O Amor na Família.


A alegria do amor sincero e verdadeiro


Celebramos o segundo aniversário da Amoris Laetitia destacando trechos da Exortação Apostólica que servem para refletir e reagir ao desafio alegre da virtude mais importante.


Opus Dei - A alegria do amor sincero e verdadeiro


No dia 19 de março, se completou dois anos da publicação da Exortação Apostólica Amoris Laetitia do Papa Francisco. Os seus 325 pontos são uma profunda homenagem ao amor humano, em perfeita sintonia com o Amor de Deus. Todo o texto magisterial é uma joia que revitaliza o amor sincero e verdadeiro que serve para refletir sobre a virtude mais importante: a caridade.

Queremos lhe oferecer um resumo, na forma de pontos breves, de textos destacados da Exortação Apostólica. Não se trata de uma seleção dos mais importantes, porque importante é o documento completo. É uma apresentação didática ordenada por temas (Amor, Matrimônio, Filhos, Família, Deus, Igreja e família; e Família e sociedade) que pode servir para difundir o conteúdo do documento papal que golpeia o coração dos homens, o coração das famílias e o coração da sociedade.

O ideal é que este aperitivo extenso de citações abra o interesse em rever, repensar, meditar, ou ler pela primeira vez a Amoris Laetitia.




Amor

● No horizonte do amor, essencial na experiência cristã do matrimónio e da família, destaca-se ainda outra virtude, um pouco ignorada nestes tempos de relações frenéticas e superficiais: a ternura.

● O amor vivido nas famílias é uma força permanente para a vida da Igreja.

● O amor possui sempre um sentido de profunda compaixão, que leva a aceitar o outro como parte deste mundo, mesmo quando age de modo diferente do que eu desejaria.

● O amor leva-nos a uma apreciação sincera de cada ser humano, reconhecendo o seu direito à felicidade. Amo aquela pessoa, vejo-a com o olhar de Deus Pai, que nos dá tudo «para nosso usufruto».

● Quem ama, não só evita falar muito de si mesmo, mas, porque está centrado nos outros, sabe manter-se no seu lugar sem pretender estar no centro.

● Amar é também tornar-se amável.

● O amor não age rudemente, não atua de forma inconveniente, não se mostra duro no trato. Os seus modos, as suas palavras, os seus gestos são agradáveis; não são ríspidos, nem rígidos. Detesta fazer sofrer os outros.

● O amor amável gera vínculos, cultiva laços, cria novas redes de integração, constrói um tecido social firme.

● A pessoa que ama é capaz de dizer palavras de incentivo, que reconfortam, fortalecem, consolam, estimulam.

● Quando uma pessoa que ama pode fazer algo de bom pelo outro, ou quando vê que a vida está a correr bem ao outro, vive isso com alegria e, assim, dá glória a Deus, porque «Deus ama quem dá com alegria».

● Ama-me como é e como pode, com os seus limites, mas o facto de o seu amor ser imperfeito não significa que seja falso ou que não seja real. É real, mas limitado e terreno.

● O amor confia, deixa em liberdade, renuncia a controlar tudo, a possuir, a dominar. Esta liberdade, que possibilita espaços de autonomia, abertura ao mundo e novas experiências, consente que a relação se enriqueça e não se transforme numa endogamia sem horizontes.

● O amor não se deixa dominar pelo ressentimento, o desprezo das pessoas, o desejo de se lamentar ou vingar de alguma coisa. O ideal cristão, nomeadamente na família, é amor que apesar de tudo não desiste.

● Depois do amor que nos une a Deus, o amor conjugal é a «amizade maior».

● Sejamos sinceros na leitura dos sinais da realidade: quem está enamorado não projeta que essa relação possa ser apenas por um certo tempo.

● Um amor frágil ou doente, incapaz de aceitar o matrimônio como um desafio que exige lutar, renascer, reinventar-se e recomeçar sempre de novo até à morte, não pode sustentar um nível alto de compromisso. Cede à cultura do provisório, que impede um processo constante de crescimento.

● No matrimônio, convém cuidar a alegria do amor. Quando a busca do prazer é obsessiva, encerra-nos numa coisa só e não permite encontrar outros tipos de satisfações. Pelo contrário, a alegria expande a capacidade de desfrutar e permite-nos encontrar prazer em realidades variadas, mesmo nas fases da vida em que o prazer se apaga.

● Na sociedade de consumo, o sentido estético empobrece-se e, assim, se apaga a alegria. Tudo se destina a ser comprado, possuído ou consumido, incluindo as pessoas. Ao contrário, a ternura é uma manifestação desse amor que se liberta do desejo da posse egoísta. Leva-nos a vibrar à vista duma pessoa, com imenso respeito e um certo receio de lhe causar dano ou tirar a sua liberdade.

● O amor pelo outro implica este gosto de contemplar e apreciar o que é belo e sagrado do seu ser pessoal, que existe para além das minhas necessidades.

● A experiência estética do amor exprime-se naquele olhar que contempla o outro como fim em si mesmo, ainda que esteja doente, velho ou privado de atrativos sensíveis.

● Este sim significa dizer ao outro que poderá sempre confiar, não será abandonado, se perder atrativos, se tiver dificuldades ou se se apresentarem novas possibilidades de prazer ou de interesses egoístas.

● Os gestos que exprimem este amor devem ser constantemente cultivados, sem mesquinhez, cheios de palavras generosas. Na família, «é necessário usar três palavras: com licença, obrigado, desculpa. Três palavras-chave».

● As palavras adequadas, ditas no momento certo, protegem e alimentam o amor dia após dia.

● Não fazem bem certas fantasias sobre um amor idílico e perfeito, privando-o assim de todo o estímulo para crescer. Uma ideia celestial do amor terreno esquece que o melhor ainda não foi alcançado, o vinho melhorado com o tempo.

● O amor supera as piores barreiras.

● A virgindade e o matrimônio são – e devem ser – modalidades diferentes de amar, porque «o homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser incompreensível e a sua vida é destituída de sentido, se não lhe for revelado o amor».

● O celibato corre o risco de ser uma cômoda solidão, que dá liberdade para se mover autonomamente, mudar de local, tarefa e opção, dispor do seu próprio dinheiro, conviver com as mais variadas pessoas segundo a atração do momento. Neste caso, sobressai o testemunho das pessoas casadas. Aqueles que foram chamados à virgindade podem encontrar, nalguns casais de esposos, um sinal claro da fidelidade generosa e indestrutível de Deus à sua Aliança, que pode estimular os seus corações a uma disponibilidade mais concreta e oblativa.

● O alongamento da vida provocou algo que não era comum noutros tempos: a relação íntima e a mútua pertença devem ser mantidas durante quatro, cinco ou seis décadas, e isto gera a necessidade de renovar repetidas vezes a escolha recíproca.

● Não é possível prometer que teremos os mesmos sentimentos durante a vida inteira; mas podemos ter um projeto comum estável, comprometermo-nos a amar-nos e a viver unidos até que a morte nos separe, e viver sempre uma intimidade rica.

● O amor que nos prometemos, supera toda a emoção, sentimento ou estado de ânimo, embora possa incluí-los. É um amar-se bem mais profundo, com uma decisão do coração que envolve toda a existência.

● Na história dum casal, a aparência física muda, mas isso não é motivo para que a atração amorosa diminua. Um cônjuge enamora-se pela pessoa inteira do outro, com uma identidade própria e não apenas pelo corpo, embora esse corpo, independentemente do desgaste do tempo, nunca deixe de expressar, de alguma forma, aquela identidade pessoal que cativou o coração.

● Quando os outros já não podem reconhecer a beleza desta identidade, o cônjuge enamorado continua a ser capaz de a individualizar com o instinto do amor, e o carinho não desaparece.

● O amor dá sempre vida. Por isso, o amor conjugal «não se esgota no interior do próprio casal (…). Os cônjuges, enquanto se doam entre si, doam para além de si mesmos a realidade do filho, reflexo vivo do seu amor, sinal permanente da unidade conjugal e síntese viva e indissociável do ser pai e mãe».

● O amor precisa de tempo disponível e gratuito, colocando outras coisas em segundo lugar. Faz falta tempo para dialogar, abraçar-se sem pressa, partilhar projetos, escutar-se, olhar-se nos olhos, apreciar-se, fortalecer a relação.

● Cada crise esconde uma boa notícia, que é preciso saber escutar, afinando os ouvidos do coração.

● Às vezes ama-se com um amor egocêntrico próprio da criança, fixado numa etapa onde a realidade é distorcida e se vive o capricho de que tudo deva girar à volta do próprio eu. É um amor insaciável, que grita e chora quando não obtém aquilo que deseja.

● O amor possui uma intuição que lhe permite escutar sem sons e ver no invisível.



Matrimónio

● Como cristãos, não podemos renunciar a propor o matrimónio, para não contradizer a sensibilidade atual, para estar na moda, ou por sentimentos de inferioridade face ao descalabro moral e humano; estaríamos a privar o mundo dos valores que podemos e devemos oferecer. […] Ao mesmo tempo, devemos ser humildes e realistas, para reconhecer que, às vezes, a nossa maneira de apresentar as convicções cristãs e a forma como tratamos as pessoas ajudaram a provocar aquilo de que hoje nos lamentamos, pelo que nos convém uma salutar reação de autocrítica.

● Precisamos de encontrar as palavras, as motivações e os testemunhos que nos ajudem a tocar as cordas mais íntimas dos jovens, onde são mais capazes de generosidade, de compromisso, de amor e, até mesmo, de heroísmo, para os convidar a aceitar, com entusiasmo e coragem, o desafio de matrimônio.

● O nosso ensinamento sobre o matrimônio e a família não pode deixar de se inspirar e transfigurar à luz deste anúncio de amor e ternura, se não quiser tornar-se mera defesa duma doutrina fria e sem vida.

● O sacramento do matrimônio não é uma convenção social, um rito vazio ou o mero sinal externo dum compromisso. O sacramento é um dom para a santificação e a salvação dos esposos, porque «a sua pertença recíproca é a representação real, através do sinal sacramental, da mesma relação de Cristo com a Igreja. Os esposos são, portanto, para a Igreja a lembrança permanente daquilo que aconteceu na cruz; são um para o outro, e para os filhos, testemunhas da salvação, da qual o sacramento os faz participar».

● A união sexual, vivida de modo humano e santificada pelo sacramento é, por sua vez, caminho de crescimento na vida da graça para os esposos.

● Os esposos, que se amam e se pertencem, falam bem um do outro, procuram mostrar mais o lado bom do cônjuge do que as suas fraquezas e erros. Em todo o caso, guardam silêncio para não danificar a sua imagem. Mas não é apenas um gesto externo, brota duma atitude interior.

● A alegria matrimonial, que se pode viver mesmo no meio do sofrimento, implica aceitar que o matrimônio é uma combinação necessária de alegrias e fadigas, de tensões e repouso, de sofrimentos e libertações, de satisfações e procuras, de aborrecimentos e prazeres, sempre no caminho da amizade que impele os esposos a cuidarem um do outro.

