São Pedro e São Paulo.


A liturgia do próximo domingo contempla a solenidade dos santos Pedro e Paulo

São Pedro e São Paulo


“A liturgia romana sempre reuniu os dois apóstolos Pedro e Paulo numa só solenidade, por considerá-los os fundadores da Igreja de Roma. Tendo os dois padecido o martírio na perseguição de Nero, a tradição os identificou também no dia de sua morte: 29 de junho. Pedro e Paulo são de fato os pilares da Igreja primitiva. Unidos, representam um símbolo visível, tão necessário no dia de hoje, da colegialidade do episcopado na Igreja”.

Desde o início, Pedro é representado nos Evangelhos como o primeiro dos apóstolos. Em todas as listas ou catálogos dos nomes dos apóstolos, Pedro figura sempre em primeiro lugar. E, nos momentos decisivos, em que a missão de Cristo envolve crise, é sempre São Pedro o porta-voz dos apóstolos, o primeiro a proclamar a fé da Igreja primitiva. Seu nome de família era Simão, filho de Jonas, mas Jesus, no primeiro encontro, mudou-lhe o nome para Pedro, pedra-rocha, e mais tarde dá a razão disso (Mt 16,13-20). Pedro era irmão de André, nascido em Betsaida, era pescador de profissão, casado e morava em Cafarnaum, quando Jesus o chamou ao apostolado. No Evangelho, ele aparece como homem de temperamento impulsivo, mas leal, expansivo, generoso e, sobretudo, muito apegado ao Mestre.

As Lágrmas de São Pedro – Guercino il (Giovanni Francesco Barbieri)

Jesus, aos poucos, o coloca em evidência entre os apóstolos, marcando-o como seu futuro vigário na Igreja. Em Cesaréia de Filipe, Jesus diz solenemente a Pedro: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus, e tudo o que ligares sobre a terra, será ligado também no céu, e tudo o que desligares na terra será desligado também no céu”. Nestas palavras Jesus anuncia, entre outras coisas, que Pedro é a rocha inabalável que serve de fundamento à Igreja, na mesma recebe o supremo poder, e a ele são entregues as chaves do Céu.

Depois da Ressurreição, na praia do lago de Genesaré, Jesus dirigiu-se novamente a Pedro, perguntando-lhe: “Simão, filho de Jonas, amas-me mais que estes?” Ele respondeu: “Sim, Senhor, sabeis que vos amo”. Jesus acrescentou: “Apascenta meus cordeiros”. Por três vezes Jesus fez esta pergunta e deu-lhe ordem de tomar conta de seu rebanho. Era a investidura oficial a Pedro de ser o Vigário de Cristo, Pastor Supremo no único rebanho do Mestre (Jo 21,1 5s).

Os primeiros dez capítulos dos Atos dos Apóstolos descrevem de modo especial a atuação marcante do apóstolo Pedro, que emerge como o grande líder, responsável pela comunidade cristã de Jerusalém. E ele que toma a iniciativa de integrar Matias ao Colégio dos Apóstolos, em lugar de Judas. E ele que faz o primeiro discurso no dia de Pentecostes, convertendo três mil pessoas. E ele que realiza o primeiro milagre, sarando o homem coxo. E ele que e preso como responsável pela nova religião que as autoridades judaicas queriam suprimir. Pedro naquela ocasião toma a defesa: “Temos que obedecer antes a Deus do que aos homens”. E Pedro que reprime a atitude falsa de Ananias e Safira. Pedro toma a iniciativa da eleição dos diáconos, para que atendam à administração material da comunidade cristã. E Pedro que oficialmente abre a porta da Igreja ao primeiro pagão, Cornélio e sua família, batizando-o em nome de Cristo. E Pedro que convoca o primeiro concílio dos apóstolos, tomando a palavra no conclave.

A tradição atesta que Pedro, saindo de Jerusalém, foi para Antioquia, dirigindo aquela Igreja por sete anos, depois rumou para Roma, onde ficou até a morte, que se deu aos 29 de junho de 67. Foi crucificado como o próprio Mestre, mas pediu que sua posição fosse de cabeça para baixo, como gesto de humildade. Há provas históricas irrefutáveis que seu corpo foi sepultado onde, atualmente, surge a maior igreja do mundo: a Basílica Vaticana.

