada eu vou, de prova em prova, vitória após vitória, caminhando pela estrada eu vou, orando pela estrada eu vou. Busquem através da oração, autoridade, nova unção e poder no Espírito Santo por meio da intimidade com Deus.

Ironi se apresenta como Ironi Spuldaro Carismático e diz que os servos devem ser reconhecidos por onde passarem como carismáticos, pois sendo todos carismáticos, todos serão irmãos. Todos os servos devem ser instrumentos de cura, de milagres e do poder de Deus. E o chamado que Deus faz é que cada servo seja discípulo do Senhor, pois Jesus deu a autoridade de expulsar demônios, da mesma forma, que todos recebem a graça do Senhor, cada um deve dar e passar aos outros a graça do Espírito Santo.

E se esse poder não está sendo passado é porque existem muitos irmãos que ainda não abandonaram o homem velho, e vivem apenas por fachada, como falsos carismáticos. Mas se cada um conhecer a verdade serão legítimos carismáticos, porque Jesus fala: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. E a verdade, a autoridade não está nas pessoas, mas sim em Deus e ela é conferida por Deus. Não dá pra ser carismático desanimado, que vive reclamando da vida. Por isso, busquem o entusiasmo para serem usados por Deus. O poder não está nas pessoas, mas ele é conferido pelo sangue de Jesus. E Deus não volta atrás em suas promessas.

Segundo Ironi quando Deus batiza, cada um recebe a unção do Senhor. Não é necessário que o anjo toque na água, mas é missão dos servos derrubar pessoas na água e acreditar que elas sairão de lá curadas. E se isso não aconteceu, nossos grupos estarão vazios, nossos grupos de orações não proclamarão a glória de Deus. E a palavra diz: “Á tarde, levaram a Jesus muitas pessoas que estavam possuídas pelo demônio. Jesus, com a sua palavra, expulsou os espíritos e curou todos os doentes.” (Mateus 8,16) Não precisa de gritaria, não precisa de escândalo é preciso unção.

E o Senhor deu uma ordem e ela é irrevogável. A palvra de Deus fala que imporão as mãos sobre os doentes e estes, serão curados. E durante toda a oração muitas curas o Senhor concedeu, dentre elas: problemas de intestino, surdez, cegueira, câncer, paralisia. Impossível deescrever o imenso amor de Deus derramado nesse Encontro, porque o amor de Deus é infinito e ele alcança a todos.

Carla Rodrigues _ Ministério Estadual de Comunicação Social

geral

Pregação Ziad, Retorna às tuas primeiras obras

A pregação do Ziad, coordenador estadual da RCC-GO, começou chamando todos os servos a escolherem um personagem do Novo Testamento e que colocasse cinco qualidades para este personagem. Essas qualidades no final da pregação foram destacadas sendo da própria pessoa que as escreveu. Além disso, proclamou com muita fé que a maior verdade que existe é de que a Igreja Católica não se perderá. Isso é promessa de Deus. E Deus chama cada um a trazer a Igreja de volta para o caminho. E como dizia Tereza: “prefiro errar com a Igreja do que errar sozinha”. E o que Deus escolheu para a Igreja é a RCC. A presença de Deus é o reeger de Jesus Cristo na vida de cada cristão.

Em Goiás há muito tempo Deus derrama fogo para a Renovação. Várias histórias e testemunhos de servos que hoje estão servindo a Deus. E o povo carismáticos é maluco, mas precisa de força, coragem e ousadia, porque quando isso acontece Deus faz milagres na vida dos cristãos. Muitas vezes os carismático deixam a graça passar. E só basta acreditar. E para pedir o Espírito é só ser sincero nas palavras: “Meu Deus eu não te conhecia eu quero sentir isso também. Eu quero estar lá”. Essa é a frase para começar a sentir o mover do Espírito Santo. E Jesus Cristo muda a vida para melhor, basta você pedir, porque assim a experiência do Espírito Santo vem para cada um de maneira diferente.