● Depois de ter sofrido e lutado unidos, os cônjuges podem experimentar que valeu a pena, porque conseguiram algo de bom, aprenderam alguma coisa juntos ou podem apreciar melhor o que têm. Poucas alegrias humanas são tão profundas e festivas como quando duas pessoas que se amam conquistaram, conjuntamente, algo que lhes custou um grande esforço compartilhado.

● É verdade que o amor é muito mais do que um consentimento externo ou uma forma de contrato matrimonial, mas é igualmente certo que a decisão de dar ao matrimônio uma configuração visível na sociedade com certos compromissos manifesta a sua relevância: mostra a seriedade da identificação com o outro, indica uma superação do individualismo de adolescente e expressa a firme opção de se pertencerem um ao outro.

● Casar-se é uma maneira de exprimir que realmente se abandonou o ninho materno, para tecer outros laços fortes e assumir uma nova responsabilidade perante outra pessoa. Isto vale muito mais do que uma mera associação espontânea para mútua compensação, que seria a privatização do matrimônio.

● O matrimônio como instituição social, é proteção e instrumento para o compromisso mútuo, para o amadurecimento do amor, para que a opção pelo outro cresça em solidez, concretização e profundidade, e possa, por sua vez, cumprir a sua missão na sociedade. Por isso, o matrimônio supera qualquer moda passageira e persiste. A sua essência está radicada na própria natureza da pessoa humana e do seu caráter social.

● O amor matrimonial não se estimula falando, antes de mais nada, da indissolubilidade como uma obrigação, nem repetindo uma doutrina, mas robustecendo-o por meio dum crescimento constante sob o impulso da graça. O amor que não cresce, começa a correr perigo; e só podemos crescer correspondendo à graça divina com mais atos de amor, com atos de carinho mais frequentes, mais intensos, mais generosos, mais ternos, mais alegres.

● O diálogo é uma modalidade privilegiada e indispensável para viver, exprimir e amadurecer o amor na vida matrimonial e familiar. Mas requer uma longa e diligente aprendizagem.

● A unidade, a que temos de aspirar, não é uniformidade, mas uma «unidade na diversidade» ou uma «diversidade reconciliada». Neste estilo enriquecedor de comunhão fraterna, seres diferentes encontram-se, respeitam-se e apreciam-se, mas mantendo distintos matizes e acentos que enriquecem o bem comum.

● É importante a capacidade de expressar aquilo que se sente, sem ferir; utilizar uma linguagem e um modo de falar que possam ser mais facilmente aceites ou tolerados pelo outro, embora o conteúdo seja exigente; expor as próprias críticas, mas sem descarregar a ira como uma forma de vingança, e evitar uma linguagem moralizante que procure apenas agredir, ironizar, culpabilizar, ferir. Há tantas discussões no casal que não são por questões muito graves; às vezes trata-se de pequenas coisas, pouco relevantes, mas o que altera os ânimos é o modo de as dizer ou a atitude que se assume no diálogo.

● Para que o diálogo valha a pena, é preciso ter algo para se dizer; e isto requer uma riqueza interior que se alimenta com a leitura, a reflexão pessoal, a oração e a abertura à sociedade. Caso contrário, a conversa torna-se aborrecida e inconsistente. Quando cada um dos cônjuges não cultiva o próprio espírito e não há uma variedade de relações com outras pessoas, a vida familiar torna-se endogâmica e o diálogo fica empobrecido.

● O amor matrimonial leva a procurar que toda a vida emotiva se torne um bem para a família e esteja ao serviço da vida em comum.

● A sexualidade não é um recurso para compensar ou entreter, mas trata-se de uma linguagem interpessoal onde o outro é tomado a sério, com o seu valor sagrado e inviolável.

● O ideal do matrimônio não pode configurar-se apenas como uma doação generosa e sacrificada, onde cada um renuncia a qualquer necessidade pessoal e se preocupa apenas por fazer o bem ao outro, sem satisfação alguma. Lembremo-nos de que um amor verdadeiro também sabe receber do outro, é capaz de se aceitar como vulnerável e necessitado, não renuncia a receber, com gratidão sincera e feliz, as expressões corporais do amor na carícia, no abraço, no beijo e na união sexual.

● Quando o amor se converte em mera atração ou a uma vaga afetividade, isto faz com que os cônjuges sofram duma extraordinária fragilidade quando a afetividade entra em crise ou a atração física diminui.

● Quando o olhar sobre o cônjuge é constantemente crítico, isso indica que o matrimônio não foi assumido também como um projeto a construir juntos, com paciência, compreensão, tolerância e generosidade. Isto faz com que o amor seja substituído, pouco a pouco, por um olhar inquisidor e implacável, pelo controle dos méritos e direitos de cada um, pelas reclamações, a competição e a autodefesa.

● Lembro-me dum refrão que dizia que a água estagnada se corrompe, se estraga. O mesmo acontece com a vida do amor nos primeiros anos do matrimônio quando fica estagnada, deixa de se mover, perde aquela inquietação sadia que a faz avançar.

● Uma das causas que leva a ruturas matrimoniais é ter expetativas demasiado altas sobre a vida conjugal. Quando se descobre a realidade mais limitada e problemática do que se sonhara, a solução não é pensar imediata e irresponsavelmente na separação, mas assumir o matrimônio como um caminho de amadurecimento, onde cada um dos cônjuges é um instrumento de Deus para fazer crescer o outro.

● Cada crise implica uma aprendizagem, que permite incrementar a intensidade da vida comum ou, pelo menos, encontrar um novo sentido para a experiência matrimonial. É preciso não se resignar de modo algum a uma curva descendente, a uma inevitável deterioração, a uma mediocridade que se tem de suportar. Pelo contrário, quando se assume o matrimônio como uma tarefa que implica também superar obstáculos, cada crise é sentida como uma ocasião para chegar a beber, juntos, o vinho melhor.

● Numa crise não assumida, o que mais se prejudica é a comunicação. Assim, pouco a pouco, aquela que era «a pessoa que amo» passa a ser «quem me acompanha sempre na vida», a seguir, apenas «o pai ou a mãe dos meus filhos», e por fim um estranho.

● Nestes momentos, é necessário criar espaços para comunicar de coração a coração. O problema é que se torna ainda mais difícil comunicar num momento de crise, se nunca se aprendeu a fazê-lo. É uma verdadeira arte que se aprende em tempos calmos, para se pôr em prática nos tempos difíceis.

● Tornou-se frequente que, quando um cônjuge sente que não recebe o que deseja, ou não se realiza o que sonhava, isso lhe pareça ser suficiente para pôr termo ao matrimônio. Mas, assim, não haverá matrimônio que dure.

● Tem de se acolher e valorizar sobretudo a angústia daqueles que sofreram injustamente a separação, o divórcio ou o abandono, ou então foram obrigados, pelos maus-tratos do cônjuge, a romper a convivência. Não é fácil o perdão pela injustiça sofrida, mas constitui um caminho que a graça torna possível.

● Peço aos pais separados: «Nunca, nunca e nunca tomeis o filho como refém! Separastes-vos devido a muitas dificuldades e motivos, a vida deu-vos essa provação, mas os filhos não devem carregar o fardo dessa separação; que eles não sejam usados como reféns contra o outro cônjuge, mas cresçam ouvindo a mãe falar bem do pai, embora já não estejam juntos, e o pai falar bem da mãe».



Filhos

● O Evangelho lembra-nos também que os filhos não são uma propriedade da família, mas espera-os o seu caminho pessoal de vida.

● A Igreja é chamada a colaborar, com uma ação pastoral adequada, para que os próprios pais possam cumprir a sua missão educativa; e sempre o deve fazer, ajudando-os a valorizar a sua função específica e a reconhecer que aqueles que recebem o sacramento do matrimônio são transformados em verdadeiros ministros educativos, pois, quando formam os seus filhos, edificam a Igreja.

● Os filhos não querem só que os seus pais se amem, mas também que sejam fiéis e permaneçam sempre juntos.

● A adoção é um caminho para realizar a maternidade e a paternidade de uma forma muito generosa, e desejo encorajar aqueles que não podem ter filhos a alargar e abrir o seu amor conjugal para receber quem está privado de um ambiente familiar adequado.

● Crescer entre irmãos proporciona a bela experiência de cuidarem uns dos outros, de ajudar e ser ajudado.

● É inevitável que cada filho nos surpreenda com os projetos que brotam dessa liberdade, que quebre os nossos esquemas; e é bom que isso aconteça. A educação envolve a tarefa de promover liberdades responsáveis que, nas encruzilhadas, saibam optar com sensatez e inteligência; pessoas que compreendam, sem reservas, que a sua vida e a vida da sua comunidade estão nas suas mãos e que esta liberdade é um dom imenso.

● Quando um filho deixa de sentir que é precioso para os seus pais, embora imperfeito, ou deixa de notar que nutrem uma sincera preocupação por ele, isto cria feridas profundas que causam muitas dificuldades no seu amadurecimento. Esta ausência, este abandono afetivo provoca um sofrimento mais profundo do que a eventual correção recebida por uma má ação.

● A correção é um estímulo quando, ao mesmo tempo, se apreciam e reconhecem os esforços e quando o filho descobre que os seus pais conservam viva uma paciente confiança. Uma criança corrigida com amor sente-se tida em consideração, percebe que é alguém, dá-se conta de que os pais reconhecem as suas potencialidades.

● Um testemunho de que os filhos precisam da parte dos pais, é que estes não se deixem levar pela ira.

● A família é a primeira escola dos valores humanos, onde se aprende o bom uso da liberdade.

● Quando as crianças ou os adolescentes não são educados para aceitar que algumas coisas devem esperar, tornam-se prepotentes, submetem tudo à satisfação das suas necessidades imediatas e crescem com o vício do «tudo e depressa». Este é um grande engano que não favorece a liberdade; antes a intoxica.

● A família é o âmbito da socialização primária, porque é o primeiro lugar onde se aprende a relacionar-se com o outro, a escutar, partilhar, suportar, respeitar, ajudar, conviver.

● É difícil pensar na educação sexual num tempo em que se tende a banalizar e empobrecer a sexualidade. Só se poderia entender no contexto duma educação para o amor, para a doação mútua; assim, a linguagem da sexualidade não acabaria tristemente empobrecida, mas esclarecida.

● Tem um valor imenso uma educação sexual que cuide um são pudor, embora hoje alguns considerem que é questão doutros tempos. É uma defesa natural da pessoa que resguarda a sua interioridade e evita ser transformada em mero objeto. Sem o pudor, podemos reduzir o afeto e a sexualidade a obsessões que nos concentram apenas nos órgãos genitais, em morbosidades que deformam a nossa capacidade de amar e em várias formas de violência sexual que nos levam a ser tratados de forma desumana ou a prejudicar os outros.

● A família deve continuar a ser lugar onde se ensina a perceber as razões e a beleza da fé, a rezar e a servir o próximo.