Fonte:  Mundo Católico – Comentário à Liturgia Diária

Conversão de São Paulo

São Paulo

Paulo nasceu provavelmente nos primeiros anos da era cristã, em Tarso da Cilícia hoje ocupada pela Turquia. Embora judeu, a Paulo se atribui o título  de cidadão romano, talvez por privilégio anexo à cidade de Tarso. Usava um nome judeu, Saulo, e outro romano, Paulo, com o qual foi melhor conhecido. Aprendeu a língua grega que se falava em Tarso e a aramaica, usada na Palestina.

De Tarso foi para Jerusalém onde recebeu sólida formação nas Sagradas Escrituras e nos métodos da tradição dos rabinos. Ele se diz da tribo de Benjamim, pertencendo à seita fanática dos fariseus. Teve por mestre o célebre fariseu Gamaliel e tornou-se ele mesmo fervoroso e defensor da lei antiga e da tradição dos antepassados. Era fabricante de tendas.

Os Atos dos Apóstolos nos falam dele no fim do capítulo VII, por ocasião da morte do diácono Estevão, quando Paulo guardava as vestes dos que apedrejavam Estevão, concordando, portanto, com o crime. Depois do assassinato de Estevão, Paulo perseguiu com sanha os membros da comunidade cristã. Todo o capitulo IX dos Atos dos Apóstolos narra a milagrosa conversão de São Paulo. A caminho de Damasco, a para prender os cristãos, foi derrubado do cavalo e Jesus lhe falou: “Saulo, por que me persegues?” Conduzido cego à cidade de Damasco, Paulo foi levado para a casa do sacerdote Ananias que o preparou para o batismo. E uma narração empolgante, que prova a força de Cristo em dominar seu perseguidor. Depois do batismo, Paulo se dirigiu ao deserto da Arábia, onde ficou três anos, entregue à oração, penitência e onde o próprio Cristo se tornou seu preceptor.

De volta para Jerusalém, foi-lhe difícil achegar-se aos apóstolos que o temiam e não disfarçavam a desconfiança que lhes inspirava aquela conversão quase inacreditável. Apresentado aos apóstolos por ­Barnabé, iria assumir uma importantíssima missão no Cristianismo primitivo. A partir de Antioquia na Síria, inicialmente com Barnabé, Paulo realizou três grandes expedições missionárias que tiveram a duração de 25 anos.

Passou dois anos preso em Cesaréia, e de lá, por ter apelado ao ­tribunal de César, partiu para Roma, onde continuou preso, mas em relativa liberdade para receber os cristãos e dirigir sua palavra aos pagãos. Inocentado no processo que lhe armaram os judeus, viajou para a Espanha, visitou novamente suas comunidades no Oriente e, de volta a Roma, ano 67, foi preso sob o imperador Nero, condenado porque seguia uma religião ilegal. Foi morto por decapitação e não por crucificação, porque ele era cidadão romano.

Paulo, escrevendo aos Coríntios, deixou-nos um catálogo impressionante de seus trabalhos pela pregação do Evangelho: “Sofri muito pelos trabalhos, muito mais pelos cárceres, muitíssimo mais pelos açoites. Muitas vezes estive em perigo de morte; cinco vezes recebi dos judeus trinta e nove golpes de açoites. Três vezes fui batido com varas, fui apedrejado, três vezes naufraguei passando uma noite e um ido em alto-mar” (2Cor 11,20-26).

Famosa Pregação de São Paulo em Atenas – Grécia – O Deus Desconhecido

A descrição dos sofrimentos suportados por causa do Evangelho continua de forma comovente. O papel de Paulo na Igreja foi de transcendental relevo. Além de ter fundado as melhores comunidades cristãs no mundo helênico, que foram o esteio da expansão do Cristianismo na Ásia Menor, Paulo, em suas 14 cartas escritas às comunidades cristãs por ele fundadas, foi o grande teólogo que tentou elaborar uma síntese doutrinária do mistério de Cristo para todos os séculos de valor inestimável. Este gigante inatingível de apóstolo e santo dizia com humildade e fraqueza: “Pela graça de Deus, sou o que sou, mas a graça dele em mim não ficou estéril”.

[O SANTO DO DIA, Dom Servilio Conti, ©1997 Vozes]


FRANCISCO E CLARA

Festa dos Santos Pedro e Paulo.

Jesus pensou e quis uma só Igreja, não uma multipliciade de Igrejas independentes ou, pior, em luta umas contra as outras. «Minha», além de singular, é também um adjetivo possessivo. Jesus reconhece portanto a Igreja como «SUA»; disse «a minha Igreja» como um homem diria: «a minha esposa», ou «o meu corpo». Identifica-se com ela, não se envergonha dela.

