Nos ultimos anos a Espanha tem experimentado um desenvolvimento surpreendente, mas a evolução dos relacionamentos humanos nem sempre acompanham a arte externa e visível de uma civilização.
O texto abaixo foi escrito por um Brasileiro em terras Espanholas.
Saudades do Brasil ?
Quem não as teria ?
Mas o texto vai um pouco mais além. Expressa a opinião sinsera de quase todos aqueles que saem de nossa pátria buscando uma vida melhor mas perdem em amor, amizade e muito calor humano.
.
Desenvolvidos y desarrollados…?
Pe. Françoá Costa,
sacerdote do clero secular
da Diocese de Anápolis,
27/11/2008
Estou na Espanha desde o ano passado. Ao ver o nível de vida dos “espanhóis” (entre aspas porque há muito nacionalismo e alguns não gostam de ser chamados espanhóis), o inverno gélido e o verão ensolarado, a seriedade dos “espanhóis”. Ao observar também a serena alegria de alguns, a defesa – às vezes exagerada – de direitos (cada um quer ter o seu), o governo da Espanha, seus hospitais, os costumes “modernos” dos seus jovens, a discordância em quase todos os temas, etc. Como não pensar no meu país, o Brasil, que parece estar constantemente com os olhos postos nos chamados países “desenvolvidos” e procurando imitá-los?
Há muita coisa boa na Espanha: terra de grandes heróis, indomáveis conquistadores, um patrimônio artístico mais que considerável, uma plêiade de homens e mulheres no catálogo dos santos, gente de valor, entre outras coisas.
Há algum problema em imitar os países “desenvolvidos”? Nenhum. Em princípio, nenhum. O leitor deve ter observando que até agora não dispensei as aspas da palavra “desenvolvido” (desarrollado, em espanhol ou castelhano). A partir de agora peço dispensa delas. O que se entende quando dizemos que tal o qual país é desenvolvido? Talvez à primeira vista pensaríamos na técnica e nas várias possibilidades no campo da saúde e da educação. Pensando um pouco mais, não tardaríamos em dizer que um país desenvolvido também é aquele que deixa de lado determinados tabus “medievais”, pelo menos tendo como modelo de desenvolvidos países como Estados Unidos, França, Espanha etc.
Talvez alguém já ouviu falar que na Espanha já é possível que um homem se “case” com outro ou que uma mulher se case com outra, de que uma pessoa pode trocar de sexo se não gosta de ser homem (ou mulher). O governo socialista espanhol está com um plano para aumentar as possibilidades de uma mulher “interromper a gravidez” (= abortar). Talvez eu perderia tempo em dizer que os métodos anticoncepcionais, as experiências com células tronco (donde se matam vidas humanas!), e a blasfêmia, entre outras coisas, têm carta de liberdade neste ambiente.
O que é um país desenvolvido, então? O Brasil, através do seu governo quer desenvolver-se também. É justo! No entanto, gostaria de perguntar se queremos desenvolver-nos para cima, aumentando nossa capacidade de raciocínio, ou para baixo, aumentando a nossa cauda. Explico-me sem querer fazer nenhuma crítica à teoria da evolução, que me parece bastante razoável: dizem por aí que o homem veio do macaco, ou melhor, que entre o homem e os macacos há um elo comum. Será que queremos desenvolver-nos rumo ao homem de neanderthal? É preciso ter cuidado! Não aconteça que desenvolvamos novamente todas as forças “macacais” que levamos dentro, todos os instintos animais expostos e, ao mesmo tempo, cobertos apenas com os nossos próprios pêlos, “felizes”… como os macacos. Que pena seria se terminássemos num zoológico, mas… quem nos veria? Quem nos admiraria? Pelo menos um Deus ofendido vendo como conseguimos rebaixar a sua imagem em nós.
Conta-se de um filósofo que andava pelo mundo buscando um homem. Penso que o nosso filósofo encontraria vários na sociedade atual: na Espanha, no Brasil e em todas as partes. Não deixa de ser verdade que tais homens em alguns momentos não querem identificar-se, já que poderia dar a impressão de que mostrar os verdadeiros valores humanos seria antiquado nos tempos atuais, tratar-se-iam de costumes “medievais”. Deixando a parte o fato de que muitos nem conhecem os grandes valores dos medievais – seu sentido de honra, de lealdade, de justiça e de amor ao próximo -, é preciso dizer que esses valores tipicamente humanos não podem ser privilégios apenas do homo sapiens medieval.