● A educação na fé sabe adaptar-se a cada filho, porque os recursos aprendidos ou as receitas às vezes não funcionam.

● É fundamental que os filhos vejam, de maneira concreta que, para os seus pais, a oração é realmente importante.

● Quero exprimir a minha gratidão de forma especial a todas as mães que rezam incessantemente, como fazia Santa Monica, pelos filhos que se afastaram de Cristo.

● O exercício de transmitir aos filhos a fé, no sentido de facilitar a sua expressão e crescimento, permite que a família se torne evangelizadora e, espontaneamente, comece a transmiti-la a todos os que se aproximam dela e mesmo fora do próprio ambiente familiar.



Família

● Uma família e uma casa são duas realidades que se reclamam mutuamente. Este exemplo mostra que devemos insistir nos direitos da família, e não apenas nos direitos individuais. A família é um bem de que a sociedade não pode prescindir, mas precisa de ser protegida.

● Ninguém pode pensar que o enfraquecimento da família como sociedade natural fundada no matrimónio seja algo que beneficia a sociedade. Antes pelo contrário, prejudica o amadurecimento das pessoas, a cultura dos valores comunitários e o desenvolvimento ético das cidades e das aldeias.

● Muitos homens têm consciência da importância do seu papel na família e vivem-no com as qualidades peculiares da índole masculina. A ausência do pai penaliza gravemente a vida familiar, a educação dos filhos e a sua integração na sociedade. Tal ausência pode ser física, afetiva, cognitiva e espiritual. Esta carência priva os filhos dum modelo adequado do comportamento paterno.

● Ter paciência não é deixar que nos maltratem permanentemente, nem tolerar agressões físicas, ou permitir que nos tratem como objetos. O problema surge quando exigimos que as relações sejam idílicas, ou que as pessoas sejam perfeitas, ou quando nos colocamos no centro esperando que se cumpra unicamente a nossa vontade. Então tudo nos impacienta, tudo nos leva a reagir com agressividade. Se não cultivarmos a paciência, sempre encontraremos desculpas para responder com ira, acabando por nos tornarmos pessoas que não sabem conviver, antissociais incapazes de dominar os impulsos e a família tornar-se-á num campo de batalha.

● Na vida familiar, não pode reinar a lógica do domínio de uns sobre os outros, nem a competição para ver quem é mais inteligente ou poderoso, porque esta lógica acaba com o amor.

● Quando estivermos ofendidos ou desiludidos, é possível e desejável o perdão; mas ninguém diz que seja fácil. A verdade é que «a comunhão familiar só pode ser conservada e aperfeiçoada com grande espírito de sacrifício. Exige, de facto, de todos e de cada um, uma pronta e generosa disponibilidade para a compreensão, a tolerância, o perdão, a reconciliação. Nenhuma família ignora como o egoísmo, o desacordo, as tensões, os conflitos agridem, de forma violenta e, às vezes mortal, a comunhão».

● Para se poder perdoar, precisamos de passar pela experiência libertadora de nos compreendermos e perdoarmos a nós mesmos. Quantas vezes os nossos erros ou o olhar crítico das pessoas que amamos nos fizeram perder o amor a nós próprios; isto acaba por nos levar a acautelarmo-nos dos outros, esquivando-nos do seu afeto, enchendo-nos de suspeitas nas relações interpessoais.

● Alguém que sabe que sempre suspeitam dele, julgam-no sem compaixão e não o amam incondicionalmente, preferirá guardar os seus segredos, esconder as suas quedas e fraquezas, fingir o que não é. Concluindo, uma família, onde reina uma confiança sólida, carinhosa e, suceda o que suceder, sempre se volta a confiar, permite o florescimento da verdadeira identidade dos seus membros, fazendo com que se rejeite espontaneamente o engano, a falsidade e a mentira.

● Não é possível uma família sem o sonho. Numa família, quando se perde a capacidade de sonhar, os filhos não crescem, o amor não cresce; a vida debilita-se e apaga-se.

● O pequeno núcleo familiar não deveria isolar-se da família alargada, onde estão os pais, os tios, os primos e até os vizinhos. Nesta família ampla, pode haver pessoas necessitadas de ajuda ou, pelo menos, de companhia e de gestos de carinho, ou pode haver grandes sofrimentos que precisam de conforto.

● É bom quebrar a rotina com a festa, não perder a capacidade de celebrar em família, alegrar-se e festejar as experiências belas. É preciso compartilhar a surpresa pelos dons de Deus e alimentar, juntos, o entusiasmo pela vida. Quando se sabe celebrar, esta capacidade renova a energia do amor, liberta-o da monotonia e enche de cor e esperança os hábitos diários.

● A história de uma família está marcada por crises de todo o gênero, que são parte também da sua dramática beleza. É preciso ajudar a descobrir que uma crise superada não leva a uma relação menos intensa, mas a melhorar, sedimentar e maturar o vinho da união. Não se vive juntos para ser cada vez menos feliz, mas para aprender a ser feliz de maneira nova, a partir das possibilidades que abre uma nova etapa.

● Saber perdoar e sentir-se perdoado é uma experiência fundamental na vida familiar.

● A família tem de inventar, todos os dias, novas formas de promover o reconhecimento mútuo.

● Nenhuma família é uma realidade perfeita e confeccionada duma vez para sempre, mas requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar



Deus, Igreja e família

● O espaço vital duma família podia transformar-se em igreja doméstica, em local da Eucaristia, da presença de Cristo sentado à mesma mesa.

● A família é chamada a compartilhar a oração diária, a leitura da Palavra de Deus e a comunhão eucarística, para fazer crescer o amor e se tornar, cada vez mais, um templo onde habita o Espírito.

● No mundo atual, aprecia-se também o testemunho dos cônjuges que não se limitam a perdurar no tempo, mas continuam a sustentar um projeto comum e conservam o afeto. Isto abre a porta a uma pastoral positiva, acolhedora, que torna possível um aprofundamento gradual das exigências do Evangelho. No entanto, muitas vezes agimos na defensiva e gastamos as energias pastorais multiplicando os ataques ao mundo decadente, com pouca capacidade de propor e indicar caminhos de felicidade. Muitos não sentem a mensagem da Igreja sobre o matrimônio e a família como um reflexo claro da pregação e das atitudes de Jesus, o qual, ao mesmo tempo que propunha um ideal exigente, nunca perdia a proximidade compassiva junto das pessoas frágeis, como a samaritana ou a mulher adúltera.

● Uma coisa é compreender a fragilidade humana ou a complexidade da vida, e outra é aceitar ideologias que pretendem dividir em dois, os aspetos inseparáveis da realidade. Não caiamos no pecado de pretender substituir-nos ao Criador. Somos criaturas, não somos onipotentes. A criação precede-nos e deve ser recebida como um dom. Ao mesmo tempo somos chamados a guardar a nossa humanidade, e isto significa, antes de mais, aceitá-la e respeitá-la como ela foi criada.

● Se aceitamos que o amor de Deus é incondicional, que o carinho do Pai não se deve comprar nem pagar, então poderemos amar sem limites, perdoar aos outros, ainda que tenham sido injustos connosco.

● O matrimônio é um sinal precioso, porque, «quando um homem e uma mulher celebram o sacramento do matrimônio, Deus, por assim dizer, “espelha-Se” neles, imprime neles as suas características e o carácter indelével do seu amor. O matrimônio é o ícone do amor de Deus por nós».

● As famílias numerosas são uma alegria para a Igreja. Nelas, o amor manifesta a sua fecundidade generosa.

● A gravidez é um período difícil, mas também um tempo maravilhoso. A mãe colabora com Deus, para que se verifique o milagre duma nova vida.

● O amor dos pais é instrumento do amor de Deus Pai, que espera com ternura o nascimento de cada criança, aceita-a incondicionalmente e acolhe-a gratuitamente.

● A cada mulher grávida, quero pedir-lhe afetuosamente: Cuida da tua alegria, que nada te tire a alegria interior da maternidade. Aquela criança merece a tua alegria. Não permitas que os medos, as preocupações, os comentários alheios ou os problemas apaguem esta felicidade de ser instrumento de Deus para trazer uma nova vida ao mundo.

● Um casal de esposos, que experimenta a força do amor, sabe que este amor é chamado a sarar as feridas dos abandonados, a estabelecer a cultura do encontro, a lutar pela justiça. Deus confiou à família o projeto de tornar o mundo «doméstico».

● Com o testemunho e também com a palavra, as famílias falam de Jesus aos outros, transmitem a fé, despertam o desejo de Deus e mostram a beleza do Evangelho e do estilo de vida que nos propõe. Assim os esposos cristãos pintam o cinzento do espaço público, colorindo-o de fraternidade, sensibilidade social, defesa das pessoas frágeis, fé luminosa, esperança ativa. A sua fecundidade alarga-se, traduzindo-se em mil e uma maneiras de tornar o amor de Deus presente na sociedade.

● Muitas vezes são os avós que asseguram a transmissão dos grandes valores aos seus netos, e muitas pessoas podem constatar que devem a sua iniciação na vida cristã precisamente aos avós.

● Cada matrimônio é uma «história de salvação», o que supõe partir duma fragilidade que, graças ao dom de Deus e a uma resposta criativa e generosa, pouco a pouco vai dando lugar a uma realidade cada vez mais sólida e preciosa.

● A transmissão da fé pressupõe que os pais vivam a experiência real de confiar em Deus, de O procurar, de precisar d’Ele, porque só assim «cada geração contará à seguinte o louvor das obras [de Deus] e todos proclamarão as [Suas] proezas»

● A presença do Senhor habita na família real e concreta, com todos os seus sofrimentos, lutas, alegrias e propósitos diários. Quando se vive em família, é difícil fingir e mentir, não podemos mostrar uma máscara. Se o amor anima esta autenticidade, o Senhor reina nela com a sua alegria e a sua paz. A espiritualidade do amor familiar é feita de milhares de gestos reais e concretos.

● Se a família consegue concentrar-se em Cristo, Ele unifica e ilumina toda a vida familiar. Os sofrimentos e os problemas são vividos em comunhão com a Cruz do Senhor e, abraçados a Ele, podem suportar-se os piores momentos.

● Há um ponto em que o amor do casal alcança a máxima libertação e se torna um espaço de sã autonomia: quando cada um descobre que o outro não é seu, mas tem um proprietário muito mais importante, o seu único Senhor.

● É uma experiência espiritual profunda contemplar cada ente querido com os olhos de Deus e reconhecer Cristo nele. Isto exige uma disponibilidade gratuita que permita apreciar a sua dignidade.



Família e sociedade


● O enfraquecimento da presença materna, com as suas qualidades femininas, é um risco grave para a nossa terra. Aprecio o feminismo, quando não pretende a uniformidade nem a negação da maternidade. Com efeito, a grandeza das mulheres implica todos os direitos decorrentes da sua dignidade humana inalienável, mas também do seu gênio feminino, indispensável para a sociedade.