Nessa tarde estiveram presentes mais de 3000 pessoas e o Espírito Santo agiu em cada uma delas. E Deus vê muitas qualidades para ser um grande evangelizador. Cada servo é escolhido para ser um grande anunciador. E a época é agora, porque cada grupo de oração tem um ministério. Diversos dons são dados, e hoje a RCC lotou o auditório do Centro de Convenções. Hoje vários pregadores viajam pelo mundo todo. O futuro da RCC é de cada um dos servos.

A Igreja abre as portas e a RCC vem para evangelizar, já que o mundo precisa ouvir a palavra de Deus. Quando ela é proclamada tudo se transfoma. E os escolhidos têm autoridade para falar em nome de Deus. Portanto, proclamem a glória do Senhor. A graça de Deus é renovar o Pentecostes dia-a-dia. Sede evangelizador da palavra de Deus.

Juliana Barros – Ministério de Comunicação Social – GO

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Pregação Ironi Spuldaro, Grupo de Oração

Os carismas no Grupo de Oração

Todo Grupo de Oração tem o dever de inundar o coração das pessoas com o profundo amor de Deus.

São com essas palavras que Ironi Spuldaro inicia essa pregação que tem como tema os Grupos de Orações. E com muita unção e autoridade nos diz:“ Deus é Bom a todo momento, a todo o momento Deus é Bom”.Essa bondade de Deus deve ser expressa a todo momento, se você não for apaixonado pelo seu grupo de oração, você não passa de um “tranca rua”, expressão usada por ele para expressar que uma pessoa que recebe o Espírito Santo, se chama de carismático e não frequenta o grupo de oração está trancando a graça.

Muita gente discute religião, coisas que não tem o que discutir, porque ser cristão é ser outro Cristo! E o grupo de oração não é uma catequese, é batismo no Espírito Santo. Se no Grupo de Oração não estiver recebendo fogo do Espírito Santo descido do céu, tem muita gente descendo para o inferno.

As pessoas devem ir ao Grupo de Oração e sairem de lá com testemunhos sobre a presença, sobre o toque do Espírito Santo, mas para isso os servos devem ser fiéis ao grupo de oração, devem participar do núcleo, devem adorar a Jesus. “ Não se embriaguem com vinho, que leva para a libertagem, mas busquem a plenitude do Espírito.” (Efésios 5,18) Devemos estar cheios do Espírito Santo, devemos orar em conjunto, orar em unidade.

Ironi nos fala com muita clareza que não existe RCC sem Grupo de Oração.

Não devemos nos preocupar com os carismas, não devemos nos preocupar se o padre ou a comunidade não nos deixam exercitar os carismas, pois onde houver Grupo de Oração o Espírito Santo deve ser derramado, e se isso não está acontecendo, a culpa é toda nossa, nos exorta o pregador.

Devemos ser fiéis ao grupo de oração. Devemos ser fiéis à Igreja. Devemos ser fiéis onde quer que estivemos servindo, ser fiel até o fim, devemos ser fiéis, como Deus é fiel a nós! Devemos ser fiéis à vontade de Deus, não devemos mais fingir, mas servir com mais fidelidade.

Milagres não são só para congressos, milagres são para todos os momentos, milagres são para os Grupos de Orações.

Carla Rodrigues– Ministério de Comunicação Social – GO

geral



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Radicais Tradicionalis criticam a Pregação de Frei Raniero Cantalamessa em Roma.

O pregador pontifício Frei Raniero Cantalamessa.

Na ultima Sexta Feira Santa, Frei Raniero

Fez a homilia oficial da Missa no Vaticano.

Frei Raniero Cantalamessa em “A túnica era sem costura”.

Site tradicionalista crítica sua homilia da sexta feira Santa.

Os Radicais Tradicionalistas não conseguem conter sua fúria ao ver um expoente Carismático falando à todo mundo oficialmente em nome da Igreja. O Blog acima quis expressar em sua crítica que; Frei Raniero estaria mais preocupado com a união dos povos Cristãos do que com a Tradição da Igreja Católica, aliás este é o unico assunto que falam em seus site’s e Blog’s, disse que sua homilia “teria sido um desabafo de descontentamento” frente às concessões efetivadas pelo Papa tentando trazer os Radicais tradicionalistas de Volta à plena comunhão com a Igreja Católica. Leia o texto e veja que se refere a união do Corpo de Cristo e nada de ressentimentos contra tradicionalistas.