Escrevi há algum tempo um artigo sobre a santa rebeldia no qual convocava os jovens para formarmos um “clube de rebeldes”, de pessoas que pensam livremente, que não sejam “Maria vai com as outras”, jovens de convicção: fortes, alegres e otimistas. A novidade do texto que o leitor tem diante dos olhos é que eu acho que agora necessitamos não só de jovens santamente rebeldes – que vivam a pureza, a cordura, o pudor, bem educados e cheios do amor de Deus -, mas necessitamos também de velhinhos e velhinhas santamente rebeldes. Necessitamos de senhoras e senhores que formem também seu clube de santa rebeldia, de deputados no Congresso Nacional que mande os pró-aborto “fritar batatinhas” (porque estamos com o saco cheio – desculpem! – desses senhores de terno e gravata empenhados em defender a morte do ser humano e, conseqüentemente, a desvalorização da imagem de Deus na pessoa humana), de políticos honrados e santamente rebeldes dispostos a defender o bem comum, os direitos do ser humano – sem esquecer seus deveres -, e os direitos de Deus. O Brasil é terra de Santa Cruz, do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora Aparecida, de pessoas agradáveis, que sabem sorrir, que sabem levar os problemas com simplicidade e, diria também, com elegância. Há alguns, no entanto, empenhados a que voltemos a comer seres humanos e a que façamos sacrifícios sanguinários à nossa covardia e ao nosso capricho. Chega!
Não terminei ainda! É necessário também sacerdotes que sejam santamente rebeldes, homens cheios de fé e do Espírito Santo, que não se envergonhem de “dar a cara” por Jesus Cristo e por sua Igreja Santa, que não tenham medo de ser “impopulares” porque anunciam sem tirar uma vírgula a doutrina santa de Jesus Cristo (na fé e na moral, também naqueles temas mais polêmicos), ainda que… custe a própria vida. Dizia um homem muito santo que devemos ser pessoas que não nos façamos chamar católicos quando ser católico está de moda (com palavras de Cristo: “fazer as boas obras em segredo”) e “dar a cara”, sair do anonimato, quando ser católico é difícil (com palavras de Cristo: “que vendo as vossas boas obras glorifiquem o Pai celeste”).
Nos tempos atuais a moda não é chamar-se católico, vale para o Brasil também; não está de moda ser fiel leigo, fiel religioso, fielfiéis a Deus no Congresso Nacional, outros fiéis na política dos partidos, outros fiéis nas empresas, outros fiéis na agricultura, outros fiéis no comércio, outros fiéis… a lista não acaba facilmente: que os cristãos estejam em todas as partes e que saiam de seu anonimato quando necessário. sacerdote. FIEL! É isso que o mundo precisa: uns quantos
Parece-me que o Brasil poderia ser desenvolvido marcando uma nova etapa no panorama internacional. Que pena que não queremos destacar-nos em nada! Que pena que sejamos uns meros imitadores de outros países! Que pena que há pessoas tão empenhadas, “religiosamente” empenhadas, em ir contra Deus, contra a Igreja, contra o ser humano! Você quer um Brasil desenvolvido? Eu também. A fé e a razão, a religião e a ciência, a oração e a ação, não precisam entrar em luta no cenário da nossa vida. Podem ir juntas, cada uma respeitando seu campo próprio e dando-se as mãos, sem exclusões. Não! Não estou defendendo a união política da Cruz e da espada, do Altar e do trono. No entanto, um desenvolvimento que pretenda colocar a Deus dentro das nossas igrejas e encarcerá-lo, sem permitir que ele “incomode” nas ruas e na vida pública, seria simplesmente inumano e uma ofensa ao Criador. Deus tem a primazia sobre o homem, a ética sobre a técnica e a estética, e a fé é mais preciosa que a vida. Finalmente, seremos verdadeiramente desenvolvidos, em todos os sentidos.
Deus abençoe a todos aqueles políticos que lutam pela vida. No entanto, é preciso trabalhar muito para que, como diz o meu irmão de presbitério, Pe. Luis Carlos Lodi, a maldição do aborto não entre no Brasil. Coragem!
Desenvolvidos y desarrollados… ¡muy bien!
Pe. Françoá Rodrigues Figueiredo Costa,
sacerdote do clero secular
da Diocese de Anápolis,
27/11/2008

Filed under: 5584, A Respeito do Bispo da Diocese de Anápolis., Agenda, Apresentação, Arrancando Máscaras, Concílio Vaticano II, Contra o Aborto, Diocese de Anápolis, Fidelidade à Liturgia de Sempre?, Fora da Igreja não há Salvação, Igreja Missionária, Jesus, Livro Católico, Mensagens, Parábolas e Reflexões, Presente prá você | Tagged: Aborto, Anticoncepcionais, Católicos, Células Tronco, Criacionismo, desarrollados, Desenvolvidos, Desenvolvimento, Direitos humanos, Elo perdido, Emergentes, Espanha, Evolucionismo, Nacionalismo, Paises Emergentes, Pe. Françoá Costa, Pe. Luis Carlos Lodi, Provida, Subdesenvolvido, Transexual | 1 Comment »