● Deus coloca o pai na família, para que, com as características preciosas da sua masculinidade, «esteja próximo da esposa, para compartilhar tudo, alegrias e dores, dificuldades e esperanças. E esteja próximo dos filhos no seu crescimento: quando brincam e quando se aplicam, quando estão descontraídos e quando se sentem angustiados, quando se exprimem e quando permanecem calados, quando ousam e quando têm medo, quando dão um passo errado e quando voltam a encontrar o caminho; pai presente, sempre. Estar presente não significa ser controlador, porque os pais demasiado controladores aniquilam os filhos».

● Às vezes o individualismo destes tempos leva a fechar-se na segurança dum pequeno ninho e a sentir os outros como um incômodo. Todavia este isolamento não proporciona mais paz e felicidade, antes fecha o coração da família e priva-a do horizonte amplo da existência.

● O vínculo virtuoso entre as gerações é garantia de futuro e de uma história verdadeiramente humana. Uma sociedade de filhos que não honram os pais é uma sociedade sem honra.

● O fenômeno contemporâneo de sentir-se órfão, em termos de descontinuidade, desenraizamento e perda das certezas que dão forma à vida, desafia-nos a fazer das nossas famílias um lugar onde as crianças possam lançar raízes no terreno duma história coletiva.


SEMANA NACIONAL

DA FAMÍLIA


 

A CNBB Esclarece como se deve Utilizar as Palmas na Santa Missa.



Palmas na missa: sim ou não?

(Por Pe Rafael Fornasier – Julho de 2010)

Assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida,  Bioética e a Família, da CNBB. 



Podemos Bater Palmas Na Missa ! < outro Post

A questão do respeito à liturgia da Igreja tem atualmente suscitado vários debates sobre temas como procissão, adoração ao Santíssimo Sacramento, cantos, missas tridentinas, manifestação de carismas extraordinários etc. Obviamente que tais temas não estão todos no mesmo nível ou no mesmo grau de valor, quando se refere a uma maior ou menor adequação às normas litúrgicas da Igreja. É o caso do questionamento que se pode levantar sobre BATER PALMAS durante a celebração da missa.

Antes de se tentar fazer brevemente aqui algumas considerações no tocante ao respeito da liturgia da Igreja, o que se pode dizer sobre as palmas em si?

Já há muito que, em tantas culturas – por que não dizer em todas, mesmo se com maior ou menor freqüência – se expressa os afetos com as palmas. Para manifestar entusiasmo e motivação ou para entusiasmar e motivar, as palmas são usadas de forma rítmica ou não.

Grandes aclamações de personalidades públicas, apresentações artísticas ou o simples fato de reconhecer algo bem feito, são acompanhados de palmas como sinal de ovação, reverência ou reconhecimento.

O ritmo de cantos e danças muitas vezes se inicia com palmas ou as gera. E até mesmo uma boa e sã gargalhada às vezes é completada com palmas, na exteriorização corporal das emoções. Este gesto que consiste em bater uma mão contra a outra, produzindo um som não é tão anódino quanto parece. Ademais, muito se poderia discorrer sobre quanto significado há as mãos. No contexto bíblico, deparar-se-á com um grande número de expressões que empreguem a “mão”, muitas vezes personificada, a fim de designar a intenção mais profunda do próprio sujeito agente. Assim as mãos são levantadas para exprimir a atitude de oração (cf. 2Mac 3,20; 1Tm 2,8) Encontrar-se-ão as palmas de aclamação a um rei (cf. 2R 11,11); o profeta bate palmas enquanto profetiza (cf. Ez 21,19); há também as palmas de censura e reprovação dos atos (cf. Ez 6,10; Lm 2,15); e até Deus bate palmas (cf. Ez 21,22)! Num hino de louvor, a natureza é convidada a exultar de alegria com as palmas (cf. Is 55,12; Sal 97,8), antropomorfismo que revela suas verossímeis raízes na liturgia do povo. Diz o salmo 46 (tradução da Bíblia Ave Maria): Ao mestre de canto. Salmo dos filhos de Coré. Povos, aplaudi com as mãos, aclamai a Deus com vozes alegres, porque o Senhor é o Altíssimo, o temível, o grande Rei do universo. Ele submeteu a nós as nações, colocou os povos sob nossos pés, escolheu uma terra para nossa herança, a glória de Jacó, seu amado. Subiu Deus por entre aclamações, o Senhor, ao som das trombetas. Cantai à glória de Deus, cantai; cantai à glória de nosso rei, cantai. Porque Deus é o rei do universo; entoai-lhe, pois, um hino! Deus reina sobre as nações, Deus está em seu trono sagrado. Reuniram-se os príncipes dos povos ao povo do Deus de Abraão, pois a Deus pertencem os grandes da terra, a ele, o soberanamente grande. Portanto, isto deixa entrever uma liturgia celebrada alegremente pelo povo de Israel, com instrumentos, ritmos, aclamações, na qual o corpo também está bastante envolvido. Tal fato se confirma em outros textos bíblicos (cf. 1Cr 16, 42; 1Cr 23,5; 2 Cr 7, 6; 2Cr 30,21; ). Seria fastidioso citar aqui todos os textos que mencionam os músicos, os corais, os instrumentos e os cânticos, através dos quais a alegria da música hebraica se traduz, dando lugar também aos afetos e sentimentos de todos os tipos e assumindo os gestos corporais.

Significativo é o texto de 2S 6,5: “Davi e toda a casa de Israel dançavam com todo o entusiasmo diante do Senhor, e cantavam acompanhados de harpas e de cítaras, de tamborins, de sistros e de címbalos”.   Seria difícil não imaginar o uso das palmas em tais celebrações.

Certamente que a liturgia da Igreja não é a mesma da época de Davi e do povo de Israel. Contudo, a liturgia da Igreja assumiu muitos traços das celebrações hebraicas, mantendo com estas uma grande semelhança nos primeiros séculos. Na época apostólica, para a celebração litúrgica, “se fala também de louvor de Deus, e oração de intercessão. Aqui se vê a continuidade com a tradição sinagogal que, no culto sabatino, faz uso das berakot (= orações de bênçãos) no contexto da leitura da Palavra de Deus e da sua explicação; Jesus era habituado a frequentar esta liturgia na sinagoga em dia de sábado (Lc 4,16-21)”

1. O questionamento, que se fará necessário, concerne não somente a história da liturgia, mas também a história da música sacra. Pois assim como a liturgia cristã teve suas influências sinagogais e seu desenvolvimento no encontro com outras culturas, assim também a música se desenvolverá e passará por diferentes estilos ao longo da história do culto cristão. Talvez, em certos momentos da história, um determinado estilo musical tenha sido mais valorizado na liturgia do que outros. Porém, na Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium, percebe-se que, ainda que o canto gregoriano tenha uma grande estima, não há nenhum estilo musical concreto que possa ser mais sacro do que outros, aprovando e aceitando “no culto divino todas as formas autênticas de arte, desde que dotadas das qualidades requeridas” (SC 112).

Ainda que haja palmas para diferentes situações, como já foi acima mostrado, é no âmbito da música litúrgica que justamente elas poderão assumir uma razão de ser e um sentido, os quais não ofendem a liturgia da Igreja em suas rubricas, e menos ainda o centro do mistério celebrado. Ademais isto também não significa que se estaria a forçar uma introdução das palmas no rito romano ou que se precisaria de uma autorização expressa, haja vista que os documentos da Igreja já dão uma margem para tanto.



Como se justificaria isto?

Já no início da parte da SC que trata da música (cf. 112) percebemos esta abertura a uma forma musical que, por seus aspectos culturais que englobam o ritmo e os gestos corporais, seria propensa a admitir as palmas em certas partes da celebração da missa, ato litúrgico por excelência. Quando o documento Musicam Sacram, de 1965, trata da participação do povo na liturgia ele diz o seguinte no n. 15: Esta participação:

a)     Deve ser antes de tudo interior; quer dizer que, por meio dela, os fiéis se unem em espírito ao que pronunciam ou escutam e cooperam com a graça divina.

b) Mas a participação deve ser também exterior; quer dizer que a participação interior deve expressar-se por meio de gestos e atitudes corporais, pelas respostas e pelo canto. Eduquem-se também os fiéis no sentido de se unirem

1 – GIGLIONI, Paolo, Introduzione alla liturgia, cap. 4, in Congregação para o Clero – Smart CD (BibliotecaLiturgia) 2001. Tradução nossa. interiormente ao que cantam os ministros ou o coro, de modo que elevem os seus espíritos para Deus, enquanto os escutam

2 .  Seria um erro pensar que dentre estes gestos corporais estariam as palmas, particularmente em certas culturas, nas quais os gestos assumem um papel relevante? Parece que a CNBB entende que não. Para uma cultura mestiça como a do povo brasileiro, repleta de elementos indígenas, europeus e africanos, o texto de um estudo da CNBB (n. 79) admite palmas como fazendo parte da liturgia. Por exemplo, para as aclamações, como participação do povo, devem ser incentivadas e mais variadas, através do canto, das palmas ou dos vivas

3 .  Ou ainda, para a acolhida inicial, “oportunamente, gestos da assembléia poderão intervir, por exemplo, acolher-se mutuamente através de saudações aos vizinhos, bater palmas, dar vivas em honra ao Cristo Ressuscitado, a Nossa Senhora, ao Padroeiro(a), em dia de festa etc.”

4 . Poder-se-ia objetar afirmando que os textos não tratam da música. Todavia, quando se procura interpretar o que o texto da SC diz nos números 118 e 119, deduz-se que haveria possibilidade de um acompanhamento do canto com as palmas. No n. 118, o Concílio afirma que se deve promover “muito o canto popular religioso, para que os fiéis possam cantar tanto nos exercícios piedosos e sagrados como nas próprias ações litúrgicas, segundo o que as rubricas determinam”. Entenda-se o canto popular religioso como aquele que assume os traços da música popular de um país, com seus ritmos, harmonias e melodias característicos.

Ora, em várias tradições populares da música brasileira e de tantos países, encontra-se o acompanhamento das palmas.