Pregador do Papa: Festa dos Santos Pedro e Paulo.

Meditação do padre Raniero Cantalamessa

ROMA, sexta-feira, 27 de junho de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos o comentário do Pe. Raniero Cantalamessa, OFM Cap., pregador da Casa Pontifícia, sobre a liturgia do próximo domingo.

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29 de Junho: Festa dos Santos Pedro e Paulo

Atos 12, 1-11; 2 Timóteo 4, 6-8.17-18; Mateus 16, 13-19

Tu És Pedro !

O Evangelho de hoje é o Evangelho da entrega das chaves a Pedro. Sobre isso, a tradição católica sempre foi baseada em fundar a autoridade do Papa sobre toda a Igreja. Alguém poderia dizer: mas o que tem a ver o Papa com tudo isto? Eis a resposta da teologia católica. Se Pedro deve funcionar como «fundamento» e «rocha» da Igreja, continuando a existir a Igreja deve continuar a existir também o fundamento. É impensável que as prerrogativas quase solenes («a ti darei as chaves do reino dos céus») se referissem somente aos primeiros vinte ou trinta anos da vida da Igreja e que elas seriam cessadas com a morte do apóstolo. O papel de Pedro se prolonga portanto em seus sucessores.

Por todo o primeiro milênio, este ofício de Pedro foi reconhecido universalmente por todas as Igrejas, ainda que interpretado de forma diversa no Oriente e no Ocidente. Os problemas e as divisões nasceram com o milênio há pouco terminado. E hoje também nós, católicos, admitimos que não são nascidos todos por culpa dos outros, dos considerados «cismáticos»: antes os orientais, depois os protestantes. A primazia instituída por Cristo, como todas as coisas humanas, foi exercitada ora bem ora menos bem. Ao poder espiritual se mesclou, pouco a pouco, um poder político e terreno, e com isso os abusos. O próprio Papa João Paulo II, na carta sobre o ecumenismo, Ut unum sint, indicou a possibilidade de rever as formas concretas com as quais é exercida a primazia do Papa, de modo a tornar novamente possível em torno a isso a concórdia de todas as Igrejas. Como católicos, não podemos não desejar que se prossiga com sempre maior coragem e humildade sobre esta estrada da conversão e da reconciliação, de modo a incrementar a colegialidade desejada pelo Concílio.

Aquilo que não podemos desejar é que o próprio ministério de Pedro, como sinal e fator da unidade da Igreja, seja menor. Seria uma forma de nos privar de um dos dons mais preciosos que Cristo deu à sua Igreja, além de contradizer sua vontade precisa. Pensar que basta à Igreja ter a Bíblia e o Espírito Santo com o qual interpretá-la, para poder viver e difundir o Evangelho, é como dizer que bastaria aos fundadores dos Estados Unidos escrever a constituição americana e mostrar em si mesmos o espírito com o qual devia ser interpretada, sem prever algum governo para o país. Existiria ainda os Estados Unidos?

Uma coisa que podemos fazer já e todos para aplainar a estrada para a reconciliação entre as Igrejas é começar a reconciliar-nos com anossa Igreja. «Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja»: Jesus disse a «minha» Igreja, no singular, não as «minhas» Igrejas. Ele pensou e quis uma só Igreja, não uma multipliciade de Igrejas independentes ou, pior, em luta umas contra as outras. «Minha», além de singular, é também um adjetivo possessivo. Jesus reconhece portanto a Igreja como «sua»; disse «a minha Igreja» como um homem diria: «a minha esposa», ou «o meu corpo». Identifica-se com ela, não se envergonha dela. Sobre os lábios de Jesus a palavra «Igreja» não tem nenhum daqueles significados negativos que acrescentamos.

Isto é, naquela expressão de Cristo, um forte chamado a todos os crentes a reconciliarem-se com a Igreja. Renegar a Igreja é como renegar a própria mãe. «Não pode ter Deus por pai – dizia São Cipriano – quem não tem a Igreja por mãe». Seria um belo fruto da festa dos santos apóstolos Pedro e Paulo se começássemos a dizer também nós, da Igreja Católica à qual pertencemos: «aminhaIgreja!»

[Traduzido do italiano por José Caetano]

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ZP08062709 – 27-06-2008 

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FRANCISCO E CLARA