Frei Raniero, nesta homilia em particular, falou sobre a “Túnica Indivisível de Cristo”, num breve relato do descontentamento do Senhor nosso Deus, ao assistir seus Filhos divididos entre si, um dos raros momentos que vimos Jesus chorando, quando observou aquela multidão parecendo ovelhas sem Pastor, disse Ele ali mesmo, preciso conduzir as minhas ovelhas… existem ovelhas que estão fora desse aprisco… preciso conduzí-las também… haverá enfim um só rebanho e um só Pastor. Se este é o desejo de Jesus, como poderemos ser contra ele? E promover Cismas dentro da Igreja, logicamente estariamos lutando contra a vontade de Deus.

Na Verdade, o que acontece é que; os Radicais Tradicionalistas Brasileiros liderados pelo Prof. Orlando Fedeli dono do Site Montfort, ficaram de fora desta integralização promovida pelo Papa, porque se recusam a dialogar e ceder posições na referida batalha contra o Concílio Vaticano II, por isso intitulam de “Traidores” aqueles que se reintegraram ao Vaticano, no caso o Instituto Bom Pastor e a Fundação João Maria Vianey, que abandonando seus discursos difamatórios anti-Concílio Vaticano II, voltaram à plena Comunhão com a Verdadeira Igreja Católica com sede no Vaticano. Logo os que não abandonaram tais atitudes, “como a Fundação Pio X de Lefebvre e a Associação Cultural Montfort de Fedeli” continuam fora da Igreja, sendo seus ensinamentos não considerados como doutrina Católica Verdadeira, apesar de proclamarem que estão defendendo a Igreja de ataques Modernistas, Maçonicos, gnosticos e etc…

Aqueles que continuam combatendo a Igreja, tentando derrubar documentos efetivos e largamente aprovados pelos Papas, querem ter o direito a ter voz ativa dentro da Igreja, anunciando a todo mundo seus pensamentos preconceituosos, limitando a evangelização a apenas um convite “VINDE A MIM, TODOS VÓS QUE ESTAIS CANÇADOS E SOBRECARREGADOS E EU VOS ALIVIAREI…”, desprezando a ordem de Jesus “IDE E EVANGELIZAI A TODA CRIATURA, QUEM CRER E FOR BATIZADO SERÁ SALVO”. Não temos o direito de limitar a atuação MISSIONÁRIA do Espírito Santo neste Mundo, muito pelo contrário, temos que desmistificar os Carismas e voltar a utilizá-los largamente como no princípio da Igreja, pois é uma das maneiras de mostrar ao mundo pecador que Jesus continua VIVO e agindo no meio de seu povo. Somente assim conseguiremos atingir as massas, onde quer que elas estejam, realizando a grande Colheita do Pentecostes Profético.

Criticar a unidade dos filhos de Deus é a mesma coisa que criticar Jesus em suas atitudes e seus mandamentos. A Videira verdadeira é Jesus e nós somos os ramos unidos à esta única videira. Faço parte das 99 ovelhas seguras no aprisco do Senhor, ou sou aquela umazinha perdida nos campos deste mundo? Seja qual for a resposta, não deveriamos estar todos juntos no mesmo aprisco de Cristo, nos amando como Jesus nos amou? ou deveriamos agir como o irmão mais velho do filho pródigo? que recusou entrar no banquete celestial que seu Pai preparou, porque lá dentro estava presente o seu irmão mais moço, aquele que gastou os bens do Pai com as meretrizes, e agora goza dos benefícios da misericórdia e do perdão eterno do Pai. Se agirmos assim, quem ficará de fora do Reino de Deus? seremos nós! que trabalhamos arduamente na vinha do Senhor, mas quando veio o filho do dono, acabamos crucificando-o novamente em outra Cruz de egoismo, desamor, orgulho e o Pecado da falta de Perdão. Esta afinal foi uma das ultimas palavras de Jesus.

“PAI, PERDOA-LHES… PORQUE,

NÃO SABEM O QUE FAZEM…”