O número seguinte do documento acrescenta: “há povos com tradição musical própria, a qual tem excepcional importância na sua vida religiosa e social. Estime-se como se deve e dê-se-lhe o lugar que lhe compete, tanto na educação do sentido religioso desses povos como na adaptação do culto à sua índole, segundo os art. 39 e 40”. Portanto, o ensinamento conciliar já previa e incluía as diferentes tradições musicais – reconhecidas pelas autoridades eclesiásticas territoriais competentes – que certamente englobam variadas formas de expressões corporais. Por outro lado, há uma grande necessidade de formação litúrgica, a fim de evitar os excessos, como por exemplo, as palmas em momentos indevidos ou o incentivo exagerado às mesmas. Uma boa formação litúrgica atentará para o bom senso, à harmonia, à sobriedade e ao decoro, de tal forma que as manifestações exteriores na participação da celebração da missa não sobrepujem a adesão e a atenção interiores requeridas como primordiais.  Desde modo, conhecendo bem as características dos cantos que acompanham as distintas partes da celebração eucarística, evitar-se-á, por exemplo, palmas acompanhando o canto de comunhão, cuja índole é mais meditativa. Mesmo com a aprovação da CNBB, também as aclamações com palmas devem ser empregadas com parcimônia. Melhor seria reservá-las para os domingos “festivos”, solenidades ou nos momentos de grandes encontros de uma diocese. Assim como os músicos recebem uma formação musical no tangente à unidade e harmonia do conjunto, toda a assembléia também pode e deve estar atenta à este aspecto no tocante às palmas. Normalmente, um instrumento de ritmo tem seus momentos fortes e fracos,

2 Ver também n. 30 da SC.

3 Cf. CNBB, Animação Litúrgica no Brasil, estudos n. 79, 1984, n. 209.

4 Ibid., n. 244. assim como os outros instrumentos. Todos assumem uma justa medida de intensidade e volume que é prevista pela partitura. Isto também faz parte da harmonia e da estética musical.  Quando se trata de palmas, que compõem o conjunto celebrativo-musical, o discurso é  análogo. Portanto, será de grande proveito para a beleza da celebração litúrgica uma educação quanto ao emprego das palmas. Será, algumas vezes, uma situação de crescimento mútuo,  haja vista que se um irmão ou irmã está batendo palmas exageradamente, de modo descompassado ou em momentos inoportunos, uma gentil correção será oportuna.

Por fim, resta lembrar que as palmas não são obrigatórias e por isso nunca devem ser impostas a ninguém. O acolhimento de uma comunidade velará para que todos se sintam à  vontade e não em situações desconfortáveis durante as celebrações. A caridade manifestada no acolhimento e no desejo de fazer os outros participarem ativamente da celebração, deve caminhar junto com a necessidade de acolher o mistério vivido e celebrado através do culto oferto na e pela Igreja.

Pe Rafael C. Fornasier

Obs. do Blog. Padre Rafael finaliza este texto dizendo que as Palmas apesar de poderem fazer parte do culto litúrgico não devem ser impostas obrigatoriamente ao povo, isto porque quando este texto foi escrito não havia ainda o costume de se usarem palmas na Santa Missa, mas com o tempo o povo foi se acostumando e aceitando este fato sem nenhuma opressão e agora movimentos anti-vaticano II querem retroceder o espaço que a Liturgia avançou nestes anos todos pós Conciliar e atacam radicalmente a abertura que se deu à inculturação do canto litúrgico com o ato de cadenciar o rítimo com palmas, o que facilita em muito a participação do publico na execução de uma musica em louvou a Deus.  Eu aproveitaria aqui esta frase anterior de Pe. Rafael dizendo que: assim como não podemos obrigar os tradicionalistas a baterem palmas em suas celebrações, esperamos também que eles não imponham a sua vontade sobre os demais Católicos proibindo-os de se alegrarem nas celebrações e principalmente impedindo-os de baterem palmas com justificativas infundadas de que isto tornaria a Santa Missa um culto pagão ou simplesmente se assemelhariam à um culto evangélico.   Lamentavelmente eu gostaria de dizer ainda que:  Não é porque evangélicos batem palmas em seus cultos que nós Católicos estaríamos impedidos de bater palmas em nossas Missas e assim como existe esta diferenciação em nossas celebrações, no meio evangélico também existem cultos em que é expressamente proibido bater palmas e só é permitido que se toque um piano como acompanhamento musical, sendo assim, se bater palmas é ser protestante, aquele que não bate palma se assemelha aos protestantes tradicionais que proíbem o povo de bater palmas ou tocar qualquer instrumento musical no culto e o seu discurso é exatamente o mesmo que dos Tridentinos Católicos.

[1] Giglioni, Paolo, Introduzione alla liturgia, cap. 4, in Congregação para o Clero – Smart CD (Biblioteca-Liturgia) 2001. Tradução nossa.

[2] Ver também n. 30 da SC.

[3] Cf. CNBB, Animação Litúrgica no Brasil, estudos n. 79, 1984, n. 209.



Civilizações precolombianas na América.



DOCUMENTO:


O Filme Apocalipto acordou o mundo para uma antiga verdade do verdadeiro povo Americano.

O nosso Eldorado era um verdadeiro Paraíso.



Copyright © Galen Rowell / Mountain Light



Rowell foi capaz de descobrir novas abordagens em fotográfica mesmo a mais emblemática das localidades. Machu Picchu, no Peru, fotografado inúmeras vezes por diversos fotógrafos diferentes a partir do mesmo local, agora, sob um aspecto totalmente novo e surpreendente, o pôr-do-sol em 1995 do mesmo ponto de vista.

Copyright © Galen Rowell / Velha Montanha ou Mountain Light

Foram povos que dominaram boa parte das Américas antes da chegada dos europeus ao continente, no século 16. A civilização maia foi a primeira a se consolidar como um império, atingindo o auge no final do século 9 – época em que o território maia se estendia do sul do México à Guatemala. Arqueólogos especulam que guerras ou o esgotamento das terras cultiváveis levou a civilização a um rápido declínio a partir do ano 900. No início do século 16, quando os espanhóis desbravaram a América, os maias encontrados eram simples agricultores que apenas praticavam rituais religiosos de seus ancestrais. Já os astecas estavam no auge nesse período. A civilização deles surgiu mais ao norte do México. Enquanto seus “vizinhos” maias entravam em decadência, os astecas começaram a crescer por volta do século 12. Formando alianças com estados vizinhos, montaram um grande império que ainda estava se expandindo quando ocorreu o contato com os espanhóis, em 1519. Em apenas dois anos os invasores do Velho Mundo dominaram o mais importante centro asteca: Tenochtitlán, a atual Cidade do México. Era outro império pré-colombiano que chegava ao fim. Na América do Sul, os incas viveriam uma história semelhante. Até o século 14, eram só mais uma tribo indígena espalhada pela cordilheira dos Andes. Mas a partir do século 15 se expandiram, atacando vilas vizinhas. Quando os espanhóis chegaram, os incas já dominavam uma grande área do norte do Equador à região central do Chile. Epidemias e lutas pela sucessão imperial deixaram a civilização enfraquecida para enfrentar os conquistadores europeus. Resultado: assim como fizeram com os astecas, os espanhóis derrotaram rapidamente o império inca. Levou só três anos, de 1532 a 1535.

ANTES DE COLOMBO

Semelhanças e diferenças entre as três civilizações mais importantes da América

INCAS

Idioma – A língua era o quéchua, falado por todo o território em vários dialetos. Outros povos conquistados pelos incas podiam manter seu idioma original, desde que falassem o quéchua como língua principal.



Hoje, quase a metade da população do Peru ainda usa o idioma

Escrita – Não desenvolveram a escrita. Mas criaram um complexo sistema para números na forma de nós distribuídos em uma corda. Apenas pessoas especialmente treinadas entendiam essa contagem, cujo significado não foi totalmente decifrado até hoje

População – Foi o maior dos três impérios em número de súditos: 12 milhões de pessoas. As conquistas territoriais pela cordilheira dos Andes e ao longo da costa do Pacífico começaram no início do século 15. Cem anos depois, a população sob domínio inca atingiria seu auge

Cidades – Na época da chegada dos espanhóis, em 1532, calcula-se que Cuzco, a capital do império, tinha cerca de 40 mil habitantes. Outra cidade inca bastante famosa, Machu Picchu, era bem menor, abrigando em torno de mil pessoas

Sociedade – Era uma civilização muito estratificada, em que era quase impossível mudar de classe social.

O poder supremo pertencia ao imperador, que era auxiliado por uma aristocracia hereditária. Esta exercia a autoridade com rigor e medidas muitas vezes sangrentas

Poderio militar – Seus exércitos, de camponeses recrutados para campanhas militares, eram muito numerosos. Tinham como armas principais lanças de madeira com várias pontas de pedra e atiradeiras (feitas com lã de lhama) para arremessar pedras

Ciência e tecnologia – Possuíam conhecimentos astronômicos avançados e eram capazes de aplicar conceitos de matemática e geometria nas suas construções. Apesar disso, a tecnologia de construção dos incas era relativamente simples, fazendo uso em especial de artefatos de pedra

Grandes realizações – Construíram um incrível complexo de estradas ligando todo o império. O sistema tinha duas vias principais no sentido norte-sul: uma, com cerca

de 3.600 km, corria ao longo da costa do Pacífico e a outra, com quase a mesma extensão, seguia pelos Andes.




Onde Nossa Senhora de Guadalupe

aparece nesta história


MAIAS


Idioma – Não havia um único idioma principal. Os atuais descendentes de maias, por exemplo, podem ser divididos em seis grupos principais, que falam dialetos às vezes muito semelhantes, mas em outros casos com grandes variações

Escrita – As paredes de seus templos e palácios são cobertas de inscrições em hieróglifos. Os textos, em boa parte já decifrados, registravam principalmente as histórias das dinastias maias, suas guerras contra cidades rivais e o sacrifício de inimigos para agradar aos deuses

População – Os números da época da conquista espanhola não são confiáveis.

Mas, apesar de a civilização ter sido quase dizimada, ainda hoje existem cerca de 4 milhões de descendentes dos maias na América Central ? o que dá uma idéia da grandiosidade da sua população

Cidades – As cidades maias ? algumas com até 50 mil habitantes ? eram muitas vezes independentes, mas podiam liderar federações que abrangiam grandes territórios. Palácios e templos eram de pedras, enquanto a população comum vivia em cabanas de madeira

Sociedade – Até meados do século 20, arqueólogos achavam que a sociedade maia tinha no topo uma classe de pacíficos sacerdotes observadores de estrelas, mantidos por camponeses devotos. Hoje já se sabe que essa sociedade era agitada com freqüência por guerras entre cidades

Poderio militar – Sua força militar residia no tamanho dos exércitos que podiam ser recrutados. Os armamentos, porém, eram mais limitados: arcos e flechas de concepção primitiva, lanças e escudos de madeira e até mesmo pedras que podiam ser atiradas com as mãos

Ciência e tecnologia – Faziam avançados cálculos matemáticos e observações astronômicas. Tinham um calendário de 260 dias (determinado por complexos movimentos de astros) e já entendiam o conceito do número zero ? que só posteriormente seria bem compreendido pelos europeus

Grandes realizações – Produziram obras arquitetônicas tão grandiosas quanto egípcios, gregos e romanos. A cidade de Teotihuacán, por exemplo, possuía um complexo monumental de 600 pirâmides.

Em Tikal, havia um templo com 70 metros de altura, o maior edifício erguido na América antiga


ASTECAS




Geografia, Clima e Arqueologia:



Idioma – Falavam o nahuatl, que faz parte de um grande grupo de idiomas indígenas ? incluindo o de tribos do Velho Oeste americano. Os astecas podiam ser chamados de Mexica, algo como “lago da Lua” ? nome mítico de um lago da região

Escrita – Usavam sinais conhecidos como pictógrafos ou pictogramas, com figuras de serpentes, seres humanos e outros elementos da natureza, formando uma variedade de escrita. Alguns dos pictógrafos simbolizavam idéias; outros representavam sons de sílabas

População – Em 1519, a população estimada do império asteca era de 5 a 6 milhões de pessoas, espalhadas por centenas de pequenos estados/cidades.

A expansão dos astecas se deu do norte para o sul da América Central, conquistando outras civilizações, como os toltecas

Cidades – Em seu auge, Tenochtitlán (hoje a Cidade do México) tinha mais de 140 mil habitantes! Ela foi a maior cidade das antigas civilizações da América. Os templos eram de pedra e alinhados aos astros. Já o povo morava em cabanas feitas de madeira com lama seca

Sociedade – O poder pertencia ao setor militar da sociedade. Sacerdotes e burocratas administravam o império, enquanto as classes mais baixas eram formadas por servos, serviçais e escravos. Demonstrar bravura nas guerras era a principal forma de ascensão social na cultura asteca

Poderio militar – Camponeses podiam ser convocados a qualquer momento para integrar os exércitos astecas, que preferiam ferir a matar seus inimigos ? obtendo prisioneiros para usar em sacrifícios. Lanças, porretes e escudos redondos de madeira eram os principais equipamentos

Ciência e tecnologia – Tinham um calendário com cálculo preciso do ano solar (com 365 dias) e usavam um diferente sistema de contagem tendo como base o número 20. Médicos astecas podiam consolidar ossos quebrados e fazer obturações em dentes

Grandes realizações – Desenvolveram um planejamento urbano impecável. Suas obras públicas incluíam quilômetros de estradas e aquedutos. A capital Tenochtitlán foi erguida em área pantanosa, cuidadosamente drenada e aterrada para comportar cerca de 100 pirâmides e torres





Enviado por: marciobmmorais (1720) Publicado em: 11/09/05 13:49hs.

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Mensagem em – PPS

DECLARO-ME VIVO

Poema de um Índio Quechua

Reflexões em Power Point sobre a campanha da Fraternidade 2011


FRANCISCO E CLARA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

MAIAS, ASTECAS E INCAS

INTRODUÇÃO


Quando Colombo chegou à América, em 1492, encontrou o continente habitado há muito tempo por várias civilizações e povos. Os povos pré-colombianos apresentavam diferentes estágios de desenvolvimento cultural e material, classificados em: sociedades de colectores/caçadores e sociedades agrárias. Dentro deste segundo grupo, três culturas merecem maior destaque: os maias e os astecas, no México e América Central, e os incas na Cordilheira dos Andes, na América do Sul. Alcançaram notáveis conhecimentos de astronomia e matemática, além de dominarem técnicas complexas de construção, metalurgia e cerâmica. Não conheciam a roda e o cavalo, mas desenvolveram técnicas eficientes de agricultura. Enquanto o fim da cultura maia é até hoje um mistério, sabemos que os povos astecas e incas decaíram perante a conquista espanhola.



Civilizações pré-colombianas


Quando o primeiro grande descobridor europeu, Cristóvão Colombo, aporta ao continente americano, encontra lá estabelecidas três grandes culturas, espalhadas por uma vastíssima região que se estende do México ao Chile: os Astecas, os Incas e os Maias.
Os Astecas haviam-se instalado há séculos, após várias guerras de conquista, no território a que hoje chamamos México. Aí constituíram um estado que de algum modo se pode comparar aos estados da Antiguidade, quer aos do Médio Oriente quer aos da região índica. Os Astecas tinham já desenvolvido um sistema de escrita, onde se misturavam sinais ortográficos de carácter fonético e ideogramas, com os quais podiam registar as suas obras poéticas e os seus mitos. Tratava-se de uma sociedade dividida em clãs, em que os sacerdotes e os guerreiros detinham um grande poder sobre os restantes segmentos da sociedade; a pirâmide social descia até aos servos, ocupados na produção agrícola, passando por uma classe de comerciantes e de artesãos. A religião, politeísta, tinha uma tão grande influência na vida quotidiana que a chegada dos conquistadores espanhóis foi encarada por todos, incluindo o imperador reinante, como uma inelutável fatalidade prevista nos mitos. À religião estava associada a astronomia, que registava assinaláveis progressos, embora baseada apenas na observação directa dos fenómenos; dessa observação tinham sido deduzidos dois calendários, um religioso (de 260 dias, dividido em vinte “meses”) e um solar (com 365 dias, com 18 meses), sendo os nomes dos meses relacionados com o ciclo dos trabalhos agrícolas. A atestar a sua competência técnica (embora não seja muito completo o conhecimento das suas técnicas de construção) estão as pirâmides, destinadas à prática religiosa (no seu topo localizava-se a mesa dos sacrifícios humanos) e a sua escultura (geralmente de temas dramáticos).
Os Incas tinham estabelecido o seu império num vasto território que ia da actual Colômbia à costa chilena. A conquista de tão vasto domínio não estava ainda perfeitamente consolidada no momento da chegada dos conquistadores espanhóis, o que de certo modo facilitou a implantação e dominação destes (o Império Inca seria destruído em 1532, quando Francisco Pizarro derrotou e matou o imperador Atahualpa). A organização social inca, fortemente hierarquizada, compreendia uma família real (cuja origem e poder se identificava com mitos ancestrais), ligada a uma nobreza detentora de poder político, religioso e militar, à qual se subordinava uma classe de agricultores e artesãos, terminando nos trabalhadores agrícolas, destituídos de toda a liberdade. O imperador dispunha de um corpo de cobradores de impostos dotado de apreciável autoridade; por outro lado, a extensão do império obrigava a uma regionalização e à consequente distribuição do poder por um segmento nobre, que representava o poder imperial em todo o vasto país. A economia era baseada unicamente na produção agrícola, sendo a terra propriedade do estado, que a distribuía aos que a iriam trabalhar. É assim fácil de entender que a religião, organizada e dirigida pelo estado, estivesse também, nos seus rituais e mitos, ligada ao ciclo da produção agrícola. Da arte deste povo, que não possui a monumentalidade dos Astecas, conhecem-se esculturas murais com pouca variedade de motivos e trabalhos decorativos em metais preciosos. O maior exemplo das capacidades da sua engenharia está nas estradas andinas que permitiam atravessar todo o império.
A cultura maia apresenta características diferentes das duas anteriores. Os Maias eram uma federação de estados, que se criou em territórios que hoje fazem parte do México (Chiapas) e da Guatemala. A Federação teve uma vida agitadíssima: encontrava-se constituída no século IV da nossa era, mas foi palco de numerosas lutas internas, prolongadas e destruidoras, acabando o povo maia por se fundir com os toltecas (século X), o que lhe deu novo fôlego. As suas cidades começaram a renascer, recompondo-se a Federação. No entanto, nas vésperas da conquista espanhola a crise voltara a instalar-se, e os conquistadores foram encontrar um povo em decadência e desorganização, cuja cultura tinha já quase desaparecido inteiramente. Nos meados do século XVI a cultura maia tinha sofrido o mesmo destino das restantes culturas pré-colombianas: a integração no império espanhol.


Maias – História


O território maia dividia-se em três zonas: a Norte, que compreendia a península do Iucatão; a do Centro, abrangendo o norte da Guatemala; a Sul, que abrangia as terras altas desta última região e Chiapas, bem como litoral confinante do Pacífico. As primeiras comunidades agrícolas maias remontam a cerca de 2000 a. C – 250 d. C. (período pré-clássico). As primeiras pirâmides surgem nos últimos 500 anos desse período, tal como a cerâmica pintada ou as abóbadas em sacada dos templos, tão características da arquitectura maia. Entre 250 e 950 da era cristã, o período clássico, os maias atingem a sua máxima expansão territorial, principalmente no Centro. A região do Sul, porém, começou a entrar na órbita de povos oriundos de Teotihuacán, grande metrópole do México central.
Na parte final da época clássica, todavia, começa a decadência maia nas terras do Centro, com o abandono de inúmeras cidades. A causa deste declínio maia nesta região ainda está envolta em brumas, antevendo-se hipóteses ligadas a guerras ou consequências de excesso populacional. O período pós-clássico (950-1500) foi marcado pela chegada dos Toltecas, provenientes da região central mexicana. Os cronistas maias atribuem-lhes o insuflar de um renascimento maia no Iucatão, onde Chichen Itzá se tornou na nova capital. Foi, entretanto, abandonada cerca de 1200, passando Mayapán a capital da região, que passa a liderar uma liga de cidades-estado com o seu nome. No entanto, a rivalidade entre linhagens nobres determinou a destruição e abandono da cidade, lançando o Iucatão na anarquia e em contínuas guerras entre as cidades-estado. O Sul, contrariamente, era constituído por pequenos estados fortes, que reivindicavam uma origem tolteca.
Em meados do século XVI, os Maias ocupavam um território entre o norte de Iucatão e a costa do Pacífico da Guatemala, atingindo as Honduras e o actual estado mexicano de Tabasco. Com a conquista espanhola em 1511, a região Centro passa a ser a zona de refúgio dos fugitivos maias; no Iucatão e nas terras altas assistiu-se à concentração da população maia em aldeias de evangelização. Não obstante a resistência aos espanhóis, a população maia declina e conhece a opressão do invasor, para além das mortandades devido a epidemias dizimadoras. Subsistem ainda hoje, no Iucatão mexicano, na Guatemala e Belize cerca de 300 000 descendentes dos maias, com algumas das tradições e estruturas sociais antigas.


Organização social e política


A sociedade maia dividia-se em classes sociais. A nobreza, possuidora de terras e cargos decisivos, era detentora dos mais altos títulos militares e religiosos. A maior parte da população era composta por camponeses, que sustentavam a nobreza, o clero, os comerciantes e os artesãos. Talvez existissem servos nas propriedades da nobreza, tal como escravos, antigos prisioneiros de guerra. Os maias não construíram um grande império (como os Toltecas, Astecas ou Teotihuácan no México central), antes dividiam-se em cidades-estado governadas por uma linhagem masculina, como quando chegaram os espanhóis. No entanto, existiram grandes cidades que dominaram territórios adjacentes de grande extensão. O clero era poderoso, detendo o monopólio de todos os conhecimentos.


Economia 


A agricultura era a principal atividade (milho, legumes, cacau, algodão, frutos). Criavam-se cães, perus e abelhas, não se descurando a caça ou a pesca. O comércio entre cidades vizinhas ou com regiões afastadas era bastante dinâmico e rentável. Os principais produtos eram o cacau, as plumas de quetzal, a obsidiana, as conchas ou o jade, que chegavam a longínquas terras por terra ou por mar.


Religião 


Era uma religião politeísta. As divindades mais conhecidas e representadas eram Chac, deus da Chuva, Kinich Ahau, do Sol (que se transforma em jaguar durante o seu trajecto nocturno “sob” a Terra) e o deus da Morte, que tinha várias designações. Existiam deuses para cada classe social ou profissão, como o de Kukulcán, grande herói mitológico dos maias. O clero maia tinha também responsabilidades e supervisão sobre o plano científico, não se restringindo apenas à esfera religiosa.


Arquitetura, artes plásticas e artesanato


O plano-tipo dos centros de culto dos maias consistia numa praça retangular rodeada por três ou quatro pirâmides e plataformas. As pirâmides eram degraus, por vezes de grande declive. Em torno de edifícios de grandes fachadas esculpidas, situavam-se as áreas residenciais. A arquitetura ganhou um carácter fortificado na segunda metade do período pós-clássico (entre 1200 e 1500), devido às guerras sucessivas entre os pequenos estados. A escultura maia conheceu as suas melhores realizações nos altares e estelas em frente aos templos. Era quase sempre feita em baixo-relevo. As estelas representam dignitários vestidos de forma complexa, contendo inscrições hieroglíficas (datas e inscrições dinásticas); a mais antiga, existente em Tikal, na Guatemala, remonta a 292 d. C.. Conservaram-se mal, todavia, as pinturas interiores dos edifícios. Os maias eram um povo de artistas de grande perfeição e requinte. Trabalhavam o jade, as conchas, a obsidiana ou a cerâmica, quer para ornamentação quer para utensilagem.



Ciências 


A escrita hieroglífica maia era a mais elaborada da América Central pré-colombiana, utilizando ideogramas e fonogramas. Os principais textos eram de carácter cronológico ou astronômico, existindo também o dinástico. Possuíam um sistema numérico e de cálculo. Usavam dois tipos de calendário, como sucedia em outros povos da América Central: um ritual, de 260 dias divididos em 13 períodos de 20 dias cada; outro solar, com 365 dias mas com 18 meses de 20 dias cada, sobrando 5 adicionais. Cada data era representada nos dois calendários, com cada combinação a repetir-se apenas de 52 em 52 anos. A data da “fundação” da civilização maia corresponde a 3113 a. C..


Literatura 


Devido à diversidade de línguas utilizadas, a literatura maia é difícil de compreender, facto que é agravado pela existência de caracteres pictográficos em parte ainda por decifrar. Mesmo os códices maias conservados até hoje (o de Dresden, o de Madrid ou o dos Três Cortesãos, por exemplo) escondem ainda muitos segredos. Também graças aos missionários espanhóis e às suas transcrições e estudos – e a muitos índios actuais – nos é possível conhecer esses textos e tradições literárias. Os cronistas espanhóis mais uma vez forneceram inúmeras informações etnográficas e históricas essenciais para a compreensão dos textos maias. A literatura maia tornou-se mais conhecida graças à obra mitológica Popol-Vuh (origem do mundo e da humanidade, bem como da genealogia maia) e ao drama Rabinal Achi (de inspiração religiosa e guerreira). O primeiro contém uma linguagem de grande intensidade poética. Dos maias do Iucatão chegaram-nos os livros dos Chilam-Balam, cujo teor profético e mitológico não deixa de apresentar grande interesse histórico, religioso e astronómico. Existiam também textos de gênero médico e farmacêutico impregnados na mitologia, na astronomia, na história e na religião, temas fundamentais da literatura maia.


Astecas – História 


Se se acreditar nos contos tradicionais da América Central, os Astecas, ou Mexicas, povo de língua nahuatl, eram originários de uma região desconhecida e de localização incerta: Aztlán, algures naquilo que é hoje o México. Ali se teriam estabelecido por volta do século II da era cristã. Mil anos depois, irradiariam para o sul do México, estabelecendo-se durante mais de cem anos em Tula, a capital dos Toltecas. Entretanto, por volta do século XIV, ocupam a região da actual cidade do México, submetendo-se aos reinos que então aí existiam. Os astecas, porém, cerca de 1325 (ou 1345) fundam a cidade de Tenochtitlán (ou México), capital do seu futuro reino, cujo primeiro soberano foi Acamapichtili. Em 1428-29, dá-se uma aliança política entre essa cidade e as de Texcoco e Tlacopan, que depois se unem as três na sequência da queda da dinastia Tepaneca que dominava há muito a região da actual Cidade do México.
O soberano asteca, entretanto, assume as funções de comando dos respectivos exércitos confederados, o que proporcionou uma gradual ascensão do seu povo e o domínio efectivo sobre os outros dois. No entanto, a unidade não se desfizera, actuando como um bloco, principalmente no plano militar: depois de dominar os povos vizinhos, os aliados empreendem a conquista de terra fora da região do México. Por isso, em meados do século XVI dominavam já um vasto território, atingindo a costa do Golfo do México e o litoral do Pacífico (na região actual de Guerrero), atingindo, a sul, o istmo de Tehuantepec. Os soberanos de Tenochtitlán foram decisivos neste processo de conquistas, destacando-se Moctezuma I e Axayacatl, cujo filho, Moctezuma II, ficou célebre por ter resistido aos conquistadores espanhóis comandados por Hernán Cortez, que tomou Tenochtitlán e acabou por matar o referido monarca. Todavia, o filho e o sobrinho de Moctezuma II, respectivamente Cuitlahuac e Cuauhtémoc, tentaram resistir aos espanhóis, embora fracassando. Cuauhtémoc foi o último imperador asteca, tendo sido deposto em 1525.


Organização social e política 


Originariamente igualitária, dividida em clãs (calpulli) a sociedade asteca transformou-se gradualmente devido a diferenças e choques entre a nobreza e o povo, surgindo também novos grupos sociais (mercadores, funcionários, artesãos) detentores de grandes privilégios. Os comerciantes tinham mesmo uma função de espionagem nos territórios exteriores onde comerciavam. Abaixo destes estratos, estavam as gentes comuns (macehualtin), cidadãos livres sujeitos a tributos e corveias. Na base estavam os camponeses sem terras (mayeques), e os escravos, que tinham alguns direitos, como a posse de terras ou o casamento com cidadãos livres. Por oposição, no topo estava o tlaotani, chefe político, militar e talvez religioso, personagem que durante o reinado de Moctezuma II deteve imenso poder. Abaixo deste, estava o cihuacoatl, primeiro-ministro e juiz supremo, comandante militar e regente na ausência do tlaotani. O poder executivo era composto por quatro conselheiros eleitos ao mesmo tempo que o soberano. Existiam ainda os chefes detentores de títulos, terras e cargos, a nobreza. A sociedade asteca não era fechada, pois a guerra, elemento muito importante nesta civilização, era uma forma de se poder obter honras e distinções.
A formação dos futuros cidadãos era feita em dois tipos de escolas: o telpochcalli, onde as crianças aprendiam as artes da guerra; o calmecac, para o ensino da religião e das artes. O primeiro provavelmente terá servido os cidadãos livres do povo, o segundo para a nobreza.


Economia 


A principal atividade era a agricultura, desenvolvida e produtiva, baseada no cultivo de milho e legumes, como o tomate ou os pimentos. Os astecas cultivavam “jardins flutuantes” na laguna do México, junto a Tenochtitlán, autênticas maravilhas da técnica agrária. Criavam perus e também cães, de que apreciavam imenso a companhia e a… carne. O comércio era muito desenvolvido entre os astecas, trocando manufacturas da sua capital por produtos como o jade, o cacau, o algodão, metais preciosos e plumas de aves das regiões tropicais. Para além da riqueza amealhada no comércio, arrecadavam somas consideráveis nos tributos das trinta e oito províncias do império.


Religião


Máscara Asteca

Era uma civilização politeísta e prestava grande importância a cada momento da vida humana, o que explica o grande poder dos sacerdotes astecas, reguladores das forças naturais. Entre os seus deuses, destacam-se Huitzilopochtili, deus da Noite e da Guerra, rival de Quetzalcoátl, o grande deus da civilização asteca; Tlaloc, deus da Chuva; Chalchiuhtlicue, sua companheira; e Tlazolteotl, deusa do Amor. Os astecas ofereciam sacrifícios rituais aos deuses, às vezes humanos (e até canibalismo ritual), muitos deles cativos de guerra. Os astecas acreditavam que o destino do homem no além dependia da forma como morria: os guerreiros, quando mortos em combate, acompanhavam o sol até ao seu zénite. Davam imensa importância ao futuro, que se “previa” segundo a adivinhação através de um calendário de 260 dias, sendo uma tarefa dos sacerdotes, que a desempenhavam em dias festivos ou em grandes acontecimentos públicos. A astronomia asteca, apoiada no culto solar, atingiu desenvolvimentos e graus de conhecimento extremamente avançados.


Arquitetura e artes plásticas 


Pouco restando da sua arquitetura, os astecas construíram obras monumentais, destruídas posteriormente pelos conquistadores espanhóis. Inspirava-se na arte Tolteca e de Teotihuácan, bem como no estilo huáxteca, embora tivesse elementos originais. Os templos eram imponentes, bem como as pirâmides, ladeadas de outras construções. A capital, Tenochtitlán, terá sido um conjunto arquitetônico impressionante até à sua destruição pelos espanhóis. As estátuas e baixos-relevos são também identificativas da arte asteca, com particular destaque as composições de carácter religioso, como a estátua gigante da deusa Coatlicue, ou o célebre e enorme calendário solar. A ourivesaria e as plumagens eram expressões artísticas de grande importância entre os astecas, bem como as máscaras e as peças de joalharia. Os templos e palácios eram, como no Egito, ornados de frescos e inscrições hieroglíficas consteladas de coloridas ilustrações. Todo este patrimônio móvel e imóvel foi pilhado e arrasado pelos espanhóis depois de 1525.


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Praça das três culturas (ruínas do Império Asteca), Cidade do México 


Literatura 


O grande instrumento da literatura asteca era a sua língua, o nahuátl, que tinha uma forma de escrita que depois foi decifrada e transcrita pelos espanhóis, que ainda assim destruíram muitos manuscritos desta civilização. Os textos que chegaram até nós foram transmitidos pelos missionários, que recolheram e transcreveram as tradições nahuátl pré-colombianas (por exemplo, os códices Borbonicus, Tonamatl ou Mendoza). Os principais temas eram os religiosos, rituais, mitológicos, históricos ou genealógicos. Quanto à forma, a poesia foi o género mais cultivado, muitas vezes associada à música ou à dança. Com o canto (de guerra, divino ou florido) e as coreografias, cada palavra dos poemas ficou gravada na memória dos dançarinos e do seu povo, o que fez com que esse patrimônio artístico asteca perdurasse até hoje. A prosa era também cultivada, principalmente a retórica – de carácter moralista ou educativo – e a narrativa histórica, as lendas e as genealogias, fontes preciosas de informação sobre a civilização asteca. A tradição literária asteca manteve-se ao longo da dominação espanhola, mesmo na língua dos conquistadores.


Incas – História 


De acordo com os cronistas espanhóis, as populações andinas conquistadas afirmavam pertencer ao poderoso império de Tahuantinsuyu, ao qual atribuíam uma origem lendária. Esta contava que quatro jovens e suas esposas abandonaram um dia as suas quatro cavernas, em Pacari-tampu. Um deles, Ayar Manco, fixou-se, com sua mulher, Mama Ocllo, na região de Cuzco, aí começando uma civilização, a dos Incas. Ayar Manco, ou Manco Cápac, era considerado como o primeiro soberano da dinastia Inca, tendo reinado no século XII da era cristã. A arqueologia tem dados algumas bases verídicas a esta obra civilizadora dos habitantes de Cuzco sobre a região circundante. No entanto, apontam-se três povos como estando na base da civilização Inca: os aimarás, a sul de Cuzco; os quechuas, provavelmente os fundadores do império I.; os yungas, do litoral.
Há também uma outra hipótese para a génese dos Incas: uma procedência marítima, apoiada em similitudes antropológicas e culturais entre eles e povos do México e até da Ásia. No entanto, Manco Cápac, é, sem dúvida, uma figura histórica concreta, tendo estado na origem do império (ou dinastia) Inca, tendo vivido no século XIII. Mas a hegemonia inca só advém com Yáhuar Huárac, que domina efectivamente o vale de Cuzco e submete os povos vizinhos. A ele sucedeu Viracocha, que sofreu ameaças de povos do litoral e de outras regiões andinas, tendo seu filho Inca Yupánqui, todavia, repelido essas ameaças exteriores, reformado o estado inca e criado bases políticas para a sua expansão territorial. Adoptou o nome de Pachacútec, “o reformador do mundo”. Seu filho, Tupac Yupánqui será o grande obreiro da expansão inca, a partir de 1471. Atingiu a actual Quito, a norte, e a sul, o noroeste daquilo que é hoje a Argentina, o norte do Chile e grande parte da Bolívia. No entanto, com a sua morte, em 1527, sobreveio a divisão entre os Incas, graças à luta pelo poder sobre o grande império entre os seus filhos, Atahualpa e Huáscar. Esta guerra civil enfraqueceu o país e abriu brechas que facilitaram a conquista do território por Francisco Pizarro. Prisioneiro dos espanhóis, Atahualpa foi por eles executado em 1533, sendo substituído por Manco Inca, um soberano fantoche, que morre em 1537. Ainda que tenha subsistido uma guerrilha contra o poder espanhol, este acabou por se consolidar e fazer desaparecer politicamente o império dos Incas.


Organização social e política 


Existia uma linhagem imperial, formada pelos descendentes da linha masculina do imperador, tendo como função primordial preservar a memória e a múmia do seu antepassado. O herdeiro era o filho do Inca e da Coya, a rainha (sua irmã). Existia depois uma “nobreza” inca, parte vivendo em Cuzco e sendo da família do imperador, a restante vivendo nas terras do Império. Depois, e em parte ainda englobado na nobreza (ou dela oriundo), surgia o clero, seguido dos artesãos especializados (arquitetos, escultores, oleiros, entre outros, e principalmente, os metalurgistas, protegidos do Inca). Abaixo destes grupos, que compreendiam também os guerreiros, estavam os camponeses e, depois, os servos, ou Yana. Existia também um grupo de mulheres que eram encerradas em comunidades do tipo “conventual”, outras consagradas como virgens ao Sol, outras obrigadas a tecer e costurar toda a vida a lã dos rebanhos imperiais.
Vasto e multiétnico, o império inca era fortemente centralizado na pessoa do soberano, de origem divina e com autoridade absoluta. Era assistido por um conselho; cada província tinha um governador, que exercia o poder em seu nome; depois, vinham os funcionários, que faziam respeitar a autoridade do Inca e recolhiam os impostos. Como forma de união das etnias subjugadas pelo império Inca, o soberano impunha-lhes o uso do quechua (ou runa-sumi) e o culto ao deus Sol, sendo estes os dois maiores instrumentos de coesão imperial. Uma rede de vias cobrindo todo o império, secundada por “correios” rápidos e por um exército móvel e eficaz, era também um fator de unidade nacional, para além da educação em Cuzco de muitos filhos da nobreza provincial.


Economia 


Assentava na repartição tripartida das terras. A primeira parte, atribuída ao Sol, era cultivada para suprir as necessidades do clero; a segunda pertencia ao Inca, mas servia muitas vezes de reserva; a terceira, era a do ayllu (grupo de famílias unidas por parentesco ou aliança e habitando na mesma terra). As terras e os pastos eram divididos em parcelas e explorados pelas famílias. O ayllu, enorme reserva de trabalho (não só agropastoril mas também mineira e das grandes obras públicas), estava devidamente recenseado e controlado pelo Inca e seus funcionários (os quipu-camayoc).


Religião 


O culto primacial e imperial era o do Sol (Inti), embora se adorasse também, por exemplo, a Lua (Killa) e o Relâmpago (Illapa). Toleravam-se também os cultos regionais, das etnias subjugadas, ainda que fossem secundários.


Arquitectura e artesanato 


Construíram uma imponente arquitetura de pendor “megalítico”, amplamente pragmática e severa, fosse em palácios, templos ou residências. De planta quase sempre retangular, os edifícios eram feitos através do ajustamento de blocos de pedra irregulares ou de tipo “almofadado” no exterior. As aberturas eram trapezoidais, surgindo nichos abertos nas paredes. Raramente a escultura aparece associada à arquitetura, da qual se destacam as fortalezas, vias, templos, canais ou as cidades, como Machu Picchu ou Cuzco.
Produziam cerâmica, alguma com grandes primores artísticos, obedecendo a decorações geométricas e policromáticas. Celebrizaram-se mais nos tecidos (principalmente em lã) e na metalurgia e ourivesaria, na qual criaram magníficas obras de arte em ouro, prata, platina e cobre (que ligaram ao estanho para obter bronze). Faziam não só ornamentos, mas também armas e instrumentos utilitários.


Ciências 


Devido à ausência de escrita, é impossível avaliar o avanço científico dos Incas, que deve ter sido notável, pelo menos em relação à astronomia, à metalurgia e à “engenharia civil”. Eram dotados de um calendário.


Literatura 


Devido à insuficiência de fontes, a literatura dos incas é bem menos conhecida do que a dos Maias ou dos Astecas. Os incas não desenvolveram um sistema de representação gráfica que se pudesse considerar escrita, persistindo na literatura exclusivamente oral. A repressão colonial espanhola sobre a cultura inca foi também responsável pelo apagar de muitas tradições literárias daquele povo. Todavia, os cronistas espanhóis, como Cieza de León e Cristóbal de Molina deram a conhecer as expressões poéticas e seus temas, para além de hinos. Pode-se, a partir desses testemunhos e da tradição oral que se manteve durante muito tempo, denotar um carácter oficial da literatura inca, muito ligada ao cerimonial litúrgico e à perpetuação das tradições e lendas desse povo. Havia pois uma função pública e ritual, que se manifesta também nas criações líricas ou dramáticas do povo. A produção literária inca estava a cargo de dois tipos de criadores (com estatuto oficial), o amauta, filósofo e historiador, e o arawicus, poeta e músico.
O teatro era muito apreciado e de grande importância, embora também impregnado de um carácter institucional e patriótico, principalmente no género dramático, pois também existiam “comédias”, com mais música instrumental e canto. Uma das peças que chegou aos nossos dias é o Ollantay, drama de cerca de 2 000 versos sobre uma paixão contrariada pela religião e pelo sentido de estado, elementos muito fortes no quotidiano e cultura incas. A poesia era igualmente difundida e apreciada, fosse de carácter sacro (em hinos) ou profano, como o arawi, poema lírico centrado no sofrimento do amor. Os contos maravilhosos e as narrativas mitológicas eram também comuns e importantes elementos da literatura e cultura do povo inca.


Revoltas Incas 


Os Incas são um povo nativo da América do Sul, da região andina, que desenvolveram um próspero império no século XV, devastado depois pelos conquistadores espanhóis, comandados pelo implacável aventureiro de nome Francisco Pizarro.
No ano de 1525, o Império Inca encontrava-se dividido, pois à morte de Huayna Capac o império ficara desprovido de um herdeiro que assegurasse a continuidade do trono, cobiçado por dois dos seus filhos, os meio-irmãos Huáscar e Atahualpa. Estes dois potenciais candidatos ao trono envolveram-se numa luta fratricida pela posse do império, que culminou com a captura de Huáscar, em 1532, e que positivamente veio debilitar a já fragilizada unidade do império.
Foi neste momento bastante delicado que os espanhóis chegaram a este território. Pizarro fazia-se acompanhar por um grupo de 180 homens, que os Incas identificaram como sendo semideuses da sua mitologia que retornavam à Terra. A estratégia de Pizarro foi simples: aprisionou Atahualpa e desestabilizou a unidade deste povo dividido. Este temeu que o seu rival o vencesse e assim ordenou que os conquistadores executassem o seu meio-irmão, oferecendo-lhes em troca ouro como forma de pagar o seu resgate. Mas este não foi de todo recompensado pelos espanhóis, que o mataram em 1533.
Um irmão de Huáscar, Manco Capac, subiu ao trono com o apoio dos espanhóis, mas veio a rebelar-se contra os seus apoiantes, que o aniquilaram sem piedade. Tupac Amaru, seu filho, e único representante da linhagem inca, foi decapitado, ficando assim destruída qualquer possibilidade de reabilitação deste império.


Conclusão 


Neste trabalho ficamos a conhecer melhor a história das mais importantes civilizações pré-colombianas (maias, astecas e incas): a sua organização social e política, economia, religião, arquitetura, artes plásticas e literatura.

Ficamos também a saber que a civilização Maia desapareceu sem deixar um único rasto ou pista para saber o que aconteceu.
Também aprendemos que a civilização Inca teve bastantes revoltas e desapareceu com o auxílio dos espanhóis.
Este trabalho também nos ensinou que a civilização Asteca desapareceu numa grande guerra contra os espanhóis.
Por fim, concluímos que os espanhóis foram responsáveis pela conquista extremamente violenta destas civilizações, destruindo as suas principais cidades e causando a morte a milhares de ameríndios.

me, leve a nossa alma aos páramos da Igreja triunfante.


WALLPAPERS



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CNBB – Documento Oficial sobre o direcionamento Pastoral para a RCC no Brasil.


Neste documento a CNBB estudou profundamente todas a s atividades da RCC no Brasil, a maneira de agir dos diversos Grupos e num trabalho árduo, propós este documento, não apenas para os membros da RCC, mas também para os Bispos, os Padres e todos os demais leigos que participam dos outros diversos Movimentos da Igreja.

Tem por um objetivo primordial, principalmente manter a união da Igreja Católica, evitando desvios no sentido doutrinário e ou trabalhos paralelos em concorrência com a própria Igreja responsável por todas as ovelhas.

Podemos dizer que: É a maneira de ambas as partes se aceitarem mutuamente e compartilharem o que aprenderam em sua caminhada. O texto completo está em PDF diretamente no site oficial da CNBB. 2020



  • CONFERNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL

    O Documento 53 propõe uma reflexão sobre a Renovação Carismática Católica (RCC). …. evangelização; a expansão e vitalidade das CEBs; movimentos de renovação espiritual …

  • VEJA O DOCUMENTO COMPLETO NO SITE DA CNBB:

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